1 em cada 6 alemães orientais tende à extrema direita,
mostra estudo
Segundo estudo recente sobre tendências de extrema direita
na Alemanha, realizado por pesquisadores da Universidade de Leipzig, quase 16%
dos alemães do Leste – até 1990 sob governo comunista – cultivam uma visão de
mundo de extrema direita. Em 2002, essa taxa era de 8,1%. No Oeste alemão, em
contrapartida, a percentagem caiu de 11,3% para 7,3%. Pode-se, portanto,
afirmar que as tendências no Leste e no Oeste desenvolveram-se de forma oposta
nos últimos anos.
Neonazistas marcham
nas ruas da cidade de Ramagen,
na
Alemanha. (Foto: divulgação)
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Já o preconceito em relação a muçulmanos é verificado em
todo o país, conforme a pesquisa. “Nossos números demonstram que a hostilidade
contra o Islã é partilhada pela maioria da população, e que declarações
xenófobas também são partilhadas pela maioria das pessoas nos estados da antiga
República Federal Alemã (RDA).” Assim, o pesquisador Elmar Brähler resume os
resultados do estudo.
Professor de psicologia e sociologia, Brähler é um dos três
autores da pesquisa Die Mitte im Umbruch (A reviravolta do centro), encomendada
pela Fundação Friedrich Ebert, ligada ao Partido Social Democrata da Alemanha
(SPD). No estudo foram medidas seis dimensões do extremismo de direita:
simpatia por uma ditadura autoritária de direita, chauvinismo, xenofobia,
antissemitismo, darwinismo social e minimização do nazismo.
Ascensão dos jovens extremistas
As enquetes vêm sendo realizadas a cada dois anos, desde
2002. Esse estudo, portanto, é mais do que uma análise instantânea da situação,
mas expressa também tendências de longo prazo. Agora, uma tal tendência é
claramente discernível, sobretudo no Leste alemão.
Especialmente alarmante é o fato de a propensão à extrema
direita na região ser característica de uma nova geração, apontam os autores.
Enquanto no passado se traçava uma relação entre o avanço da idade e um
posicionamento radical, atualmente são os jovens alemães orientais a acusar
altas taxas. Também pela primeira vez o antisseminitsmo é mais difundido no
Leste do que no Oeste alemão.
Ainda assim, os autores advertem que não se pode associar o
radicalismo de direita simplesmente como um problema dos antigos estados da
Alemanha comunista. Um exame mais detalhado demonstra que o fator decisivo é a
má situação econômica em que os entrevistados vivem – o que também vale para o
Oeste.
Prova disso é o alto grau de xenofobia verificado entre os
desempregados. Os autores do estudo partem do princípio de que a conjuntura
social tem maior influência sobre as atitudes de extrema direita do que as
notícias sobre neonazismo, como os recentemente descobertos assassinatos
cometidos pela célula terrorista Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU), de
Zwickau.
Primeiras estatísticas sobre islamofobia
Para a pesquisa foram entrevistados pessoalmente cerca de
2.500 participantes em meados de 2012. Pela primeira vez, a opinião sobre o
islamismo foi tema, pois nos últimos anos os partidos populistas de direita vêm
apostando de forma crescente na propaganda anti-islamista. Assim, sugerem os
autores, a islamofobia deve ser encarada como “droga de introdução ao vício” do
extremismo.
Neste caso, mais da metade das pessoas arguidas concordaram
com as afirmativas de que o mundo islâmico seria retrógrado e que o Islã, como
religião arcaica, seria incapaz de se adaptar ao presente. Mais de 45% negam
que representantes islâmicos tenham direito de criticar o mundo ocidental.
“Esta é uma porcentagem assustadoramente alta”, comenta Oliver Decker, coautor
do estudo.
Os pesquisadores sublinham que a educação funciona como um
fator de proteção contra a ideologia de direita radical. O problema das
atitudes de extrema direita também é bem menos difundido nas regiões com forte
presença de imigrantes.
No entanto, as presentes estatísticas devem permanecer como
sinal de alarme para a política alemã, reforçam os autores. Eles reivindicam
que as medidas antiextremismo de direita sejam definidas como tarefas
transversais, ou seja: um problema que afeta todos os setores da vida em
sociedade.
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