Foto: Thiago Maia |
Eu fui um garoto muito pobre, Papai Noel. Muito mesmo. E você nunca passou no casebre em que morava com meus pais e irmãos para deixar um presente no Natal. Via outros garotos com um monte deles e eu e meus irmãos sem nada. E meus amiguinhos de miséria também. Por que, Noel, pode me explicar? Eu não entendia... Hoje sei os motivos, mas continuo sem entender.
Logo no aniversário de Jesus Cristo, que viveu na pobreza e pregava a humildade, a bondade, a caridade, o amor ao próximo, por quê? Eu chorei muito, tinha muita vontade ganhar uma bola de couro para jogar futebol com meus amigos, mas o senhor sempre nos ignorou. Hoje posso comprar. Estudei muito, passei muitas privações, mas venci. Comprei várias, Papai Noel, não de couro, que não existem mais, mas dessas modernas.
Ontem, passei em um bairro pobre e vi crianças (entre oito e dez anos) jogando uma pelada com uma bola toda remendada. Parei o carro, peguei uma das bolas e dei para as crianças. Foi uma linda e emocionante algazarra... Uns me abraçaram. Outros me beijaram... Quando eu ia saindo, olhos umedecidos, uma delas me perguntou:
- Quem é você?
- Sou Papai Noel- respondi.
- Não é nada, você não tem barba! - exclamou.
- Mas tenho coração! Dei-lhe mais um abraço, um beijo e fui-me.
Abraço, Papai Noel. De um homem que não deixou a criança morrer dentro dele, apesar de nunca ter ganho um presente de Natal.
Via TERRA BRASILIS -
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