A Pré-Marcha de Mulheres Negras 2015 Contra o Racismo e a Violência e Pelo Bem Viver reuniu neste domingo (26), na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, centenas de representantes e simpatizantes da causa, como encerramento das comemorações do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, lembrado no ultimo (25). O evento é preparatório à marcha nacional, que ocorrerá no dia 18 de novembro, em Brasília.
Cláudia Vitalino, da União de Negros pela Igualdade (Unegro),
destacou que a mobilização visa a tirar a invisibilidade das mulheres negras
que, segundo índices oficiais, são as que mais morrem no país e recebem os
menores salários, inclusive em relação a mulheres brancas e a homens negros.
Uma das organizadoras do encontro Clátia Vieira explicou que
a finalidade é pregar a equidade de direitos e a inclusão social. “A gente
precisa ir para a rua para dizer que do jeito que está não dá para ficar”,
destacou. Ela espera que até novembro, os negros famosos das artes brasileiras
incorporem a ideia e participem da marcha que luta pelo respeito da mulher
negra.
O babalaô Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de
Combate à Intolerância Religiosa, apoia a pré-marcha. “[A iniciativa ocorre] em
homenagem às grandes yabás [mães], que deram os fundamentos do início do
candomblé na Bahia, e às mulheres negras que são um símbolo importante de luta
e resistência no nosso país”, destacou ele.
A secretária de Assistência Social e Direitos Humanos do
estado do Rio de Janeiro, Teresa Cosentino, reforçou que o órgão apoia todo
movimento de não discriminação e de vida fraterna e solidária. “E aqui tem duas
questões, de gênero e de etnia que, somadas, são explosivas no preconceito.”
A advogada Roseli Brasiliense Caetano, da Comissão de
Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil seção Rio de Janeiro
(OAB-RJ), destacou que a criação da comissão é um fato novo no órgão, que
aumenta a conscientização entre os advogados a população, de modo geral, a essa
causa. “[A mulher negra] precisa ser tratada com o mesmo respeito que todos os
profissionais merecem”.
Inês Teixeira, do Terreiro Axé, de candomblé de Nilópolis,
disse que combater o racismo é também combater a intolerância religiosa.
"Quando colocamos os nossos torsos e nossos fios de contas, sabemos o
quanto o racismo é cruel conosco. Somos solidárias com o bem viver de todas as
mulheres.”
O estudante de direito e voluntário da organização não
governamental (ONG) Anistia Internacional, Adolfo Tavares, argumentou que o
racismo existe no Brasil, até de forma inconsciente. “Mas, se você tiver um
olhar mais crítico e profundo da sociedade, você vê que ainda há preconceito”.
Apoiar essa causa é, para ele, uma questão de ética.
Durante a mobilização, a grafiteira internacional Panmela
Castro, presidente e fundadora da Rede Nami, ONG feminista que usa as artes
urbanas para promover os direitos das mulheres, divulgou o projeto
Afrografiteiras. Ela enfrentou diferenças em sua própria família, por ser a
única negra, “em uma família de brancos”.
Fonte: Agência Brasil
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