Categoria luta por manutenção de direitos, por reajuste
salarial e contra o projeto de privatização da estatal.
Mais de cinco mil trabalhadores participaram da assembleia
que aprovou a greve em São Paulo / Sintecet.
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Juca Guimarães
Os trabalhadores dos Correios, organizados em 36 sindicatos
e duas federações, aprovaram na noite de terça-feira (10) greve por tempo
indeterminado que pretende alcançar todo o país. A paralisação começou mais
forte em São Paulo e no Rio de Janeiro. Segundo os sindicatos, cerca de 7 mil
trabalhadores participaram das assembleias nestas duas capitais.
Antes de cruzar os braços, os sindicatos fizeram dez
reuniões com a empresa. Porém, a estatal abandonou a negociação sem fechar o
acordo coletivo, que estava sendo mediado pelo Tribunal Superior do Trabalho
(TST).
A tensão entre trabalhadores e Correios envolve várias
retiradas de direitos, como a exclusão dos pais dos empregados do plano de
saúde. A proposta de reajuste oferecida pela estatal foi de 0,8%, bem abaixo da
inflação no período. que ultrapassou os 3%.
“A empresa abandonou as negociações e não deixou
alternativas além da greve, que começou forte em São Paulo e no Rio de Janeiro.
A tendência é ampliar”, disse Douglas Melo diretor da FINDECT e do Sindicato
dos trabalhadores dos correios de SP.
Os Correios, segundo os sindicalistas, querem a retirada de
45 cláusulas do acordo coletivo em vigor. Nas contas da federação, isso
significaria uma redução acumulada de até R$ 5 mil por ano na renda dos
trabalhadores.
Os Correios informaram, em nota para o Brasil de Fato, que é
"insustentável" a proposta dos trabalhadores considerando o
"projeto de reequilíbrio financeiro da empresa" que teve, segundo a
estatal, prejuízo acumulado de R$ 3 bilhões. No entanto, os dados divulgados
pelo ex-presidente dos Correios, o general Juarez Cunha, demitido em junho,
depois de se posicionar contra a privatização dão conta de um resultado
financeiro positiva no balanço da estatal. Em 2018, a arrecadação somou R$ 19,69 bilhões e as
despesas somaram R$ 19,53 bilhões, gerando um saldo de R$ 161 milhões. .
Os trabalhadores querem também o fim do projeto de
privatização da empresa. Para os sindicalistas, a privatização acabaria com a
integração nacional promovida pelos Correios, que atende todas as cidades do
país. Na lógica empresarial, só haveria interesse em manter as operações nas
324 cidades que dão lucro.
De acordo com os sindicalistas, cerca de 50% da categoria
aderiu à greve. No Rio de Janeiro, mais de três mil trabalhadores estão
participando dos piquetes desde às 4h da manhã.
“O movimento tá muito forte. A nossa maior reivindicação,
por incrível que pareça, é manter os direitos conquistados e que a empresa quer
retirar”, disse Pedro Silva, do sindicato do Rio de Janeiro.
Os Correios propõem a retirada de benefícios históricos como
o tíquete refeição no 13º e nas férias, além de redução do adicional noturno de
60% para 20%.
A próxima assembleia deve acontecer no dia 17 de setembro.
Edição: João Paulo Soares
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