Nenhum
dos nossos jornalões deu esta notícia em manchete, mas merecia. O caso é de
1998, quando o governador era Mário Covas, do PSDB. Só agora, a Justiça
resolveu agir para recuperar os prejuízos milionários causados aos cofres
públicos de São Paulo pelo cartel formado por empresas multinacionais e agentes
públicos, popularmente conhecido como "Trensalão".
Robson Marinho foi chefe de gabinete da Casa Civil do governo de Mário Covas (PSDB), entre 1995 e 1997 |
Por
Ricardo Kotscho*, publicado em seu blog
Câmara
Municipal de S. José dos Campos
Robson
Marinho foi chefe de gabinete da Casa Civil do governo de Mário Covas (PSDB),
entre 1995 e 1997Robson Marinho foi chefe de gabinete da Casa Civil do governo
de Mário Covas (PSDB), entre 1995 e 1997 Nesta segunda-feira, finalmente, a
juíza Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi, da 13ª Vara da Fazenda Pública da
Capital, decretou o bloqueio de bens, no valor de R$ 282 milhões, de Robson
Marinho, ex-chefe de gabinete de Covas e atual conselheiro afastado do Tribunal
de Contas do Estado de São Paulo, e da multinacional francesa Alstom, entre
outros (leia mais aqui).
Apesar
de ser em tudo semelhante ao "modus operandi" do esquema do
"Petrolão" petista, que começou a ser investigado no ano passado, e
já levou muita gente para a cadeia, o "Trensalão" tucano não mereceu
a mesma atenção e presteza da Justiça e da mídia, mostrando o caráter seletivo
dado aos casos de corrupção que assolam nosso país, faz muito tempo.
Na
Folha, o decreto da juíza não mereceu nem chamada de capa e apareceu
escondidinha num canto da página A10, quase pedindo desculpas, sob o título
"Justiça bloqueia bens de Robson Marinho, do TCE". Quem não conhece o
passado de Marinho nem o que quer dizer TCE, nem nunca ouviu falar em
"Trensalão", passa batido.
No
concorrente Estadão, a notícia mereceu chamada e mais destaque numa página
interna, dando maiores detalhes da história, mas sem em nenhum momento falar em
escândalo, nem citar a palavra pela qual o caso ficou conhecido.
Só
relembrando: fundador do PSDB e homem de confiança de Mário Covas, Marinho foi
seu chefe da Casa Civil entre 1995 e 1997, sendo indicado para o Tribunal de
Contas em 1998, quando esta história começou, 17 anos atrás. Segundo o Estadão,
"o conselheiro está sob suspeita de ter recebido na Suíça US$ 2,7 milhões
em propinas da Alstom, entre os anos 1998 e 2005 (US$ 3,059 milhões em valores
atualizados)".
Os
promotores de Justiça Silvio Antonio Marques, José Carlos Blat e Marcelo Daneluzzi
acusam Robson Marinho de enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro e de ter
participado de um "esquema de ladroagem do dinheiro público". Na ação
de improbidade, eles pediram o bloqueio total de R$ 1,129 bilhão, valor
referente aos danos causados pelos acusados ao erário e à multa processual.
Todos os réus juntos devem, por responsabilidade solidária, pagar este valor.
"Há
provas robustas sobre o esquema de corrupção que envolveu o conselheiro do
Tribunal de Contas e grandes empresas", justificou o promotor Blat. Em sua
defesa, Marinho negou tudo: "Nunca recebi um tostão da Alstom, nem na
Suíça, nem no Brasil".
Como
cabe recurso contra a liminar, não se sabe quando esta história vai chegar ao
fim. Ninguém ainda foi preso, mas agora, pelo menos, e já não era sem tempo, o
"Trensalão" tucano está saindo da clandestinidade, antes que tudo
prescreva e seja esquecido.
Via Portal Vermelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário