A situação de 200 haitianos abrigados precariamente numa
casa no município de Brasiléia, a 235 quilômetros de Rio Branco (AC), na
fronteira com a Bolívia, se agravou depois que o governo estadual deixou de
pagar o aluguel do imóvel e parou de fornecer alimentação.
A casa está sem eletricidade, a comida é insuficiente e as
pessoas estão desesperadas, de acordo com relatos de ativistas de defesa dos
direitos humanos. A maioria dos haitianos já está com CPF, mas falta
oportunidade de trabalho, afetando especialmente as mulheres, algumas esperando
bebês há vários meses.
- O desespero dos haitianos está aumentando e espero que
possamos evitar tragédias – disse o pesquisador Foster Brown, cientista do
Experimento de Grande Escala Biosfera Atmosfera na Amazonia (LBA) e membro do
MAP -de Madre de Dios (Peru), Acre (Brasil) e Pando (Bolívia)- uma iniciativa
de de direitos humanos.
De acordo com Foster Brown, a iniciativa MAP estuda a
possibilidade de pedir ajuda de organizações como a Care Brasil e a Cruz
Vermelha.
- Não há apoio aparente no nível federal e a Secretaria
Estadual de Justiça e Direitos Humanos está quebrada, com muitas dividas –
acrescentou Brown.
A devastação causada pelo terremoto de 12 de janeiro de 2010
no Haiti atingiu 3 milhões de pessoas, mais de 220 mil morreram e 1,5 milhão
ficaram desabrigadas.
Mais de 5 mil haitianos entraram no Brasil pela fronteira
amazônica. Eles cruzam ilegalmente a fronteira, aguardam visto temporário e são
transferidos e contratados como mão-de-obra nas regiões mais desenvolvidas do
país.
Não falta documentação para os haitianos, pois a Policia
Federal tem facilitado a entrega de CPFs. A crise neste momento, segundo Damião
Borges, funcionário da Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos,
responsável pelos haitianos, se resume em dois itens: abrigo e alimentação.
- Eles estão sem moradia e luz. Em breve, 200 haitianos vão
estar literalmente nas ruas. Uma recém-nascida na noite de segunda, está num
quarto escuro com muita gente. Além disso, falta comida e água pótavel. Alguns
dos haitianos estão sem comer há alguns dias – relatou Damião Borges.
De Iberia, no Peru, o padre René Salízar, também da
iniciativa MAP, conta que já se manifestou muitas vezes no país dele sobre a
situação dos haitianos. Ele considera que este é um problema que nunca vai
acabar.
- Porque eles seguem entrando no Peru sem nenhum problema a
partir da fronteira do Ecuador, de maneira ilegal. Chegam a Puerto Maldonado,
logo locam um carro até Iberia, onde existem vários coiotes que os levam até a
fronteira com a Bolivia, onde estão os coiotes bolivianos – relata.
O padre René Salízar já se pronunciou sobre a situação ante
ao chefe máximo da polícia regional de Madre de Dios, porém pouco ou nada podem
fazer.
- Eles dizem que no há ordem para deter ou não deixar passar
os haitianos, pois não estão vindo para ficar no Perú, mas estão de passagem
com destino ao Brasil. Assim mesmo, fizemos uma denuncia ao Ministerio Público
de Iberia, pois os coiotes cometem extorsões contra os haitianos. Salízar disse
que quando conversa com os haitianos que chegam até a sua paróquia, contando da
situação dos compatriotas que estão em Brasília, os imigrantes que seus amigos
e parentes já se encontram no Brasil.
- Eles dizem que a vida no Brasil é fácil e que o estado
nacional brasileiro os apoia. Os que estão no Brasil seguem chamando seus
compatriotas e se o Peru não fecha a fronteira do Ecuador, seguirão tendo
problemas no Brasil com o imigrantes haitianos – concluiu o padre.
Altino Machado, Terra Magazine - Via Pragmatismo Político
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