“Lula será o comandante-em-chefe da campanha à reeleição da presidenta Dilma Rousseff, no ano que vem, e ainda tentará uma vaga ao Senado “para facilitar os trâmites dos projetos de desenvolvimento do país, no Legislativo, e integrar a base formal de apoio ao Planalto”, afirmou ao Correio do Brasil, nesta terça-feira, um graduado auxiliar do ex-presidente . Outro fator que embala a confiança do líder petista é a presença isolada na dianteira para qualquer cargo que ele cogitar, segundo pesquisas de intenção de voto realizadas pelo Instituto Voxpopuli e guardadas no cofre do PT.
Diante da realidade que começa a se desenhar, setores da direita e da ultra-direita usam dos jornais e TVs conservadores a que estão alinhados na tentativa de espalhar uma cortina de fumaça e atrapalhar os planos da legenda de centro-esquerda, cotada para derrotar os seus adversários em nível nacional e, particularmente, no Estado de São Paulo, última trincheira de agremiações partidárias como o PSDB e o DEM. Em artigo publicado nesta terça-feira, o ex-assessor de imprensa de Lula, jornalista Ricardo Kotscho, repara que “na falta de um candidato competitivo da oposição até agora, setores da mídia resolveram lançar dois candidatos do PT, Dilma e Lula, em mais uma tentativa de jogar um contra o outro”.
“Estão perdendo seu tempo. Dilma é a candidata de Lula à reeleição desde a sua vitória em outubro de 2010, quando já começavam as especulações na imprensa sobre a sua possível volta em 2014. Numa das últimas conversas que tivemos no Palácio da Alvorada, logo após a vitória de Dilma, o então presidente Lula apresentou dois bons argumentos para justificar sua decisão de não mais disputar eleições”, lembra o articulista.
– Em primeiro lugar, quem me garante que seria eleito? Em segundo lugar, se eleito, quem me garante que teria condições de fazer um bom governo e sairia com a mesma aprovação popular de agora? – disse Lula ao então assessor.”
“Podem chamar Lula de tudo, menos de burro. Nenhum outro presidente da República deixou o cargo com mais de 80% de aprovação depois de eleger para sucedê-lo sua ministra Dilma Rousseff, que nunca havia disputado uma eleição. Para que arriscar, se já havia passado para a História? A alta aprovação popular de Dilma e de seu governo até agora é também uma vitória de Lula e nada indica que ele tenha mudado de posição após a nossa conversa no Alvorada. Mil vezes ele já desmentiu a intenção de se candidatar, mas não adianta. Qualquer movimentação de Lula é apontada como tentativa de voltar em 2014″ acentua.
A série de aparições do ex-presidente na mídia, nos últimos dias, gerou uma onda de especulações na mídia de oposição. Lula vem debatendo o futuro do país, do subcontinente latino-americano e marca posição contra os agentes envolvidos nos fatores que atrasam o desenvolvimento do país, como a concentração de renda e os cartéis da mídia, que trabalham em favor de conglomerados econômicos ligados aos vetores que levaram a nação a 20 anos de ditadura, ainda presentes na sociedade brasileira.
– Na disputa federal, Lula vai gastar toda sua energia para a manutenção da aliança entre PT, PMDB e PSB – disse o ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos e diretor do Instituto Lula, Paulo Vanucchi.
Diretor-presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, também negou que Lula tenha qualquer plano de se candidatar novamente à Presidência da República, mas também não negou que o ex-presidente volte a ser eleito para outro cargo político.
– A nossa candidata em 2014 chama-se Dilma Rousseff. Vamos trabalhar pela sua eleição, para que a gente continue neste governo extraordinário que, apesar das dificuldades, pode fazer muita coisa pelo Brasil – afirmou.
Na posição de um dos principais líderes políticos do país, Lula seguirá na promoção de debates e reuniões políticas, no Brasil e no exterior.
“Lula voltará a percorrer o país a partir de fevereiro para discutir com segmentos e grupos sociais as mudanças que ocorreram nos dez anos de governos petistas. O que Lula quer é defender em contato direto com a população o legado do seu governo, duramente atacado pela mídia desde o julgamento do mensalão e com as revelações da Operação Porto Seguro.Assim ele se prepara para ser, em 2014, o maior cabo eleitoral da candidatura de Dilma à reeleição”, acrescentou Kotscho.
Líder nas pesquisas
Sondagens encomendadas pelo PT mostram que o ex-presidente Lula ainda mantém uma certa vantagem sobre a ex-ministra de seu governo e atual presidenta. O recente barulho ocorrido esteira do caso Rosemary, quando o nome do líder petista ficou ainda mais em evidência, no entanto, parece que reforçou o prestígio dele perante os eleitores. Cada vez mais, a população rejeita o noticiário negativo sobre o ex-presidente. Mas nem isso anima o ex-metalúrgico do ABC a uma nova tentativa para voltar ao Planalto. Atual prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, amigo pessoal e ex-ministro de Lula.
– Isso não é nem especulação, é papo furado de quem não tem o que fazer – disse Marinho a jornalistas, sobre a chance de Lula se candidatar no próximo ano.
Na avaliação de assessores mais próximos de Dilma, ao Correio do Brasil, a presidenta optou por se mostrar mais interessada em permanecer no cargo e, com isso, afastar de vez as especulações que pontuam a mídia conservadora. E Lula, segundo Paulo Vannuchi, atuará cada vez mais como coordenador da campanha de Dilma.
– Lula vai fazer uma agenda de conversas, ver quais são as questões, onde estão as disputas, como fazer para compor as forças – afirmou.
Assessor há mais de 30 anos e de absoluta confiança do ex-presidente, Vanucchi reafirmou que o ex-presidente reeditará a partir deste ano as Caravanas da Cidadania, movimento que já o fez chegar ao Planalto, em 2003.
Em uma breve análise do quadro eleitoral, Vannuchi acredita que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) não será candidato presidencial “para valer em 2014″.
– Vocês sabem, ele é candidato para 2018. Agora toda a construção é para ele virar figura de proa, disputar para perder (em 2014) evidentemente e contar como uma evolução, já que a Dilma não será mais candidata (em 2018) por razões constitucionais – afirmou.
No momento, nem mesmo uma vaga ao senado, como tem sido cogitado em ambientes próximos a Lula, interessa ao ex-chefe do governo. Segundo Vannuchi, nada disso faz parte de seu universo.
– Ele me disse que não quer, que não faz parte do plano dele. O Lula quer ser isso que ele é agora, se reunindo com lideranças latinas, com povo, empresários, sindicalistas, bancadas, sociedade civil. Ele quer criar novas lideranças. Ser uma liderança política livre. Mas não digo que não será em hipótese alguma em 2018, porque se houver acirramento das contradições, uma crise nacional e depois (Lula) despontar como um polo de consenso para reaglutinar o país ou um conjunto grande de força política, aí ele se dispõe, como se dispôs em 1998, mesmo absolutamente convencido que não deveria – conclui Vanucchi.
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