Ministra da Itália Cécile Kyenge foi insultada pelos seus oponentes. / T. G. (REUTERS) |
Itália
Os italianos ficaram escandalizados no ano passado com a
perseguição racista e machista que sofreu a ministra de Integração, Cécile
Kyenge, por parte dos seus colegas políticos, que a chamaram de “zulu” a
“macaco congolês”.
Para citar apenas um exemplo, o eurodeputado pelo xenófobo
Liga Norte Mario Borghezio, que afirmou publicamente que ela estaria melhor de
criada. Borghezio foi suspenso do grupo Europa da Liberdade e da Democracia no
parlamento europeu. A expulsão foi liderada pelos colegas britânicos que
consideraram a declaração “vergonhosa e raivosa”.
Semanas depois, alheia à polêmica do sócio de partido, uma
conselheira municipal, Dolores Valandro, perguntou em caixa alta no seu
Facebook: “Mas não tem ninguém que a estupre?”.
Desta vez, o partido de Valandro, conhecido pela perseguição
política a imigrantes, considerou “inqualificável” a declaração, e a política
acabou se desculpando após apagar a bomba da rede social: “Não sou má. Foi
apenas uma piada. Às vezes desabafo assim. Peço perdão, eu não sou violenta”.
França
Em outubro de 2013, Anne-Sophie Leclere, candidata pelo
ultradireitista Frente Nacional (FN) às eleições municipais da pequena
localidade de Rethel, na província de Ardennes, publicou na sua página de
Facebook uma fotomontagem em que comparava a então ministra da Justiça,
Christiane Taubira, que é negra, com um macaco. E completava: “Eu prefiro vê-la
em uma árvore que no Governo”. Uma reportagem divulgou o conteúdo da página
(cuja proprietária não retificou) promovendo um escândalo midiático que
indignou a França. “Não é mais que um assunto tratado com humor”, justificou.
Mas seu partido, comandado por Marie Le Pen e que lidera
algumas pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais, a
expulsou das suas filas e da lista municipal para a prefeitura. E não ficou por
aí. O partido da ministra Taubirá denunciou a aspirante a prefeita nos
tribunais e, em julho deste ano, ela foi condenada a nove meses de prisão e a
uma multa de 50.000 euros (171.500 reais) a ser paga junto ao seu partido. A
sentença se baseou em uma lei francesa de 1881 que castiga as declarações
racistas.
Espanha
A cidade de Valladolid, no noroeste da Espanha, tem um
prefeito que embaraça o conservador Partido Popular várias vezes por
legislatura. Francisco Javier León de la Riva estreou na polêmica em 2007 ao
falar que toda vez que via o “biquinho” da ex-ministra de Saúde Leire Pajín
pensava “a mesma coisa”. Ele não especificou que "coisa", mas deu a
entender que era de conteúdo sexual. O prefeito, que comanda sua cidade desde
1995, se desculpou pelo "excesso verbal”, mas protagonizou mais tarde
outros escândalos ainda mais polêmicos. O alvo favorito foi sua oponente nas
municipais Soraya Rodríguez. “Qualquer dia alguém vai dizer que a estuprei, mas
na verdade teria que ter...”, disse insinuando que não dava nem vontade de
abusar da adversária.
A última pérola chegou a ser trending topic mundial no
Twitter. Diante das recomendações do Ministério do Interior para evitar
agressões sexuais, o prefeito afirmou que estava com medo de entrar com uma
mulher no elevador: “Se ela quiser me meter em uma cilada, arranca o sutiã, a
saia e sai dando gritos, dizendo que você tentou agredi-la”. Mais uma vez, o
sexagenário se desculpou, disse que foi mal-interpretado e prometeu “maior
continência verbal” no futuro. E assim tudo deu em nada.
Alemanha
Em outro patamar, os parlamentares alemães também cometem
seus excessos. Há menos de um mês, o líder parlamentar dos democratas-cristãos,
Volker Kauder, chamou de “chorona” a ministra da Família, a social-democrata
Manuela Schwesig, pouco antes de ser aprovada uma cota feminina de 30% nos
conselhos das grandes empresas. A premiê Angela Merkel foi quem pediu
desculpas, pessoalmente, pelas declarações do correligionário.
No Maria da Penha Neles.
No Maria da Penha Neles.
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