Há oito anos morria o cantor Bezerra da Silva, vítima de uma
parada cardíaca. Considerado uma espécie de embaixador de morros e favelas do
Rio de Janeiro, seus sambas retratavam as angústias e dificuldades enfrentadas
pela classe trabalhadora de todo o país.
José Bezerra da Silva nasceu em Recife (PE), a 23 de
fevereiro de 1927. Veio para o Rio de Janeiro aos 15 anos fugindo da fome e
apenas com a roupa do corpo.
Iniciado na música pelo coco de Jackson do Pandeiro, começou,
em 1950, sua carreira como ritmista na Rádio Clube —tocava tamborim, surdo e
instrumentos de percussão em geral. Suas primeiras composições, "O
Preguiçoso" e "Meu Veneno", foram gravadas por Jackson. Seu
primeiro disco —um compacto— foi gravado, em 1969, pela Copacabana.
Ícone do chamado “Sambandido”, e admirado por astros da
música pop como Frejat, O Rappa e Marcelo D2, Bezerra Da Silva fez sucesso
interpretando músicas como “Malandragem dá um tempo” e “Malandro é Malandro e
Mané É Mané”. No final de 2001, tornou-se evangélico, e segundo a sua mulher,
ele se preparava para gravar um CD com músicas religiosas ainda este ano.
Perguntado certa vez se achava que brancos não sabiam fazer
samba respondeu: "isso é uma mentira, uma discriminação boba. Tudo depende
da veia poética do sujeito. Você já imaginou se Deus deixasse eu fazer eu do
jeito que quero, com a cuca que tenho? Eu seria verde, todo bonito. Ninguém ia
ser igual a mim. Eu seria um sucesso, o cabelo de ouro, ia ser tudo comigo. Mas
me fizeram um crioulo esquisito. Essa história de que branco não faz samba é
mentira. E também tem crioulo que não faz samba. Artista nasce em qualquer
lugar".
Bezerra da Silva morreu às vésperas de completar 78 anos.
Antes de se tornar compositor e cantor, teve várias profissões e por cerca de
sete anos chegou a morar nas ruas do Rio de Janeiro.
No Portal Vermelho
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