Partido deve ganhar mais espaço no governo em troca de apoio
à reeleição do governador
A derrota do senador Roberto Requião para a chapa encabeçada
pelo deputado federal Osmar Serraglio, na convenção que definiu o novo comando
do PMDB do Paraná dá força à ala do partido que defende o apoio da legenda à
reeleição do atual governador Beto Richa em 2014. E o primeiro fruto dessa nova
relação entre os peemedebistas e o tucano deve vir na reforma primeiro escalão
do governo do Estado, quando Richa deve ampliar o espaço do partido em seu
secretariado visando atrair de vez o PMDB para seu palanque daqui a dois anos.
Requião disputava a presidência do diretório peemedebista
com a esperança de emplacar uma nova candidatura ao governo em 2014. Mas foi
derrotado por 289 votos a 220, na convenção de sábado, pela chapa formada pela
bancada do PMDB na Assembleia Legislativa, que já integra a base do governo
Richa. Com isso, o próprio Requião admitiu que o plano de candidatar-se ao
governo pelo PMDB fica prejudicado. “A convenção do PMDB do Paraná foi uma
prévia para 2014 vencida pelo Beto Richa”, comentou pelo twitter após a
derrota.
Não por acaso, com exceção da presidência, conquistada por
Serraglio, os principais cargos da nova Executiva estadual do partido ficaram
nas mãos dos deputados estaduais: Nereu Moura (1º vice-presidente), Luiz
Claudio Romanelli (2º vice), Stephanes Jr. (3º vice), Jonas Guimarães
(tesoureiro), Luiz Eduardo Cheida (2º tesoureiro), Waldyr Pugliesi (2º vogal),
Caíto Quintana (4º vogal), Ademir Bier (1º suplente), Alexandre Curi (2º
suplente). Ou de adversários de Requião dentro do partido, como o ex-governador
Orlando Pessuti (secretário geral), o senador Sérgio Souza (1º vogal), e o
ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (3º vogal).
Apesar de negar ter interferido na disputa do PMDB, o governador
atuou pessoalmente para fortalecer a ala governista do partido. Há duas
semanas, chegou a reunir-se com os deputados e prefeitos eleitos da legenda, em
encontro que provocou a fúria de Requião. Na ocasião, informado pelos deputados
do PMDB de que parlamentares de outros partidos da base governista estariam
assediando os prefeitos do partido, se comprometeu a atender as reivindicações
dos municípios governados pela legenda, sem discriminação.
Richa também adiou a
reforma do secretariado para janeiro, como forma de aguardar o resultado da
convenção peemedebista. E teria prometido ampliar o espaço do partido no
primeiro escalão. Não por acaso, um dos deputados do PMDB que mais trabalharam
pela derrota de Requião foi Luiz Cláudio Romanelli, secretário de Estado do
Trabalho que se licenciou do cargo especialmente para se dedicar às
articulações visando a vitória na convenção.
Segundo fontes da bancada, Richa teria prometido duas
secretarias para parlamentares do PMDB, em caso de vitória na disputa pelo diretório
estadual: Meio Ambiente e Administração. Os deputados, porém, reivindicam as
secretarias da Casa Civil e da Agricultura.
A vitória da chapa controlada pelos deputados estaduais na
convenção é decisiva para definir os rumos do PMDB em 2014. Isso porque será
esse diretório eleito no final de semana que vai coordenar as negociações sobre
alianças e candidaturas daqui a dois anos.
Convivência pacífica - Por enquanto, o discurso oficial é de
que não está descartada a candidatura própria ao governo, mesmo a de Requião.
“Nós somos muito fortes e esta força nossa é realmente independente da não
divisão. E esta é a primeira meta nossa, aparar as arestas. É esta reflexão que
precisamos fazer dentro do PMDB”, disse Serraglio após a vitória.
O deputado disse ainda é muito cedo para definir a
participação do partido para as eleições de 2014. Serraglio prega uma
“convivência e parceria pacífica” tanto com o governo Beto Richa como com o
governo Dilma Rousseff. “Isto não impede que quem seja pretenso candidato desde
logo comece a construir internamente o seu nome para que venha ser sagrado,
vencedor, na convenção”, afirmou.
Serraglio disse que não haverá nenhum restrição a Requião.
“Ao contrário, a candidatura do Requião historicamente é um líder nosso (não
está descartada), mas também temos pretensões, como por exemplo, do nosso
amigo, do ex-governador Orlando Pessuti, que todos percebemos que nesta
caminhada ele se tornou também um vitorioso e que precisa ser valorizado”,
lembrou.
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