Uma enorme massa de professores, funcionários de escolas e servidores estaduais ocupou nesta terça-feira a Assembleia Legislativa, em protesto contra a votação do pacotaço do governador Beto Richa.
A ocupação se deu por volta das 18 horas, logo após os deputados terem aprovado, por 34 votos a 19, a transformação do plenário em Comissão Geral, expediente que garante a aprovação sumária de projetos de lei.
Centenas de PMs mantiveram-se de prontidão, aparentemente
obedecendo a uma ordem de não investir contra os manifestantes, mesmo no
momento em que estes derrubaram as grades da Assembleia em dois pontos e
entraram, aos milhares.
A ocupação impediu a votação das mensagens do governador. Os
deputados da base governista (que sofreu 13 defecções durante os últimos dois
dias) foram escoltados pelos PMs para fora do plenário.
A movimentação - Desde as 5 horas da manhã, os trabalhadores
começaram a se concentrar em frente à Assembleia. Muitos ônibus de todas as
regiões do Paraná foram chegando. Por volta das 9 horas, já havia milhares de
manifestantes e um enorme caminhão de som. Os PMs guardavam a entrada da
Assembleia.
De repente, um tumulto: um PM agarra um professor pelo
pescoço e o conduz ao Gabinete de Segurança da Casa, para ser indiciado.
Segundo o PM, o professor o teria desacatado. Para o presidente da
APP-Sindicato, Hermes Leão, no entanto, “essa truculência é totalmente injustificável”.
Fora, os professores gritavam; “Educação! Educação!”- para o PM e para o
governador Beto Richa.
Por volta das 13h30, uma parte dos manifestantes foi
autorizada a entrar. Depois de muita negociação, com eles entraram também os
estudantes. Todos entoavam: “A nossa luta/unificou/estudante, funcionário e
professor!”. A massa lotou as galerias, aplaudindo os deputados que falavam
contra as mensagens do governo e vaiando o único deputado que se manifestou a
favor, o líder Luiz Cláudio Romanelli (PMDB).
Quando Romanelli começou a se referir ao substitutivo geral
que estava apresentando, afirmando que se mantinham todos os direitos dos
servidores, os manifestantes que ocupavam as galerias exploriram; “Não tem
acordo! Não tem acordo!”
Fora dos portões da Assembleia, milhares de manifestantes
gritavam “Richa caloteiro!” e “Retira! Retira!”.
O momento crucial foi quando da votação do requerimento para
a instalação de Comissão Geral. Sob protesto dos deputados de oposição, o
requerimento foi colocado a voto: 34 a favor, 19 contra. No ato, os portões da
Assembleia foram derrubados e os manifestantes a ocuparam. O presidente da
Casa, deputado Ademar Traiano, anunciou: “Suspendo a sessão em razão da invasão
da Assembleia”. E mais não disse.
Com o ar condicionado desligado, sem água e nenhuma
comodidade, os manifestantes mantiveram a ocupação.
Sessão suspensa, Traiano pode convocar os deputados para
continuá-la nesta quarta-feira pela manhã.
Recuos do governo não dão resultado - Desde segunda-feira,
corria o rumor de que o governo recuaria nos pontos que afetavam diretamente
educadores e servidores em geral (fim dos quinquênios e anuênios, restrição ao
auxílio-transporte e outros, para poder aprovar aquilo que, de um lado e de
outro, se considerava o essencial: as mudanças na Prevdência, que permitiriam a
entrada imediata no caixa estadual de quase R$ 3 bilhões.
A intenção foi confirmada pelo substitutivo geral. No
entanto, não houve jeito. Vários deputados centraram sua fala na condenação
justamente das mudanças na Previdência, contra as quais houvera inclusive um
posicionamento da OAB-PR. O deputado Professor Lemos, líder do PT, disse que o
Fundo Financeiro, para o qual serão destinados os R$ 8 bilhões da Previdência
(o governo deve a ela outros R$ 7 bilhões), acabarão em pouco tempo: “O Fundo
já nasce deficitário, com um furo de R$ 54 milhões mensais. Desse jeito, os
servidores não terão aposentadoria”.
Não deu. Tinham razão os manifestantes: “Não tem acordo!”
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