Maria do Rosário: Aécio não tem compromisso com a luta das mulheres brasileiras
Os eleitores ligados no debate dos presidenciáveis, na noite de terça-feira (14), na TV Bandeirantes, contabilizaram diversas demonstrações de machismo por parte do candidato Aécio Neves, do PSDB. Não apenas por acusar a presidenta Dilma Rousseff de “mentirosa”, “leviana” e “ignorante” – essa foi a parte da deselegância. Mas por usar expressões ultrapassadas como “dona de casa”, para se referir às mulheres, e “trabalhador”, ao falar dos homens.
“Ele externou o que ele é: machista e conservador”, diz a secretária Nacional de Mulheres do PT, Laisy Moriére. “Essa percepção que ele tem das mulheres mostra toda sua incapacidade de reconhecer a contribuição que elas têm para o desenvolvimento do Brasil e para nosso processo de democratização”, afirma.
Para Laisy, as declarações de Aécio são prova do despreparo do tucano para administrar um país como o Brasil, onde o mercado de trabalho é dominado por mulheres. “Quando você trata a mulher como ‘dona de casa’, você desconhece a capacidade dela de ser empreendedora, de liderar no mercado de trabalho, de gerar renda”, conclui.
Em outros debates, Aécio já havia tido comportamento semelhante. Ainda no primeiro turno, o tucano levantou o dedo em riste para a candidata Luciana Genro, do Psol, para chamá-la de “leviana” – ao que parece, o insulto predileto do candidato do PSDB. “Você não levante o dedo pra mim”, reagiu Luciana.
Ao chegar à Band, Dilma foi recebida aos gritos de “Vaca! Vaca!” por militantes tucanos. Em seguida, durante o debate, foi a vez de Aécio chamá-la reiteradamente de “leviana” e “mentirosa”. A atitude foi considerada desrespeitosa pela deputada federal e ex-ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário (PT-RS). “O uso de palavras indevidas como essas atinge a todas nós”, afirma.
Visivelmente desconfortável quando perguntado pela presidenta Dilma sobre propostas para o combate à violência contra a mulher e sobre a Lei Maria da Penha, Aécio desconversou. E não respondeu se, entre os mais de 20 órgãos federais que pretende extinguir, a Secretaria de Políticas para Mulheres estaria na lista de cortes.
Para a deputada Maria do Rosário, é “gravíssima” a falta de posicionamento de Aécio sobre o tema, além de não apresentar nenhuma proposta concreta para a luta das mulheres brasileiras. “Foi o maior atestado de que ele não tem nenhum compromisso com os direitos de mais de 52% da população brasileira, as mulheres”, declara.
Aécio declarou ainda, num ato falho claramente machista, empenhar-se para que o salário das mulheres seja “mais próximo do que têm os homens”. Ou seja, ignorou a luta histórica travada pelas brasileiras para garantir equiparação salarial com os colegas do sexo masculino. “O salário das mulheres não deve se próximo, tem que ser igual”, refuta a secretária Nacional de Mulheres do PT, Laisy Moriére.
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias.
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