Considerado o mais importante para escritores de língua portuguesa, o Prêmio Luís de Camões 2015 foi entregue em cerimônia na tarde desta terça-feira (7) no Palácio Foz, em Lisboa, à escritora portuguesa Hélia Correia, que dedicou a premiação à Grécia e aos gregos pela importância dos ensinamentos universais e a sua influência na cultura ocidental.
Escritora Hélia Correia ao receber o Prêmio Luis de Camões o dedicou à Grécia e ao povo grego |
"A Grécia é tudo. Venho vestida com as cores da Grécia
(azul e branco) e não é por acaso. A Grécia de hoje está a revelar-se um país
tão heroico como a Grécia Antiga", resumiu a escritora. "Só o orgulho
grego, o sentido da dignidade humana e da nobreza da democracia é que podem
conseguir o gênero de reação que estes gregos contemporâneos estão a ter. Cada
vez vejo mais neles os meus gregos da Grécia clássica", acrescentou.
Criado em 1988 para premiar autores de Língua Portuguesa que
tenham contribuído para o enriquecimento da cultura da língua, o Prêmio Camões
é anual e destina cem mil euros para o vencedor.
Para o ministro Juca Ferreira, que participou da cerimônia
de entrega do prêmio, Portugal, Brasil e os países de língua portuguesa da África
estão muito próximos culturalmente, mas precisam diariamente estreitar esses
laços. "Na verdade é uma língua só, universal, que possui contextos
culturais distintos. Acho que precisamos evoluir na cooperação cultural, o
prêmio é uma forma de reconhecimento, é um prêmio instituído pelo governo
português e brasileiro, mas, na verdade, é uma celebração da literatura à
língua portuguesa, incluindo os africanos e todos que escrevem", afirmou o
ministro.
Na avaliação do secretário de Estado da Cultura do Governo
português, Jorge Barreto Xavier, o evento de hoje é "o momento mais
simbólico do nosso calendário cultural, em termos da celebração do valor da
literatura de língua portuguesa".
Hélia Correia
Nascida em Lisboa, em 1949, Hélia Correia é dramaturga,
ficcionista e poetisa. Licenciada em Filologia Românica, também atuou como
professora do ensino secundário e já recebeu o prêmio PEN 2001 (por trabalhos
de ficção) pela obra Lillias Fraser, e o PEN de poesia 2013 pelo livro A
Terceira Miséria. Outras premiações foram pelas obras A Casa Eterna (Prémio
Máxima de Literatura, 2000), Bastardia (Prémio Máxima de Literatura, 2006) e
Adoecer (Prémio da Fundação Inês de Castro, 2010). Em 2014, venceu a 23ª edição
do Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco com a obra Vinte Degraus e
Outros Contos.
Sobre o prêmio
O anúncio da escolha de Hélia Correia foi feito no último
dia 17 de junho, na Fundação Biblioteca Nacional (FBN), no Rio de Janeiro. A
decisão da comissão julgadora pela autora foi unanimidade. O resultado foi
comunicado pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira, ao secretário da Cultura de
Portugal, Jorge Manuel Barreto Xavier.
Composta por Antonio Carlos Secchin e Affonso Romano
Sant`Anna, do Brasil; Rita Marnoto e Pedro Mexia, de Portugal; Inocência Mata,
de São Tomé e Príncipe; e Mia Couto, de Moçambique, a comissão julgadora
considerou a obra de Hélia Correia como multifacetada em termos de gênero
(poesia, ficção, drama) e de estilo e que renova a tradição literária a partir
das matrizes da Antiguidade Clássica, ao mesmo tempo em que dialoga com a
literatura moderna e contemporânea.
A premiação ocorre alternadamente no Brasil e em Portugal.
Até hoje, das 26 premiações, 11 foram para autores brasileiros, 11 para autores
portugueses, dois para angolanos, 2 moçambicanos e 1 cabo verdense (há um autor
de dupla nacionalidade, José Luandino Vieira, que inclusive recusou o prêmio,
em 2006).
Nesta 27ª edição do prêmio, Portugal passa o Brasil com 12
prêmios (ou empata, caso desconsideremos a dupla nacionalidade Angola/Portugal
de José Luandino). O vencedor do ano passado foi o brasileiro Alberto Costa e
Silva.
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