Peru
O ex-presidente peruano Alberto Fujimori, preso por
corrupção e violações de direitos humanos, está mal de saúde por causa de um
câncer oral e pedirá perdão humanitário ao presidente Ollanta Humala, disse sua
filha nesta sexta-feira.
O perdão humanitário, que pode ser concedido após diversos
exames médicos e judiciais, permitiria que Humala obtivesse apoio parlamentar
do partido direitista de Fujimori, solidificando a margem de manobra do
governista Gana Perú.
Mas o perdão irritaria muitos peruanos de esquerda, que
passaram anos tentando derrubar Fujimori e, depois da sua renúncia, lutando
para colocá-lo na cadeia. Eles se lembram de Humala como um jovem oficial do
Exército que se contrapunha ao autoritário presidente e exigia publicamente sua
renúncia.
Alguns céticos dizem que o perdão pode ter abrangentes
implicações políticas, inclusive levando o Congresso a aprovar uma reforma
constitucional que permita à ambiciosa primeira-dama Nadine Herrera disputar a
presidência em 2016, quando Humala não pode concorrer à reeleição.
Fujimori foi presidente entre 1990 e 2000, quando se
refugiou no Japão. Em 2007, ele foi extraditado do Chile para o Peru, onde mais
tarde foi sentenciado numa série de julgamentos a 25 anos de prisão por
apropriação de recursos públicos e formação de esquadrões da morte para
reprimir insurgentes.
Na segunda-feira, a Corte Interamericana de Direitos Humanos
determinou ao Peru que anule uma decisão tomada em julho pela sua Suprema
Corte, que rebaixou os crimes cometidos pelos esquadrões da morte, algo que
advogados de Fujimori esperavam usar para obter a libertação antecipada do seu
cliente. A derrota imposta pelo tribunal internacional levou a família de
Fujimori a dizer nesta sexta-feira que buscaria o perdão presidencial.
Fujimori, de 74 anos, tem câncer na boca e está deprimido,
segundo sua família e seu advogado. Críticos dizem que prisioneiros muito mais
doentes não são perdoados. Humala em alguns momentos parece disposto a conceder
o perdão, embora alguns dos seus assessores claramente se oponham.
"Esperamos que haja uma mudança de atitude por parte de
pessoas que falam pelo governo, e que essa solicitação seja avaliada sobre
bases humanitárias, não políticas", disse a filha do ex-presidente, a deputada
Keiko Fujimori, derrotada por Humala na última eleição presidencial. Ela disse
que a solicitação de perdão será oficializada nos próximos dias.
Fujimori teve o mérito de domar a hiperinflação e abrir a
economia peruana ao comércio e aos investimentos externos, permitindo que o
país chegasse a ter uma das maiores taxas de crescimento na América Latina.
Ele também derrotou militarmente a guerrilha maoísta Sendero
Luminoso, mas seu estilo autoritário e a corrupção disseminada levaram os
peruanos a se voltarem contra ele, até sua fuga, em 2000.
Terry Wade
No Reuters - Via BLOG DO SARAIVA
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