Dando sequência ao que foi construído ao longo dos últimos
meses, nesta terça-feira (10) a Globo, através do seu jornal impresso, convocou
claramente o “Fora Dilma”.
A coluna Panorama Político, de Ilimar Franco, em O Globo,
traz no título a seguinte informação: “O PSDB adota o ‘Fora Dilma’ ”. E na
primeira linha: “O PSDB decidiu apostar no impeachment da presidente Dilma.”
Ilmar também diz a data das manifestações pelo impeachment, 15 de março,
convocado pelas “redes sociais”. A Globo usa o principal braço parlamentar do
sistema de oposição (PSDB) para explicitar o que todos já sabiam: a tentativa
de afastar a presidenta está a caminho. No editorial o jornal, arvorando-se em
poder judiciário de fato (absolvendo os amigos e condenando os inimigos),
antecipa as investigações e diz que o “petrolão” representou a “ocupação do
Estado”. Este mesmo editorial exalta a “gestão de FH”. Consumado o golpe, a
Globo, que já julga, talvez ceda enfim à tentação de exercer poder de polícia,
publicando em seu jornal listas de pessoas a serem presas, prática na qual um
dos seus colunistas amestrados, Merval Pereira, já se exercita.
O Triângulo amoroso que promove o golpe
Na mesma coluna de Ilimar Franco o golpe militar de 1964
(também apoiado pela Globo) é chamado, pelo presidente do DEM, senador José
Agripino, de “revolução”. Para Agripino (cuja declaração está em grande
destaque na coluna), a “revolução” de 64 só aconteceu porque o povo foi para as
ruas e atualmente “a insatisfação dos brasileiros é um copo que está enchendo”.
A menção à “revolução de 64” não é gratuita. É um dos acenos que a Globo volta
e meia faz à extrema direita, de quem por muito tempo foi amasiada e com a qual
traí constantemente os tucanos que, interesseiros, aceitam tudo, certos de que
são o amor verdadeiro da vênus platinada. Mas no fundo os tucanos sabem que
participam de um triângulo amoroso. O grande cafetão, que domina totalmente a
moça do Jardim Botânico, é um malandro chamado mercado financeiro.
O plano B
A mídia hegemônica, que tem o Sistema Globo como seu
carro-chefe, aposta em primeiro lugar na possibilidade de afastar a presidenta.
Caso não seja possível, o plano B é enfraquecê-la ao máximo, para assim poder
ditar as regras, como arrogantemente já faz na edição desta segunda-feira
(página 3), no espaço “Opinião” onde dá a receita para a Dilma sair dar crise:
livrar-se “dos velhos cacoetes lulopetistas”. Enquanto isso, na Argentina, o
chefe de gabinete de Cristina Kchiner rasgou o Clarin (O Globo de lá) em plena
entrevista coletiva.
Mídia age criminosamente sonegando informações
Quem não está convencido sobre a necessidade de uma lei de
meios no Brasil não sabe o quanto lhe sonegam de informação, através de manipulação
ou simples supressão de notícias inconvenientes. Existe atualmente um clima de
que “tudo no Brasil está errado” graças ao governo Dilma. Em nome da
perpetuação deste clima é proibida a divulgação de notícias boas. Por exemplo,
nesta segunda-feira (9) tivemos duas delas: no primeiro semestre de fevereiro o
déficit da balança comercial caiu 44,6% e a inflação recuou no mesmo período.
Quem se informa apenas pela mídia hegemônica não conseguiu saber destes fatos,
escondidos das capas e chamadas principais. Pode ser que estes índices não
sejam suficientes para comemoração, mas se fosse o contrário, se o déficit da
balança comercial houvesse aumentado e a inflação subido, chamadas garrafais
estampariam todas as edições desta terça-feira (10).
Cunha, o probo faz o serviço
A mídia hegemônica, em relação ao presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), parece uma mãe zelosa: só falta babar de
orgulho pelo filho comportado. Diz que Cunha “imprime novo ritmo às votações”,
que cobra horário de chegada dos deputados, entre outras medidas moralizadoras,
dignas de um probo. E Cunha realmente tem feito o serviço para o qual foi
eleito com apoio da mídia hegemônica: defende o financiamento das campanhas
eleitorais pelas empresas, promete barrar qualquer lei de regulação da mídia, é
homofóbico, e agora entregou ao DEM o comando da comissão da Reforma Política.
A máscara da ética empunhada pelos falsos moralistas das empresas de
comunicação não resiste a um segundo da vida real.
Via Portal Vermelho
Via Portal Vermelho
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