Estratégia oposicionista de dizer que tem quase 400 votos
pró-impeachment é rebatida. Base aliada consegue 186 assinaturas de apoio a
Dilma – 14 a mais que o necessário para barrar afastamento.
Depois de o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) falar ontem
sobre a manipulação de números relativos ao impeachment da presidenta Dilma
Rousseff, hoje (14) foi a vez do líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA),
fazer o alerta sobre o que chamou de “golpe midiático”, orquestrado pela
oposição, para criar um clima de 'já ganhou'. Segundo ele, o intuito é dar a
entender que existem 342 votos certos para aprovar o impeachment no domingo
(17). “Isso não é verdade. Se eles tivessem estes 342 votos, teriam divulgado a
lista com todos os nomes dos deputados que vão votar pelo impeachment”,
enfatizou.
A preocupação também é destacada por vários integrantes da
base, como Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Sílvio Costa (PTdoB-PE), que se dizem
apreensivos com o fato de uma informação falsa ser divulgada como verdade.
Florence afirmou que a suposta criação de um “clima de vitória antecipado”,
tem, de acordo com ele, o apoio de determinados setores da mídia para
influenciar os votos dos parlamentares, criando um efeito dominó nos
posicionamentos por parte dos que ainda se dizem indecisos.
“É uma estratégia para reverter votos sobre a qual
precisamos alertar e tomar cuidado. Não vamos cair nessa. Enquanto a oposição
tem agido dessa forma, nós temos trabalhado com a verdade, sem coação nem
cerceamento da democracia e assim continuaremos”, disse o líder.
“É um jogo pesado e muito óbvio no qual não vamos cair. O
grupo golpista, percebendo que conseguimos convencer a população das ameaças
aos dispositivos constitucionais, encontrou agora essa nova forma de golpe,
dando a entender que há uma grande maioria na Casa favorável ao impeachment. A
contagem dos votos vai mostrar qual será o placar de domingo”, afirmou Sílvio
Costa.
186 assinaturas
Esta tarde, além do lançamento da chamada Frente Parlamentar
Mista em Defesa da Democracia, que contou com 186 assinaturas de parlamentares
em apoio ao governo – 14 a mais do que o número de votos necessários para
barrar o impeachment – os deputados que foram constituintes em 1988 também
divulgaram manifesto pela ordem democrática.
Benedita da Silva (PT-RJ), Paulo Paim (PT-RS) e os
ex-deputados constituintes Paulo Ramos (hoje deputado estadual pelo Psol-RJ),
Vivaldo Barbosa, Nelton Friedrich e Haroldo Saboia se uniram a outros
parlamentares para divulgar o documento.
“Sabemos muito bem o que é uma ditadura neste país. A Constituição
norteia as instituições e dá ao povo brasileiro a garantia de uma democracia
plena. É em nome dessa democracia que estamos convocando todos para fazer essa
defesa”, destacou Benedita.
De acordo com a deputada, é preciso reconhecer que, apesar de
todas as dificuldades que o Brasil vem passando, o país conseguiu dar passos
significativos. “Não podemos retroceder. Queremos segurança com democracia, e a
democracia é não rasgar a Constituição”, acrescentou.
De toda forma, a votação é tida como difícil e nenhum
analista político ou parlamentar com postura mais séria que converse em
reservado com os jornalistas, aposta na vitória de um dos lados. O entendimento
geral que tem sido observado entre os deputados e senadores é que tudo pode
mudar em relação às posições de cada um até o último momento, por conta das
negociações que seguem tanto do governo como da oposição com as várias
bancadas.
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