Além dos prejuízos que causará aos cofres da Petrobrás, a
privatização das refinarias da estatal coloca em risco a soberania energética
nacional e aumentará ainda mais os preços dos combustíveis, ao criar monopólios
regionais privados. “As multinacionais estão há tempos de olho no nosso mercado
de derivados de petróleo, que é um dos maiores do mundo”, denunciou em nota a
Federação Nacional dos Petroleiros (FUP).
A entidade diz que em menos de três meses após colocar à venda as refinarias do Paraná (Repar), do Rio Grande do Sul (Refap), da Bahia (Rlam) e de Pernambuco (Abreu e Lima), a gestão bolsonariana da Petrobrás anunciou nesta sexta-feira, 13, o início do processo de privatização de mais quatro unidades de refino: a Refinaria Gabriel Passos (Regap/MG), a Refinaria Isaac Sabbá (Reman/AM), a Fábrica de Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor/CE) e a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX/PR).
As oito refinarias que estão à venda têm capacidade para
processar mais de 1 milhão de barris de petróleo por dia. Isto representa
metade da atual capacidade de refino do Brasil. Quem comprar levará junto 2.226
quilômetros de dutos e 13 terminais.
“Ao abrir mão de metade do parque de refino da Petrobrás e
da distribuição, a gestão Castello Branco desmonta a integração do sistema,
deixando o caminho livre para a completa privatização da empresa. Tanto ele,
quanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, pretendem realizar este sonho até
o final do governo Bolsonaro”, diz um trecho da nota.
“A Petrobrás já está sendo gerida como uma empresa privada
desde 2016. Por isso, começou a praticar uma política de preços de derivados em
sintonia com o mercado internacional. Quem comprar as nossas refinarias não vai
vender derivados aqui no Brasil com preços abaixo do mercado internacional”,
alerta o coordenador da FUP, José Maria, lembrando que no final de 2013, o
preço médio do litro da gasolina era de R$ 2,98. Hoje, está acima de R$ 5,00.
Desmonte acelerado
Desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) liberou em junho
a privataria das estatais, a gestão bolsonariana na Petrobrás já se desfez da
Transportadora Associada de Gás (TAG) e da BR Distribuidora e colocou à venda
diversos outros ativos estratégicos.
Junto com as refinarias, terminais e oleodutos, também estão
sendo privatizados mais de 70 campos de petróleo de bacias marítimas e de polos
terrestres do Nordeste e Sudeste do país.
Plantas de fertilizantes, como a Araucária Nitrogenados (PR)
e a UFN-III (MS), a subsidiária Liquigás, usinas de biocombustíveis de Candeias
(BA) e Montes Claros (MG) e a Termelétrica do Amazonas completam a lista de
ativos que estão sendo negociados por Castello Branco e sua turma.
Privataria começou com Temer
A liquidação da Petrobrás teve início no governo Temer, no
rastro do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. Pedro Parente e Ivan
Monteiro privatizaram a Nova Transportadora do Sudeste (NTS), a Petroquímica
Suape (PE), a Usina de Biocombustível Belém Bioenergia Brasil (AM), a Usina de
Biocombustível Guarani (7 plantas em SP e 1 na África), as Termelétricas Celso
Furtado e Rômulo Almeida (BA), sem contar os ativos vendidos fora do país.
A gestão Parente também abriu mão de participações em
gigantescos campos do pré-sal - Carcará, Tartaruga Verde, Iara e Lapa - e
vendeu 34 campos terrestres, 10 concessões nas Bacias de Campos e Santos, além
de 7 sondas de perfuração.
Povo na rua
Como a FUP vem alertando desde o golpe de 2016, cabe aos
trabalhadores e à sociedade civil organizada defender o patrimônio público e a
soberania nacional. Pesquisa recente do Datafolha comprovou que pelo menos 67%
dos brasileiros são contra a privatização da Petrobrás.
É com o envolvimento da sociedade, portanto, que a defesa da
soberania nacional avançará. A FUP e seus sindicatos estão participando de
diversos fóruns e frentes de luta por todo o país. Ao longo de setembro e
outubro, vários atos e mobilizações serão realizados.
“Precisamos estar nas ruas, nos parlamentos, nos municípios,
fazendo a disputa sobre a importância da Petrobrás, da Eletrobrás, dos
Correios, dos bancos públicos. Essas empresas são fundamentais para o
desenvolvimento nacional e a geração de emprego e renda no país. Só com o envolvimento
da sociedade e a participação do povo nas ruas, conseguiremos impedir que o
governo Bolsonaro destrua o que ainda resta do nosso país”, afirma José Maria
Rangel.
Da redação com informações da FUP
Via - Portal Vermelho
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