Eduardo Cunha ter aceitado o pedido de impeachment da
presidenta Dilma depois de o PT ter anunciado que votaria contra ele no
Conselho de Ética é a desmoralização total deste processo.
A oposição vai fazer de tudo para tirar essa marca, mas para
Dilma não poderia haver um melhor cenário para que essa disputa se iniciasse.
Dilma, seu partido e seu governo terão todas as condições de
demonstrar que isso só está acontecendo porque o presidente da Câmara quer se
vingar por não ter tido do PT o aceite da chantagem que tentou operar.
E isso não é pouco.
Não vira o jogo por si só, mas coloca novos atores em campo.
Muita gente que poderia torcer para Dilma cair, agora
começará a pensar se apoiar um processo desses não é um risco para o país.
Em relação à disputa no Congresso, não se pode dizer que
Cunha ainda não tem uma certa força. Mas ela é muito menor do que quando
assumiu a presidência da Casa.
Seria interessante ver Cunha desfilando por aí com a
bandeira do Brasil e defendendo o que quer que seja.
Cunha é hoje mais rejeitado do que Dilma.
E o fato de ter sido ele o homem que assinou a abertura do
processo do impeachment vai permitir a articulação de um bloco popular do outro
lado.
Não vai ser mais um jogo de um lado só.
Não vai ter só gente na rua pedindo fora Dilma.
Mas e se tudo der errado para o governo e para Dilma?
Aí restará a dignidade de não ter feito um acordo espúrio e
o discurso do golpe.
Porque será exatamente o nome a ser dado para um processo de
impeachment que é assinado no dia em que o partido do governo decidiu não
aceitar a chantagem de um presidente da Câmara que é acusado, com provas
substanciais, de ter movimentado milhões de recursos provenientes de corrupção
em diversas contas na Suíça.
E um golpe do que há de pior na política.
Da turma mais incrivelmente cara de pau e canalha.
E a prova mais cabal disso é a declaração de Cunha ao
anunciar seu aceite. Ele disse que a sua decisão foi técnica e não política.
O mais incrível é que ainda há colegas jornalistas que
reproduzem essa informação sem um parenteses ao lado (neste momento eu ri
alto). Porque ao menos com essa explicação ele não teria que fazer de conta que
a objetividade jornalística é algo sério.
Porque ser objetivo é fazer o leitor entender o que está
acontecendo.
E o resumo dessa história é: como a chantagem não deu certo,
Cunha foi ao golpe.
Via - Blog do Miro
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