O debate deste domingo (19) realizado pela TV Record entre
os candidatos à Presidência da República teve mais espaço para a discussão e
apresentação de propostas. Os ataques pessoais foram deixados de lado. Embora a
presunção do candidato Aécio Neves falasse mais alto, a presidenta Dilma
Rousseff, em tom mais tranquilo, colocou em discussão os temas mais
propositivos.
Em um debate dividido em quatro blocos, os candidatos
fizeram perguntas entre eles abordando assuntos diversos como programas
sociais, investimentos em saúde, educação, economia, segurança pública,
infraestrutura e combate à corrupção, entre outros. E mais uma vez, Dilma
demonstrou que já realizou grandes programas para os brasileiros e que tem os
melhores programas para o futuro.
A presidenta relembrou que o Brasil pela primeira vez na
história saiu do Mapa da Fome, segundo o relatório da ONU, graças ao
investimento do país em políticas sociais, que tiraram 40 milhões de
brasileiros da miséria e elevaram 36 milhões à classe média. A presidenta
mostrou a diferença de escala do Bolsa Família com os programas tucanos.
Enquanto Aécio tentava comparar o programa criado pelo
ex-presidente Lula com o já usado no governo Fernando Henrique, Dilma ressaltou
que não há comparação em se tratando da quantidade de recursos pagos pelo Bolsa
Família. Dilma disse que os programas do governo Fernando Henrique Cardoso,
gastaram R$ 4,2 bilhões. “Isso equivale a dois dias do que gastamos com o Bolsa
Família. Vocês gastaram em oito anos o que nós gastamos em dois meses”,
contrapôs.
Economia
Aécio questionou Dilma em relação à inflação, e a presidenta
Dilma respondeu ao candidato reforçando seu posicionamento sobre o tema. “Tenho
um compromisso de combater a inflação. A inflação não está descontrolada. Ela
está inteiramente controlada e isso é inequívoco". Considero grave a proposta de 3% de taxa de
inflação [formulada por Aécio] porque para isso o senhor vai triplicar o desemprego,
vai elevar a taxa de juros como já fizeram antes. Vocês plantam inflação para
colher juros", disse a presidenta.
Dilma lembrou que seu governo tem as menores taxas de
desemprego da história: 5%, e contestou que com a mesma equipe econômica que
promoveu recessão, Aécio vá poder oferecer algo diferente ao brasileiro. “O
cozinheiro é o mesmo, Armínio Fraga. A receita é mesma, recessão, recessão,
recessão. E o resultado é o mesmo, desemprego arrocho e alta taxa de juros. A
quem serve isso? Ao povo que não é”.
Petrobras
Um dos pontos altos do debate foi sobre a Petrobras, tema
mais citado. Mais uma vez Aécio tentou afirmar que a estatal não está bem, mas
a presidenta aproveitou para defender a empresa “de todos os brasileiros”. A
presidenta lembrou que, durante o governo do PSDB, 30% da empresa foi vendida
no mercado de ações por preço desvalorizado. “Na época, a Petrobras valia R$
15,5 bilhões. Hoje ela passou do patamar de R$ 100 bilhões”, afirmou a
presidenta, destacando ainda que o governo do PSDB queria privatizar partes da
Petrobras.
“Hoje a Petrobras atingiu um nível de produção de 2,3 mil
barris de petróleo ao dia. Isso significa que o valor da Petrobras é crescente.
Todos os que investiram na empresa vão ganhar muito dinheiro”, disse Dilma. Recentemente,
a Petrobras obteve o direito de explorar um conjunto de bacias que vai
proporcionar acesso a quase 60% de todas as reservas até hoje acumuladas. “Algo
muito importante está acontecendo no Brasil. Diziam que não teríamos capacidade
de explorar o pré-sal, que era ficção. Hoje o pré-sal está gerando para o
Brasil algo que o país levou 30 anos para extrair. Agora, em menos de oito
anos”, exaltou a presidenta.
"Vocês pretendem fatiá-la entre as empresas
internacionais”
Dilma alertou que o discurso que tenta desgastar a imagem da
Petrobras é travestido da pretensão dos tucanos de privatizá-la. “A maior força
da Petrobras são seus trabalhadores e o controle tecnológico. Sei que a
oposição gostaria de vê-la dividida entre as grandes empresas internacionais,
mas ela será a maior empresa do Brasil por muitos anos”, defendeu.
Dilma Rousseff voltou a dizer que há indícios de desvio de
dinheiro da Petrobrás e que seu governo irá investigar e punir os responsáveis.
Mais Investigações
Dilma lembrou que o PSDB sempre protagonizou escândalos não
investigados e os envolvidos nunca foram juklgados nem punidos, como os
escândalos da “pasta rosa”, a compra de votos para a reeleição, do Sivam, dos
trens e do metrô de São Paulo.
“Sou diferente. Sei que há indícios de desvio de dinheiro. O
que ninguém sabe é quanto foi, e quem foi. Nunca impedi a investigação, que
olhassem ou verificassem o que estava acontecendo".
Educação
Em relação ao Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao
Ensino Técnico e Emprego), uma das principais bandeiras da presidenta, Aécio
disse que o projeto “não vem sendo administrado como deveria”, tema abordado
neste domingo (19) pelo jornal Folha de S.Paulo. Dilma explicou que a
Controladoria Geral da União esclareceu que não há nenhuma irregularidade no
Pronatec. A presidenta lembrou a importância da iniciativa para a formação dos
brasileiros e os setores produtivos do País. “O Pronatec oferece cursos
importantíssimos, permite que jovens e adultos brasileiros tenham acesso a um
padrão de curso que nunca tiveram antes”.
