Segundo a presidente da ABL, a escritora Ana Maria Machado,
Ivo era "um poeta e ficcionista versátil, de obra variada que abarcava
vários gêneros"
O poeta alagoano Lêdo Ivo morreu na madrugada deste domingo
(23), aos 88 anos, vítima de um enfarto, na cidade de Sevilha, na Espanha, onde
o escritor se encontrava para passar o Natal, informaram seus familiares.
O poeta, jornalista, romancista e ensaísta, nascido em
Maceió em 1924, sentiu-se mal enquanto comia em um restaurante e decidiu
retornar ao seu hotel, onde recebeu atendimento médico.
O literato, que estava acompanhado de seu filho, o artista
plástico Gonçalo Ivo, morreu antes de ser levado ao hospital.
"Estava na cidade espanhola de férias, onde ia passar o
Natal com alguns familiares e retornaria na próxima semana a Maceió para
cumprir seus compromissos de trabalho", disse.
O poeta, que era membro da Academia Brasileira de Letras
(ABL), será provavelmente cremado na Espanha e suas cinzas trazidas para o
Brasil.
"Em relação às homenagens, familiares e amigos estão se
mobilizando para fazer uma missa no Rio de Janeiro e em Maceió",
acrescentou a sobrinha de Lêdo Ivo.
Após saber da notícia, a presidente da ABL, Ana Maria
Machado, disse que Lêdo Ivo era um dos membros "mais ativos" da
instituição. Para a escritora, o alagoense era um poeta "versátil",
com capacidade para a ficção e possuidor de uma "vitalidade
espantosa".
A presidente disse que em 10 de janeiro será realizada uma
sessão extraordinária na ABL, realizada a portas fechadas, na qual seus membros
lembrarão Lêdo Ivo.
Autor de "Ninho de Cobras" e "A Noite
Misteriosa", o escritor já foi traduzido para diversos idiomas. Lêdo Ivo
deixa três filhos.
Cinzas
As cinzas do acadêmico Lêdo Ivo, que morreu na madrugada
deste domingo (23) aos 88 anos, em Sevilha, na Espanha, serão trasladadas para
o Rio de Janeiro nos primeiros dias do ano que vem (não há ainda uma data
fixada), logo após a cremação de seu corpo, que será feita na Europa. Ivo
estava na cidade espanhola para passar o Natal com a família.
Suas cinzas serão sepultadas no Mausoléu da Academia
Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista, zona sul do Rio. Membro da
ABL (Academia Brasileira de Letras), o alagoano escreveu obras como "A
Cidade e os Dias".
Segundo a assessoria de imprensa da ABL, Ivo passou mal
durante a viagem e morreu às 2h (horário de Brasília), vítima de infarto. No
momento, o escritor estava acompanhado do filho, o artista plástico Gonçalo
Ivo, que vive em Paris e o acompanhava na visita a Sevilha.
Ivo era imortal da ABL desde 1986. O escritor nasceu em
1924, em Maceió (AL). Foi casado com Maria Lêda Sarmento de Medeiros Ivo, que
morreu em 2004 e tem três filhos: Patrícia, Maria da Graça e Gonçalo.
Ivo fez os cursos primário e secundário em Maceió. Em 1940,
mudou-se para o Recife. Em 1943, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde se
formou na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (atual
Universidade Federal do Rio de Janeiro) em 1949. Ivo, porém, nunca advogou.
Durante o curso, o escritor passou a trabalhar como
jornalista e a colaborar em suplementos literários de periódicos cariocas. Em
1944, estreou na literatura com "As Imaginações" (poesia). No ano
seguinte, publicou "Ode e Elegia", que ganhou o Prêmio Olavo Bilac,
da Academia Brasileira de Letras.
Nos anos seguintes sua obra ganhou corpo, o autor publicou
diversos livros de poesia, romance, conto, crônica e ensaios. Em 1947, seu
romance de estreia "As Alianças" recebeu o Prêmio de Romance da
Fundação Graça Aranha.
Em 1953, Ivo foi morar em Paris. No fim de 1954, retornou ao
Brasil, reiniciando suas atividades literárias e jornalísticas. Em 1957, seu
livro de crônicas "A Cidade e os Dias" (1957) recebeu o Prêmio Carlos
de Laet, da Academia Brasileira de Letras.
Além de "A Cidade e os Dias", entre suas obras
mais famosas estão "Curral de peixe", "Plenilúnio",
"Ninho de Cobras", "Confissões de um Poeta" e o infantil
"A história da tartaruga".
Ivo foi eleito "Intelectual do Ano de 1990",
recebendo o Troféu Juca Pato do seu antecessor desse homenagem, o atual cardeal
emérito de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns. Segundo a presidente da ABL, a
escritora Ana Maria Machado, Ivo era "um poeta e ficcionista versátil, de
obra variada que abarcava vários gêneros".
"Lêdo Ivo gozava de uma vitalidade assombrosa para seus
quase noventa anos e sua saúde frágil. Falava alto, gostava de comer bem, se
esmerava em contar histórias divertidas. Nos últimos tempos, essa disposição
estava sendo comprovada o tempo todo, nas suas sucessivas viagens que se
multiplicavam, fossem para participar de festivais internacionais de poesia,
fossem para receber homenagens no exterior, sobretudo nos países de língua
hispânica", disse.
Via Gazeta do Povo
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