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quarta-feira, 27 de abril de 2016

“Negra, porém, bonita e inteligente”: o racismo da direita não é diferente do racismo da esquerda


Por Thiane Neves Barros

Dia 17 de abril de 2016 não só foi o dia de uma das decisões mais importantes para o cenário político brasileiro, desde a redemocratização, como foi um dia de decepções para determinados grupos sociais. O deputado Tiririca (PR/SP) decepcionou os profissionais do circo, Sérgio Reis (PRB/SP) foi descoberto como deputado (ironia), Wlad Costa (Solidariedade/PA) foi indicado como o deputado mais faltoso do Congresso Nacional, Jean Willys (PSOL/RJ) provocou a ira da direita e o frisson nos aliados após direcionar (e errar!) um cuspe a Jair Bolsonaro (PSC/RJ) que o vinha provocando há algum tempo, entre outras cenas.

De acordo com a jornalista Flávia Oliveira, no último pleito nacional foram eleitas apenas 10 mulheres negras entre os 513 parlamentares. Ou seja, a nós, mulheres negras, cabe pouquíssima representatividade no cenário político nacional. Temos menos de 1% de representatividade entre deputadas e deputados federais eleitos, ainda que a população negra seja mais de 50% dos 190 milhões de brasileiros. Ainda assim, mesmo sendo apenas 10 mulheres negras, são todas diferentes umas das outras, inclusive as que são de mesmo partido. Logo, os votos pelo impeachment de Dilma também tiveram motivações diferentes.

De 513 deputados federais, foram 367 votos a favor do impeachment. A suprema maioria desses votos é de homens brancos, de classe média/ricos e muitos estão no 3º, 4º, 5º mandato, isto é, estão deputados há pelo menos 12 anos. De acordo com o site nexojornal.com.br, o centro-oeste, o sul e o sudeste, respectivamente, foram as regiões cujos deputados votaram majoritariamente pelo impeachment. Entre as bancadas temáticas, todas votaram majoritariamente pela saída de Dilma, incluindo a bancada de Direitos Humanos e das Mulheres. Mais de 50%, das 51 deputadas, votou a favor do impeachment, inclusive duas das 10 deputadas negras, ambas do Partido Republicano Brasileiro (PRB), que votou 100% a favor da cassação do mandato da presidenta. A deputada Eronildes Vasconcelos Carvalho, Tia Eron (PRB/BA), foi uma dessas pessoas.

Em seu discurso Eron declarou: “Eu sou a voz da mulher negra e da mulher nordestina, que não quer mais a migalha do Governo Federal porque tem dignidade para trabalhar e para vencer, (…) eu sou a voz dos jovens, das crianças da minha Salvador (…)”. Imediatamente no meu feed do Facebook surgiram várias manifestações de mulheres negras declarando que não são representadas pela deputada Eron. Professoras, estudantes, donas de casa, artistas, ativistas ou não, do Brasil inteiro, dizendo que Eron falasse por si, não generalizasse a voz da mulher negra ou nos reduzisse à sua pessoa. Mas muito provavelmente ela represente sim uma parcela de mulheres negras e de mulheres nordestinas, gostemos ou não. A grave falácia no discurso de Eron é falar em nome das mulheres negras, especialmente das mulheres negras nordestinas. Afinal, somos mais de 48 milhões de mulheres negras no Brasil, de acordo com o censo de 2010. Não somos todas iguais apenas por sermos mulheres negras. A própria Eron ocupa um espaço político predominantemente masculino e branco e, mesmo que ela não tenha a oportunidade de disputar poder nesse espaço, ocupá-lo já nos diferencia. Discursos generalistas como o de Eron desconsidera algo de supra importância para nós: as intersecções de nossas subjetividades enquanto mulheres negras. É preciso cautela, ciência, compreensão de que não somos todas iguais e que colocar nossas identidades e nossas culturas sob o mesmo rótulo é reproduzir o mesmo discurso racista dos traficantes que sequestraram povos africanos para as Américas e que nos reduziram ao biológico.

O voto de Eron agradou uns, desagradou outros. Quando resolvi escrever sobre ela, foi em função de um print feito de um comentário na página de Eron e que tem circulado no Facebook e no Twitter. O texto do print diz:

“TIA ERON, VOCÊ É NEGRA, PORÉM, BONITA E INTELIGENTE. VOTOU COMO UMA VERDADEIRA PATRIOTA PELO IMPEACHMENT DA DILMA”.

O comentário é de um homem branco que aparenta entre 50 e 60 anos, advogado, de Mato Grosso do Sul e pelo seu perfil no Facebook é possível perceber que ele é declaradamente a favor do novo golpe. Resolvi escrever sobre a dimensão do discurso racista que está embutido no comentário desse “senhor de bem”, sobre os conceitos de beleza e inteligência e o lugar da mulher negra nessas categorias, mas antes fui analisar outros comentários na página de Eron. Minha hipótese era de que havia outros comentários “elogiosos” como esse vindo de outras pessoas brancas. Mas ao me deparar com os demais comentários, fiquei espantada com as altas doses de machismo e racismo despejados em Eron. Algumas vezes em forma de falsos elogios, mas outras tantas, de forma explícita, proposital e inconsequente, com o único objetivo de desqualificá-la enquanto mulher negra.

