Será lançado nesta terça-feira (4), na capital paulista, o
livro “Vala Clandestina de Perus - desaparecidos políticos, um capítulo não
encerrado da história brasileira”. O lançamento ocorrerá na Fundação Escola de
Sociologia e Política de São Paulo, a partir das 19h.
Muro erguido como Memorial aos desaparecidos políticos
sepultados no Cemitério de Perus,
no local da vala clandestina / Foto: Bruno
Pedrozo,
|
A publicação relembra a abertura da vala clandestina no
Cemitério Dom Bosco, em 1990, de onde foram retiradas 1049 ossadas não
identificadas. A ação possibilitou o início de uma série de investigações, que
puderam desvendar à sociedade, pela primeira vez, as atrocidades da ditadura
civil-militar.
Familiares de vítimas e movimentos de defesa dos direitos
humanos descobriram a vala no final da década de 1970, enquanto faziam buscas
por seus parentes. Entretanto, a vala só pode ser aberta mais de dez anos
depois, com o auxílio da então prefeita, Luiza Erundina.
A vala foi apenas um dos crimes registrados no Cemitério de
Perus, construído em São Paulo na gestão de Paulo Maluf na Prefeitura. Desde
sua inauguração, em 1971, o local foi marcado por irregularidades. Para lá eram
levados indigentes, vítimas do esquadrão da morte e militantes políticos
assassinados pelo regime. Os crimes renderam a Maluf e a outras autoridades da
época ação civil por ocultação de cadáver.
Depois da abertura da vala, foi criada uma Comissão
Parlamentar de Inquérito para apurar esse e outros crimes. Os depoimentos e
outros registros dos desdobramentos do caso estão no livro, que ainda reúne
textos do presidente da Comissão de Anistia do governo federal Paulo Abrão, da
ex-prefeita Luiza Erundina, do vereador Ítalo Cardoso e da ex-vereadoraTereza
Lajolo, que fizeram parte daquela CPI; de Ivan Seixas, Maria Amélia Teles e
Suzana Lisboa, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos;
dos procuradores regionais da República Eugênia Augusta Gonzaga e Marlon
Alberto Weichert, do antropólogo forense peruano José Pablo Baraybar, que
estuda o assunto na América Latina; e do jornalista Luiz Hespanha, pesquisador
da história da ditadura civil-militar instalada no Brasil em 1964.
O livro terá distribuição gratuita. Junto com o lançamento
haverá exposição com fotos históricas, tiradas durante a abertura da vala pelo
fotógrafo Marcelo Vigneron e outras encontradas em diversos arquivos de
familiares. As imagens ficarão disponíveis para visitação até 15 de setembro.
A publicação e a exposição são resultado do Projeto
desenvolvido pelo Instituto Macuco com apoio do Núcleo de Preservação da
Memória Política.
Serviço
Lançamento do livro “Vala Clandestina de Perus, desaparecidos
políticos, um capítulo não encerrado da história brasileira”
Dia 4 de setembro, às 19h
Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Rua
General Jardim, 522 - Vila Buarque)
Fonte: Brasil de Fato via Portal Vermelho
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