Creio ser indubitável e do conhecimento de todos, que um dos maiores representantes, e legítimo herdeiro, do autêntico “trabalhismo” no Brasil é o Partido dos Trabalhadores. Herdeiros de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro e Celso Furtado – só para citar alguns poucos nomes com “pedigree” ou selo de origem, digamos assim.
Já disse aqui uma vez que o Partido dos Trabalhadores, o PT, é uma espécie de “religião”, pelo que guarda em si e para além de si, de modo emblemático, de fé e de paixão.
Sei que é difícil mensurar as supostas razões que movem uma tão determinada crença e paixão.
Mas, arriscaria dizer, que a principal razão que alimenta essa “raça” e que move essa paixão é a injustiça social, abissal, que ainda resiste/persiste, tal qual um carcinoma maldito, no seio da sociedade – apesar de tantas e tamanhas melhorias que foram implantadas nos governos de Lula e Dilma.
É muita e tamanha a injustiça para que os justos se calem.
Parece-me, sem querer aqui faltar ao respeito com o materialismo histórico ou fazer pouco caso com tão nobre e secular causa, um embate para além da clássica dicotomia trabalho x capital. Mas sim algo como uma luta renhida entre humanismo x patrimonialismo; solidariedade x egoísmo; justiça x injustiça; verdade x mentira; esquerda x direita.
Os caminhos e escolhas à esquerda devem ser sempre a via preferencial a nos orientar o rumo: trabalho, solidariedade, humanismo, justiça, fraternidade etc.
O que move essas pessoas, petistas e demais trabalhistas, assim de modo tão apaixonado? Careceria de lhes perguntar diretamente, talvez. Que sentimento é esse que os leva a argumentar e a defender interesses que não são necessariamente seus? Causas que não são necessariamente suas?
Ao contrário até: são pessoas, muitas dessas “apaixonadas” pelo PT e pelo trabalhismo, que já têm casa própria, têm bons empregos (são médicos, auditores, engenheiros, jornalistas, professores, metalúrgicos etc.), os filhos já estudam em boas faculdades. Portanto, não são potenciais “clientes” nem sequer carecem do Bolsa Família, do ProUni, do Minha Casa, Minha vida, do Pronatec etc.
Por que então essa paixão?! Foi herdada? É atávica? É um traço do caráter dessas pessoas?
A minha pretensão de querer aqui mapear as possíveis razões que envolvem uma paixão pode estar, por definição, inexoravelmente fadada ao malogro, mas vale a ousadia de tentar.
Comove-me, ainda hoje, ver verdadeiros exércitos solitários de indivíduos que ainda resistem e lutam, com tamanha entrega e generosidade, envolvidos por essa paixão, com a força das suas mais íntimas convicções ou “afetos”, digamos assim. Lutam em nome de uma causa. Lutam por aquilo que acreditam.
“Por que causa tu lutas, soldado?” – indagava um poema que nos servia como um libelo na luta contra a ditadura.
São pessoas “normais”, cidadãos comuns, como os que vi, ainda ontem, em diversos pontos da principal avenida da cidade de SP, a afamada Paulista, vestindo as camisas encarnadas e empunhando as bandeiras com a estrelinha branca do PT e com a logomarca da candidatura Dilma Rousseff. Vi, dentre eles, alguns jovens, mas também muitos senhores já grisalhos, como eu.
- Que gente valorosa e diferenciada é essa? – indaguei em meu íntimo.
Pessoas, dezenas, centenas de homens e mulheres, que poderiam/deveriam estar se ocupando de seus interesses particulares, cuidando de seus filhos e/ou netos. Ou mesmo, simplesmente, gozando, um pouquinho que fosse, do seu direito ao “ócio elegante”. Inalienável direito este que deve ser assegurado a todos, ao menos nos sagrados fins de semana.
A graça e a alegria militantes daquelas pessoas tornavam-se ainda maiores e destacadas quando contrapostas à militância paga do outro candidato, perfilada no canteiro central ao longo de toda a avenida. Uma espécie de “não-militância”, cujas pessoas, desmotivadas, desalentadas, escoravam-se, como espantalhos inanimados, tristemente, nos paus das suas bandeiras e placas, que seguravam sem a mínima convicção – apenas para ganhar um trocado qualquer, pois aquilo também deve ser encarado como um trabalho, como um outro qualquer, para ganhar “um qualquer”.
Como estes graciosos militantes do trabalhismo no sábado, na Paulista, sei de muitos outros que se espalham Brasil adentro, pedindo votos pela continuação do caminho da verdadeira MUDANÇA em lugar do retrocesso; do PROGRESSO em lugar do atraso; da SOLIDARIEDADE e do AMOR no lugar da volta do individualismo e da intolerância, que já se insinuam sem vergonha ou pudor algum logo ali na esquina.
A quem você prefere/escolhe?
Dilma & Lula ou Aécio & FHC?
Você prefere, afinal, pássaros ou raposas?
Chico Buarque ou um pagodeiro arrivista qualquer?
Qual a sua escolha?
Eduardo Guimarães ou Reinaldo Azevedo? Azenha ou Villa? Miro ou Magnolli? Tereza Cruvinel ou Sheherazade?
Nassif? PHA? PML? Rodrigo Viana? Renato Rovai? Lassance? Davis Sena Filho? Leonardo Attuch? Breno Altman? Miguel do Rosário? Fernando Brito? Percebe como a balança dos talentos vocacionados à esquerda nos é nitidamente favorável?
Marilena Chauí ou Olavo de Carvalho?
Emir Sader/Flavio Aguiar ou Roberto Romano?
Jean Wyllys ou Feliciano?
Frei Betto/Leonardo Boff ou Silas Malafaia?
Qual a sua escolha?
Gregório Duvivier ou Dado Dolabella? Parece-me que os espancadores de mulheres, e todo o tipo de covarde da praça, já escolheram o seu lado.
Xico Sá ou Sérgio Dávila (editor-executivo da Folha)?
Esses antagonismos já falam por si só; são tão eloquentes e reveladores quanto redentores – não são?
De que lado então?
De que lado você está nessa hora da derradeira escolha?
Trabalho ou capital?
Tolerância ou intolerância?
Humanismo ou patrimonialismo?
Inclusão ou exclusão?
Senzala ou casa-grande?
Progresso ou retrocesso?
Esquerda ou direita?
De que lado? De que lado você está nessa hora da derradeira escolha?
Do lado de Dilma ou de Aécio?
Só mesmo a força inexorável dessa paixão poderá sobrepujar o ódio e conduzir o trabalhismo, mais uma vez, à vitória.
No Pataxó
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