O racismo cordial é discurso inerente à branquidade racista no Brasil. (Imagem retirada do texto de Luis Alberto SIlva – Brasil, Demagogia Racial – no Jornal Nacional do Movimento Negro Unificado, de maio/junho/julho de 1991)
A direita racista agradece e elogia esta mulher “negra, porém, bonita e inteligente” (sic), uma espécie de racismo cordial dentro da hierarquia racial no Brasil. Como afirma o sociólogo Ronaldo Sales Jr (2006, p.230), essa cordialidade é algo como uma “tolerância com reservas”, que diminui a tensão racial. Mas essa mesma cordialidade não se aplica a “negros impertinentes”. Ou seja, Eron é “digna” de um elogio, apesar de ser negra, pois ser bonita e ser inteligente não são atributos pertencentes às mulheres negras. A beleza das mulheres negras, quando destacada, é quase sempre de cunho sexual, o corpo da mulher negra tem sido socializado para servir basicamente de duas formas: ao trabalho braçal e ao sexo farto. É a dupla imagem da mulher negra: mulata e doméstica, afirma Lélia Gonzalez (1984, p. 224). São as eternas violências à autoestima de mulheres negras.

Mas engana-se quem pensa que foram apenas os comentários da direita racista que lotaram a página da deputada Eron. A quantidade de comentários de pessoas de esquerda criticando o voto de Eron com o uso de xingamentos, é enorme. A esquerda branca racista não contemplada por Eron abandona a cordialidade racista e parte para agressões, mas a cordialidade é mantida com Benedita da Silva por ter votado a favor do governo de Dilma. E se Benedita tivesse rompido com o PT e votado pelo impeachment? Haveria cordialidade? As duplas violências destinadas a mulheres negras só reforçam a inescrupulosa hierarquia racial existente no Brasil, na qual a gente preta ainda é vista pela branquidade com subalternidade e, que, desprovida de identidades e subjetividades próprias, acata a ordem do senhor escravocrata.

Recentemente Djamila Ribeiro publicou um texto no qual compara o “outro absoluto” sobre ser mulher nas obras de Grada Kilomba e Simone de Beauvoir. No texto, Djamila afirma que para Grada Kilomba “o olhar tanto de homens brancos e negros e mulheres brancas confinaria a mulher negra num local de subalternidade muito mais difícil de ser ultrapassado” (RIBEIRO, 2016). Dessa forma, referir-se a Eron com expressões como: “neguinha vendida”, “negra horrorosa”, “louca”, “maluca”, “preta colonizada q lambe cu de branco”, são violências e agressões tão racistas e sexistas que reforçam cada vez mais que a condição das mulheres negras é de um outro absoluto, solidificado na subalternidade, que não pode ser sujeito de sua própria fala, muito menos a mulher negra que causa desconforto, seja à direita ou à esquerda. Foram 367 votos a favor do impeachment, por que não fazer a mesma cobrança feroz à branquidade racista, que quer a redução da maioridade penal e permanente criminalização da mulher? Por que não se cobra que os herdeiros da casa grande superem sua tradição escravocrata? A branquidade racista, seja de direita ou de esquerda, mantém seu predomínio e seus privilégios em relação aos demais povos no Brasil.

A maioria das mulheres negras que eu conheço não está contemplada na fala de Eron, mas eu nem conheço 20% das mulheres negras no Brasil. Eu concordo com o posicionamento político de Eron? Nenhum pouco. Não vejo como suas alianças podem nos favorecer. Minha compreensão de luta antirracista inclui lutar para que o povo negro não sofra mais um golpe. E isso inclui pensar na vida da juventude negra e pobre e não apoiar a redução da maioridade penal, pensar na vida de mulheres negras e pobres e apoiar a legalização do aborto, não permitir que mulheres estupradas sejam duplamente violentadas. E isso exige um trabalho árduo de denúncias, busca pelo empoderamento, cruzar estatísticas, projetos, planos e lutas por políticas públicas que diminuam as sequelas de quase 400 anos de escravidão nesse país. Mas mesmo com todas as nossas divergências políticas, jamais estarei conivente com as abordagens racistas e sexistas em relação a Eron ou a qualquer mulher negra.


Referências bibliográficas

GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. In: Revista Ciências Sociais Hoje, Anpocs, 1984, p. 223-244.

RIBEIRO, Djamila. A categoria do Outro: o olhar de Beauvoir e Grada Kilomba sobre ser mulher. São Paulo: Blog da Boitempo, 2016. Disponível em Acessado em 19 Abril 2016

OLIVEIRA, Flávia. Câmara só terá dez deputadas negras. Rio de Janeiro: Blog O Globo, 2014. Disponível em < http://blogs.oglobo.globo.com/flavia-oliveira/post/camara-so-tera-dez-deputadas-negras-551968.html >


SALES JR, Ronaldo. Democracia racial: o não-dito racista. In: Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 18, n. 2, 2006, p. 229-25.

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