Uma das maiores conquistas dos trabalhadores no governo Lula foi sem dúvida a recriação da indústria naval no País. Sua base de sustentação sempre esteve vinculada à política de 60% de conteúdo nacional para aquisição de plataformas petrolíferas pela Petrobras.
Por Edmilson Valentim*
Hoje, o conjunto de estaleiros nacionais emprega mais de 80 mil brasileiros e se prepara, como disse a presidenta Dilma, para se tornar o maior produtor de plataforma continental do mundo. E o que ficamos sabendo agora? Depois de Marina dizer que a exploração do pré-sal não será prioridade, o seu programa de governo introduz justamente uma revisão das políticas de conteúdo local para as indústrias automotiva e de petróleo. E o que significa isto na prática? Que os estaleiros nacionais, que nós lutamos tanto para reerguer, não terão a menor chance de competir com os estrangeiros, caso se concretize tal proposta. Que as plataformas, sondas e outros equipamentos necessários à indústria do petróleo voltarão a ser comprados no exterior, como nos tempos do governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso.
Tempos em que até plataforma afundava. Como a P-36, construída na Itália e no Canadá, que custou ao Brasil quase 1 bilhão de reais e, muito pior, a vida de 11 companheiros trabalhadores.
Na prática, a proposta de governo de Marina nessa área é um mar de desemprego. Ou podemos chamar de crime lesa-pátria? E se alguém tem alguma dúvida sobre a procedência da informação, que fique claro que não se trata de uma informação vinda das esquerdas ou do governo. Trata-se, rigorosamente, de uma revelação feita a partir de um relatório do insuspeitíssimo Citibank, segundo maior banco dos Estados Unidos, publicado esta semana sobre o programa de Marina para o comércio exterior. Segundo o relatório, o programa de governo da candidata à Presidência da República pode trazer benefícios a bancos privados, mas pode ser negativo para algumas empresas do setor industrial. E o Citibank não é nada estranho à Marina.
Afinal, o seu homem de confiança nas finanças é o executivo Álvaro de Souza, ex-presidente do bancão norte-americano.
É de se perguntar: se os seus planos são bons para os bancos, onde entram os trabalhadores no seu governo, Marina?
*Edmilson Valentim, ex-deputado (PCdoB-RJ), foi presidente da Frente Parlamentar de Defesa da Indústria Marítima.
Via Portal Vermelho
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