São Paulo – Dos 36 milhões de brasileiros que ingressaram na
classe média durante os últimos dez anos, 75% eram negros, revelou um estudo da
Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE) divulgado
hoje (12) na capital paulista. Com isso, a participação dos negros na classe
média subiu de 38% em 2002 para 51% neste ano, garantindo equilíbrio racial
para esse extrato.
“O ideal é que, se os negros são 50% da população
brasileira, eles sejam 50% da classe média. Se no Nordeste eu tenho 34% da
população brasileira, o ideal é que eu tenha 34% na classe média”, disse
Ricardo Paes de Barros, secretário de Ações Estratégicas da SAE. Segundo ele,
“a nossa classe média passou a ser muito mais heterogênea, um retrato do
Brasil”.
A pesquisa, que resultou no segundo número da série Vozes da
Classe Média, mostrou uma mudança no perfil da nova classe média brasileira,
que hoje responde por 52% do total da população do país e que tem renda per
capitafamiliar entre R$ 291 e R$ 1.019. As estimativas tiveram como base a
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
“É o grupo que está se movimentando, que gostaria de mudar
de classe e planeja, toma medidas para que seus descendentes [também] mudem”,
disse o ministro-chefe da SAE, Moreira Franco.
O aumento do número de negros na classe média trouxe
equilíbrio racial para esse extrato social, porém isso não ocorreu entre as
camadas mais abastadas da sociedade. “Nós temos agora igualdade racial na
classe média. Mas é claro que não temos igualdade racial nem na classe alta,
nem na classe baixa. A classe alta é predominantemente branca e a classe baixa
é negra”, declarou Ricardo Paes de Barros.
A fatia da sociedade composta por indivíduos de classe média
passou de 38% em 2002 para 52% este ano, um crescimento de 14 pontos
percentuais. Já a classe baixa, cujo rendimento per capita varia de R$ 81 a R$ 291, sofreu redução de
21 pontos percentuais: era 48% em 2002 e caiu para 28% neste ano.
A classe alta, com renda acima de R$ 1.019, apresentou
expansão de 7 pontos percentuais, passando de 13% em 2002 para 20% neste ano.
“O que aconteceu no Brasil, na última década, foi uma mudança sem precedentes
na distribuição de renda brasileira. O tamanho desses três grupos mudou de uma
maneira radical”, avaliou o ministro.
Outra constatação do estudo é que estão na classe média 55%
dos jovens e 53% das mulheres brasileiros. O país também conseguiu reduzir o
índice de extrema pobreza, que era 11% em 2003 e, após um período de cinco
anos, caiu para menos da metade.
O levantamento também apontou o Sudeste como destaque, por
ser a região que mais colocou novas pessoas na classe média, o equivalente a
36% do total de novos integrantes. Em seguida, veio o Nordeste com 34% dos
novos membros dessa classe social.
Os nordestinos responderam pelo maior aumento regional da
classe, passando de 22% em 2002, para 42%. No Sudeste, a diferença ficou em 11
pontos percentuais – em 2002,
a participação da classe média na região era 46% e subiu
para 57% neste ano. As regiões Norte e Centro-Oeste apresentaram crescimento de
17 pontos percentuais, um avanço de 31% para 48% no Centro-Oeste e de 40% para
57% no Norte. O menor crescimento ocorreu no Sul, que passou de 49% para 58%.
De acordo com Ricardo, as mudanças nos extratos sociais
brasileiros são reflexos da diminuição da desigualdade de renda. “É um fato
surpreendente que essa classe média surja da redução da desigualdade. E essa
redução cria um grupo do meio [classe média], dos batalhadores, que é o mais
heterogêneo. Ele [o grupo] é mais a cara do Brasil do que a elite brasileira é,
ou a classe baixa é”, disse. (Agência Brasil)
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