Escrito por Luis Edmundo
O Cafezinho
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Quem é o empresário milionário que fez a reforma trabalhista
passar irretocada em comissão do Senado.
Por Helena Borges
Do Intercept.
UM REPRESENTANTE PATRONAL: empresário dono de companhias em
diferentes áreas, com um patrimônio estimado em aproximadamente R$400 milhões,
acionista com investimentos em diversos bancos dentro e fora do país. O senador
Tasso Jereissati (PSDB-CE) é o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos
(CAE), onde foi concluída ontem a primeira fase de discussões e análises da
Reforma Trabalhista no Senado. Sob seu comando, a Comissão levou as discussões
a toque de caixa, a leitura de relatórios foi cortada e todas as possíveis
emendas ao projeto de lei foram vetadas. Agora, ele se volta para o plenário,
para onde retornará também a proposta da reforma, após passar pelas comissões
de Assuntos Sociais (CAS) e de Constituição e Justiça (CCJ). Entender quem é
Jereissati é entender as possibilidades que o futuro da reforma reserva aos
direitos dos trabalhadores brasileiros.
O sobrenome incomum é de origem sírio-libanesa e se tornou
sinônimo de riqueza, sendo homônimo da holding familiar. Tasso nasceu em
dezembro de 1948 em Fortaleza e foi para o Rio de Janeiro estudar administração
na Fundação Getúlio Vargas, berço da escola neoliberal no Brasil. Depois de
formado, voltou para Fortaleza, onde presidiu o Centro Industrial do Ceará
(CIC) no início da década de 80. O Centro funcionava como pólo de convergência
de industriais e empreendedores, onde eram organizados fóruns de debates das
questões econômicas, sociais e políticas da região e do país.
Foi no CIC que surgiu o convite do então governador do
Ceará, Gonzaga Mota, para entrar na política, em 1985. Inicialmente vinculado
ao PMDB, pouco após a criação do PSDB, em 88, ele migrou para o partido que
hoje preside pela terceira vez. Junto a ele, filiou-se também Ciro Gomes, seu
colega desde o início na política, que após anos afastado agora se reaproxima e
inclusive defende o nome de Jereissati para possíveis eleições indiretas.
Os interesses das elites produtivas continuam sendo
defendidos por ele até hoje, principalmente na Comissão do Senado que preside,
que tem entre suas missões emitir pareceres sobre a política econômica
nacional, tributos, e até mesmo a escolha de membros importantes da equipe
econômica do governo, como os Ministros do Tribunal de Contas da União, o
presidente e os diretores do Banco Central.
Tucanato
Jereissati é da velha-guarda do PSDB. Um nome mais discreto
que os de Fernando Henrique Cardoso e José Serra, mas não necessariamente menos
poderoso. Apesar de ter sido cotado inúmeras vezes para a candidatura à
Presidência do país, se limitou a presidir o partido e a operar nos bastidores.
Eleito presidente do PSDB pela primeira vez em 1991, cargo
que manteve até 1993, convidou para sua equipe a economista (e agora também
advogada) Elena Landau. Após a eleição de Fernando Henrique Cardoso em 1994, na
qual Jereissati trabalhou arduamente, Landau se tornou diretora de
Desestatização do BNDES. Ela comandou as privatizações federais no governo
Fernando Henrique Cardoso de 1993 a 1996.
Em 2011, após uma “frustração” da economista com a política
— “ficava frustrada a cada eleição quando as privatizações não eram
defendidas”, afirmou ela em entrevista ao jornal Valor Econômico —, Jereissati
a procurou novamente para que eles realizassem o retorno de nomes ligados à
equipe de FHC e do Plano Real após três derrotas consecutivas em eleições
presidenciais (2002, 2006 e 2010). Tasso pode não ser o nome que encabeça as
chapas de eleição do PSDB, mas é ele quem faz a ponte com o mercado financeiro
para recrutar a equipe econômica.
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