O presidente cubano, Raúl Castro, se pronunciou nesta
quarta-feira (17) em rede nacional para anunciar mudanças históricas nas
relações diplomáticas entre a ilha caribenha e os Estados Unidos. Desde 1962, o
governo norte-americano mantém um bloqueio econômico, comercial e financeiro a
Cuba. Ao mesmo tempo, Barack Obama declarou publicamente que irá começar “um
novo capítulo na relação com Cuba”.
Presidente Barack Obama e Raúl Castro se cumprimentam durante cerimônia de despedida de Nelson Mandela. |
Segundo o chefe de Estado cubano, ele e Obama sustentaram
uma “conversa telefônica do mais alto nível" na última terça-feira (16):
"Concordamos com a retomada das relações diplomáticas, mas isso não
significa que o principal foi resolvido, o bloqueio que causa tantos danos deve
cessar", afirmou Raúl Castro.
O cerco tornou-se um problema da atual administração
estadunidense e acabou recebendo duras críticas por resultar no isolamento dos
EUA. O bloqueio foi amplamente rechaçado durante todo o ano de 2014, não só no
âmbito da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), mas também
nos grupos regionais de organização mundial. Até mesmo o New York Times, um dos
maiores veículos de comunicação do país, dedicou seis editoriais sugerindo a
suspensão das políticas de austeridade e aconselhando o governo norte-americano
a promover a “aproximação diplomática” com Cuba.
Em sua alocução, Raúl Castro afirmou que os países devem
“aprender a arte de conviver com nossas diferenças”. Para isso, o chefe de
Estado cubano propôs que sejam tomadas "medidas mútuas para melhorar o
clima bilateral e avançar à normalização das relações entre os nossos
países".
Obama, por sua vez, disse que "não podemos continuar
fazendo a mesma coisa sempre e esperar o mesmo resultado. Não podemos permitir
que sanções aumentem o peso sobre cidadãos cubanos que queremos ajudar". O
presidente norte-americano prometeu ainda que irá “discutir com o Congresso a
possibilidade de levantar o embargo".
O emblemático gesto de aproximação
As autoridades cubanas anunciaram a libertação do
prisioneiro americano Alan Gross, que cumpriu 5 de uma pena de 15 anos de
prisão por "ameaças à segurança de Estado". Cuba expressou em
diversas oportunidades sua disposição de discutir o caso de Gross em um
contexto que incluísse a situação de três agentes antiterroristas cubanos (que
formam parte do grupo conhecido como “Cinco Cubanos”) que cumpriam pesadas
sentenças de prisão nos Estados Unidos. Por fim, nesta quarta-feira (17), as
partes chegaram a um acordo que permitiu a troca de seus respectivos cidadãos.
O presidente de Cuba informou a chegada de Ramón Labañino,
Gerardo Hernández e Antonio Guerrero. Ele recordou a promessa feita em 2001
pelo comandante da Revolução Cubana, Fidel Castro, ao afirmar que os patriotas
voltariam à ilha ("Volverán").
Raúl Castro afirmou que a decisão de Obama de libertar os
três antiterroristas merece respeito e reconhecimento do povo cubano.
“Decidiram libertar os cidadãos de origem cubana e, por razões humanitárias,
libertamos também o cidadão americano Alan Gross”, afirmou.
Théa Rodrigues, da redação do Portal Vermelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário