O Brasil não é um país quebrado, o Brasil é um país que
sofre, cronicamente, o mal de ser um país sem projetos.
No TIJOLAÇO
Como é que se pode dizer que está “quebrado” um país que tem
a 6a. maior reserva cambial do mundo? Que tem um confortabilíssimo saldo
comercial na sua corrente de comércio exterior? Que tem um parque industrial
com 30% de ociosidade, pronto a trabalhar sem a necessidade de novos
investimentos expressivos? Que está montado num mar de petróleo e tem a
tecnologia – talvez não o capital, é certo – para explorá-lo em prazo reduzido.
Temos mão de obra ociosa aos montes que, empregada,
produziria aumento da renda (e do consumo) sem grande pressão sobre custos e
sobre a inflação. Isso, do lado humano.
Do lado físico, há cerca de 14 mil obras financiadas com
recursos do Governo Federal que estão paradas ou se arrastando e muitas delas
deteriorando-se. De novo, com investimento relativamente baixo se pode
potencializar recursos que, hoje, estão deteriorando-se na chuva, no sol e no
abandono.
Um plano consistente e focado de retomada tem toda a base
material para funcionar, sem abalar nosso volume de reservas ou realizar
endividamento irresponsável.
Mas a única política econômica com a qual se acena para o
Brasil é a de liquidar seu patrimônio, em lugar de pô-lo a trabalhar.
Para “justificar” este criminoso objetivo é preciso criar o
terror da falência, como para “justificar” a reforma da previdência foi preciso
chantagear aposentados dizendo que eles parariam de receber seus proventos,
para que concordassem em sacrificar filhos e netos pelas suas próprias
sobrevivências.
Paulo Guedes anuncia agora a intenção, que estaria aprovada
por Bolsonaro – de vender todas as empresas estatais. O dinheiro, claro, vai
ser consumido na voragem do déficit e da dívida, embora déficit público e
dívida não sejam obstáculos ao crescimento econômico no nosso “modelo” nos
Estados Unidos que tem a um e à outra imensamente maiores que o Brasil, mesmo
levando em conta a proporção com o PIB norte-americano.
Nenhum país – exceto os de economia “mixuruca” e sem
potencial de crescimento – adotou uma política de cortes irracionais e foi bem
sucedido em recuperação econômica.
Pior, diante da escassez de recursos para investir, Guedes
fala em pulverizar entre estados e municípios o pouco que há para investir.
Perde-se, portanto, grande parte dos filtros que poderiam assegurar relevância
econômica para o país.
É a nossa “sofisticada” política a economia: venda-se tudo,
dê-se uma parte da venda para cada agente político (deputados, senadores,
prefeitos e governadores) e que cada um faça o que quiser. Não que um ou outro
vá gatar bem os recursos, mas não precisa ser um gênio para saber que a grande
maioria será malbaratada.
A classe dirigente brasileira, herdeira perdulária dos que
construíram este país, agradece e vai viver de Bolsa de Valores.
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