Investigações apontam 8,6 mil nomes do país que cometeram
crimes de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e evasão de divisas,
movimentando R$ 20 bilhões na agência do banco na Suíça.
Por Adriana Delorenzo, Portal Forum
Apelidado por internautas brasileiros de “Suiçalão”, o
escândalo envolvendo o HSBC trouxe à tona práticas do mundo financeiro para que
clientes possam ficar livres de impostos e lavar dinheiro. O “SwissLeaks”
mostrou que 100 mil contas bancárias ilegais movimentaram mais de US$ 100
bilhões entre 1998 e 2007 no HSBC da Suíça. Dessas, 8.667 seriam de
brasileiros. Mas quem são eles?
O primeiro nome pode ser de Robson Tuma, segundo o
jornalista Luis Nassif. Isso porque na lista do HSBC “aparece o endereço
Avenida Cauaxi 189, ap 203, Alphaville, Barueri”. O local consta na declaração
de bens pública do ex-deputado federal.
Edmond Safra, do Banco Safra, e a família Steinbruch, dono
da Vicunha e da CSN, são outros nomes. Segundo Miguel do Rosário, “Steinbruch
foi o principal comprador da Vale, privatizada no governo FHC”. O banco Safra
“foi o banco usado pela Globo para comprar os dólares que enviaria às Ilhas
Virgens Britânicas, quando se envolveu naquela ‘engenhosa operação’ para
adquirir os direitos de transmissão da Copa de 2002 sem pagar os devidos
impostos”.
Fernando Rodrigues, do UOL, aponta que “11 pessoas ligadas
ou citadas de alguma forma no escândalo da Operação Lava Jato mantiveram contas
na filial suíça do banco britânico HSBC”. Entre os nomes divulgados por
Rodrigues estão o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, delator na Operação
Lava Jato e que já havia revelado ter mantido valores no HSBC, oito integrantes
da família Queiroz Galvão, o empresário Júlio Faerman (ex-representante da
holandesa SBM) e o doleiro Henrique Raul Srour.
O UOL teve acesso aos nomes brasileiros, porém só divulgou
os envolvidos na Operação Lava Jato. O site diz que vai noticiar aqueles “que
tiverem interesse público, e, portanto, jornalístico” ou os que se possam
provar “que existe uma infração relacionada ao dinheiro depositado no HSBC na
Suíça”. A justificativa para a escolha tem sido criticada nas redes sociais.
Para o cientista político Antonio Lassance, o caso do HSBC
“tem merecido apenas notas de rodapé do cartel de mídia aqui presente”. “Como
na época da ditadura militar, sabemos detalhes do escândalo mais pela mídia
internacional do que pelo cartel midiático que nos habita. A mídia que
achincalha a Petrobras protege indecorosamente o HSBC e os barões ladrões por
trás desse grande escândalo financeiro”, argumenta.
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) protocolou
solicitação de esclarecimentos e providências no Ministério da Justiça (MJ),
pedindo a investigação de todos os brasileiros envolvidos com contas secretas
do HSBC. Para ele, a mídia não tem interesse no SwissLeaks.
Vale lembrar que a lista de clientes internacionais traz o
grupo de mídia Clarín, da Argentina, além de nomes vinculados a governos
autoritários e tráfico de armas. A investigação foi revelada pelo ICIJ
(Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos) baseada no vazamento de
60 mil arquivos. Foi o ex-funcionário do HSBC Herve Falciani quem forneceu o
material a autoridades francesas, até que o jornal Le Monde o compartilhou com
o ICIJ que reúne 140 jornalistas de 45 países.
Para Carlos Cordeiro, presidente da Contraf (Confederação
Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), “não é a primeira vez que o
HSBC está envolvido nesse tipo de operação, já esteve envolvido nos Estados
Unidos, no México. Isso só traz à tona o submundo do sistema financeiro, onde
várias empresas e pessoas se escondem. Seria muito importante para toda a
sociedade que houvesse um esclarecimento dessa situação, e que aqueles que
pousam de éticos, de justos, pudessem sair debaixo dessa podridão que são esses
porões do sistema financeiro e, de fato, mostrar a sua face. É por isso que a
gente, inclusive, necessita de uma regulamentação do sistema financeiro, não só
no Brasil, mas no mundo, para que, de fato, ele possa ser transparente e estar
a serviço da sociedade, e não dos grandes empresários e dos grandes rentistas”.
Miguel do Rosário aponta um escândalo revelado também pelo
ICIJ, anterior ao vazamento do HSBC, que mostrou a existência de milhares de
contas secretas em paraísos fiscais das Ilhas Virgens Britânicas, Cingapura e
Ilhas Cook. Entre elas, estão 50 nomes de brasileiros. “Não se trata
especificamente do caso HSBC, mas é sonegação do mesmo jeito. Na verdade, é um
caso ainda pior”, afirma.
Saul Sabbá aparece entre os brasileiros, com conta secreta
ligada à offshore Maximizer International Bank S.A. Sabbá é dono do banco
Máxima, que deu consultoria a FHC na privatização da Vale e da CSN.
Outro nome é Chaim Zalcberg, que já foi preso pela Polícia
Federal, em 2012, na Operação Babilônia, suspeito de evasão de divisas e
lavagem de dinheiro, e esteve envolvido no caso do Banestado.
Veja o mapa da lavagem de dinheiro feito por MartinGrandjean.
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