Por EUCLIDES LUCAS GARCIA
Governador convoca deputados para apresentar “medidas amargas” que garantam dinheiro em caixa no 2º mandato
Governador convoca deputados para apresentar “medidas amargas” que garantam dinheiro em caixa no 2º mandato
O governador Beto Richa (PSDB) prepara um “pacote de
maldades” para enviar à Assembleia Legislativa do Paraná nos próximos dias. A
informação de deputados da base aliada é que o tucano tomará “medidas amargas”
para começar o segundo mandato com dinheiro em caixa, o que inclui aumento de
impostos. O assunto será exposto hoje aos parlamentares, às 11 horas, em uma
reunião no Palácio Iguaçu. No encontro, Richa também reforçará a importância da
aprovação da emenda em que ele pede autorização para remanejar livremente 15%
do orçamento do ano que vem.
Publicamente, desde que se lançou à reeleição, Richa tem
afirmado que “o melhor está por vir” no segundo mandato. Em sabatina à Gazeta
do Povo antes do 1.º turno, por exemplo, afirmou: “Acho que as coisas estão de
certa forma indo bem. Agora com a casa em ordem e a máquina azeitada, vamos
avançar mais”. Segundo aliados próximos, porém, a realidade é completamente
diferente. Alguns chegam a classificar a situação financeira do estado como
“desesperadora”.
Na semana passada, o tucano apresentou duas emendas ao
substitutivo geral do orçamento de 2015 em tramitação na Assembleia. Uma delas
permite que o governo remaneje até 15% de sua receita sem precisar consultar o
Legislativo – pelo texto aprovado na Comissão de Orçamento, esse montante é de
5%. O porcentual de 15% corresponde a R$ 7,3 bilhões. Outra emenda prevê o
repasse de até R$ 90 milhões do orçamento da Defensoria Pública para a
Secretaria da Fazenda.
Também na semana passada, o Executivo determinou que o
pagamento do terço de férias dos funcionários da administração direta que
tirarem férias em dezembro e janeiro – exceto os professores da rede estadual −
seja pago apenas no ano que vem e em três parcelas. A decisão teria sido tomada
para garantir o pagamento do salário deste mês dos servidores e do 13.º. Essa
também seria uma forma de garantir que os funcionários pudessem manter as
férias no período, em vez de determinar que elas fossem adiadas para 2015.
Cenário adverso
O motivo oficial da reunião de hoje com os deputados é a
emenda que pede o remanejamento de 15% do orçamento. Nos bastidores,
entretanto, os próprios deputados governistas afirmam que Richa, na verdade,
pretende explicar aos parlamentares um pacote de projetos que chegará ao
Legislativo nos próximos dias e que inclui o aumento de impostos. “Não posso
adiantar nada porque não conheço o teor das mensagens. Mas serão medidas
amargas”, disse um deputado. “Será um pacote de maldades. Mas não há outro
caminho”, completou outro.
Durante a sessão de ontem, o líder do governo na Assembleia,
Ademar Traiano (PSDB), confirmou que o governo enviará uma série de projetos
para serem aprovados antes do fim de ano. O tucano disse, porém, que ainda não
havia tido acesso às propostas. Segundo ele, as mensagens estavam sendo
finalizadas.
Além de pretender elevar os impostos no estado, Richa tem se
manifestando a favor da volta da CPMF, que vem sendo articulada por
governadores petistas recém-eleitos. “Preciso consultar o partido. Mas já me
manifestei a favor da CPMF”, declarou o tucano à Folha de S. Paulo.
Corte de 3 pastas e secretário baiano são apostas para
economizar
Para economizar, o governo do Paraná irá cortar três
secretarias e fundir outras estruturas do segundo escalão. A expectativa é de
que, com essas medidas, haja corte de cargos e redução de despesas.
Além disso, os problemas de caixa do governo devem promover
a mudança mais radical no secretariado. Há vários dias Beto Richa vem tentando
convencer o atual secretário da Fazenda de Salvador (BA), Mauro Ricardo Costa,
a assumir as finanças paranaenses. Auditor da Receita Federal e ex-secretário
da prefeitura e do governo de São Paulo, Costa aumentou as receitas de Salvador
e é considerado fundamental na boa avaliação da gestão local.
Costa esteve em Curitiba na sexta-feira passada. Mas,
segundo aliados do governador, ainda não respondeu ao convite. Procurado, disse
por meio da assessoria de imprensa que não iria se manifestar sobre o assunto.
Amanhã, porém, o prefeito da capital baiana, ACM Neto (DEM), vai anunciar uma
reforma administrativa e pode anunciar a saída de Costa.
Outros cargos
No 1.º escalão paranaense, o cargo mais disputado na reforma
do secretariado para o 2.º mandato de Richa é o de chefe da Casa Civil. Brigam
pela vaga Deonilson Roldo, atual chefe de gabinete do governador, e Eduardo
Sciarra (PSD), coordenador da campanha de Richa e que não concorreu à reeleição
para deputado. No Planejamento, é tido como certo que Cassio Taniguchi não
permanecerá. Um dos nomes especulados é o de Silvio Barros (PHS), ex-prefeito
de Maringá e cunhado da vice-governador eleita, Cida Borghetti (Pros).
Considerada a principal ponte com prefeitos, a Secretaria do
Desenvolvimento Urbano (Sedu) estaria à espera de Ratinho Jr. (PSC), que
comandou a pasta até o final de março. Mas ele tem dito que não abre mão de
brigar pela presidência da Assembleia. No entanto, diante do anúncio de Richa a
aliados de que defende a candidatura de Ademar Traiano (PSDB) para o comando da
Casa, só restaria a Ratinho aceitar a Sedu. Se não aceitar, a secretaria
ficaria com o deputado Valdir Rossoni (PSDB).
Via Gazeta do Povo
Via Gazeta do Povo
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