Nos últimos 12 anos, o ensino técnico profissionalizante
esteve no foco do Governo Federal. Implementado pelo governo Dilma, o Pronatec
é o maior programa de ensino técnico da história do Brasil, com uma escala 8
milhões de matrículas. E a maior vantagem é que é totalmente gratuito.
Dilma alegou que sentia orgulho do programa, já que ergueu
218 escolas técnicas além das 214 construídas no governo do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, e disparou contra o tucano: “Vocês proibiram o governo
federal de construir escolas técnicas, o que foi revogado pelo Lula”.
Para a presidenta, a Educação é um dos principais fatores
para a superação das desigualdades. Por isso, seu governo investiu na
democratização do acesso a universidades. “Transformamos o Enem – Exame
Nacional do Ensino Médio no maior processo de seleção para o vestibular e de
acesso aos diversos cursos. É um exame universal de ingresso em 5 mil cursos”,
apontou.
A presidenta lembrou ainda que apesar de não ser de
responsabilidade do Governo
Federal, sua administração, em parceria com os governos
municipais, construiu duas mil creches e está contratando outras quatro mil.
Dilma ressaltou ainda que investir nos professores é fundamental para a
melhoria da qualidade da educação.
Segurança Pública
Dilma apresentou ainda suas propostas para continuar a
melhoria do Brasil. Entre elas está a alteração na Constituição para que a
União passe a dividir a responsabilidade sobre a segurança pública com os
estados. “Estou propondo que a segurança possa contar com a atuação conjunta da
União e dos estados, em uma articulação para elevar o combate organizado ao
crime. Porque hoje o crime atua de forma integrada, coordenada, e estamos
atuando de forma fragmentada”, disse.
A presidenta propõe expandir a exitosa experiência de seu
governo na Copa do Mundo, com a integração das polícias federais, estaduais,
com apoio das Forças Armadas, com a implantação de Centros de Comando e
Controle para todas as capitais brasileiras. “Vamos usar os mesmos mecanismos
de supervisão, ação conjunta, inteligência e apoio tecnológico para agir e
impedir que o crime assuma a liderança. Impedir que estados como Minas Gerais,
por exemplo, tenham crescimento de 52% nos homicídios”, explicou Dilma.
Defesa dos bancos públicos
Sobre os bancos públicos, Dilma reafirmou que mantém por
eles grande respeito. “Todos tiveram seus lucros aumentados e ampliados, a taxa
de inadimplência reduzida e recomposição do funcionalismo”, disse.
A presidenta defende que o papel dos Bancos Públicos não
seja reduzido, como propõe seu adversário. “Quem cuida da infraestrutura é o
BDNES, que tem hoje sobre seu financiamento as 100 maiores empresas. O Banco do
Brasil é o grande responsável pelo Plano Safra da Agricultura Familiar e o
Plano Safra do Agronegócio", ressaltou. Além disso, Dilma lembrou que a
Caixa Econômica Federal é que torna possível a realização do Minha Casa Minha
Vida. “Uma parte do programa é subsídio do Governo Federal. Nos outros casos,
subsidiamosas taxas de juros. Não tem
investimento em mobilidade urbana sem dinheiro dos Bancos Públicos. Não tem
investimento de longo prazo sem participação do BNDES e dos Bancos Públicos”,
disse.
Saúde
Uma das perguntas que Aécio fez foi sobre Saúde e Dilma
respondeu sobre a melhora nas condições de atendimento na Saúde no seu governo,
como a criação do Samu, o programa Mais Médicos, o Brasil Cegonha e a Farmácia
Popular [remédios gratuitos para a população que sofre com hipertensão e
diabetes].
Para o candidato tucano, Dilma disse que apesar dos tucanos
terem derrubado a CMPF [contribuição financeira para a Saúde] “e imposto ao
governo a perda de R$ 260 bilhões de reais, aumentamos o orçamento em relação
ao governo de FHC, do qual o senhor foi líder”, retrucou.
A presidenta lembrou que além de Aécio não cumprir com o
mínimo constitucional de investimentos para a área, ainda é réu em um processo
pelo desvio de R$ 7,6 bilhões da saúde quando era governador de Minas Gerais.
“Com que moral o senhor fala em Saúde?”, questionou Dilma.
Considerações finais
Nas considerações finais, Dilma Rousseff foi a primeira a
falar e destacou como o país melhorou e afirmou que continuará trabalhando para
o Brasil crescer. Relembrou que há dois projetos para o país, garantindo que
com ela os avanços e conquistas continuaram, enquanto o outro projeto
representa o desemprego e ao arrocho salarial.
"O Brasil que eu represento é o que quer que todos
cresçam. Você sabe o quanto foi difícil melhorar a vida da sua família. Sei
também que ninguém é uma ilha nem ninguém consegue crescer sozinho. Por isso
tenho certeza de que você cresceu porque o Brasil mudou, e mudou porque o
governo tomou providências para ampliar e criar oportunidades. O governo
combateu a pobreza, aumentou salários, criou empregos, investiu em formação
profisisonal. É preciso olhar para todos os brasileiros. Nós que lutamos tanto
para melhorar a vida do povo brasileiro não vamos deixar que nada neste mundo,
nem crise, nem inflação, nem pessimismo, tire de você o que você conquistou.
Nós estaremos juntos fazendo com que o Brasil cresça mais para que você cresça
junto. Com mais e melhor educação, segurança e emprego. Humildemente peço seu
voto", concluiu.
Da redação do Vermelho
Com informações do Muda Mais e R7
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