“Je suis Jean Wyllys” e não abro. Muitos foram os votos
emocionados e indignados contra a farsa encenada no último domingo na Casa dos
Representantes do povo, mas o dele foi o que mais me representou.
Houve, por exemplo, o voto da deputada federal Professora
Marcivânia, do PCdoB do Amapá:
“Eu acho que nunca vi tanta hipocrisia junta por metro
quadrado. Dizer que vai votar contra a corrupção colocando Michel Temer e
Eduardo Cunha como presidente e vice, é de uma hipocrisia que não tem tamanho,
e o povo sabe e vai enxergar isso. Então, pela democracia, contra o golpe de
Estado e Institucional que está sendo feito por esta Casa, eu voto
tranquilamente e com a minha consciência: não!!”
Confira, abaixo, o voto dela, que chega perto do de Jean,
porém sem conseguir se equiparar em termos de força e coragem [aqui].
Caberia a Jean (com quem busco manter interlocução via
What’ss App devido ao proveito que geram sua lucidez, sua estatura moral e sua
competência) representar os milhões de brasileiros que, ainda que minoritários,
repudiamos com veemência o golpe asqueroso que está sendo desfechado contra a
democracia brasileira.
Vale rever quantas vezes for possível, portanto, o belíssimo
voto do deputado Jean Wyllys contra o golpe, o qual subscrevo em cada letra, em
cada vírgula, em total concordância e apoio [aqui].
Além do vídeo, faço questão de transcrever, ipsis-litteris,
cada palavra de Jean:
“Bom, em primeiro lugar eu quero dizer que eu estou
constrangido de participar dessa farsa, dessa eleição indireta, conduzida por
um ladrão, urdida por um traidor, conspirador e apoiada por torturadores,
covardes, analfabetos políticos e vendidos. Essa farsa sexista. Em nome dos
direitos da população LGBT, do povo negro exterminado nas periferias, dos
trabalhadores da cultura, dos sem-teto, dos sem-terra, eu voto não ao golpe. E
durmam com essa, canalhas!“
Quantos milhões de brasileiros trocariam anos da própria
vida pela oportunidade de chamar aqueles canalhas de canalhas? Afinal, como diz
matéria do maior jornal do mundo, o The New York Times, publicada na primeira
página, uma presidente honesta está para ser cassada por criminosos. Dessa
forma, a oportunidade de chamar esses criminosos e o ato deles contra Dilma
daquilo que uns e outro são é imperdível para qualquer democrata.
Mas o coroamento do desempenho de Jean no último domingo
viria em seguida. Antes dele, o dublê de parlamentar e militantes fascista Jair
Bolsonaro havia proferido um voto asqueroso em favor do golpe.
Bolsonaro elogiou Eduardo Cunha, processado pelo Supremo
Tribunal Federal por ter sido descoberto dinheiro de propina em contas em seu
nome na Suíça que não foram declaradas às autoridades fazendárias do país, e
cometeu verdadeiro sincericídio ao reconhecer e comparar o golpe de 1964 com o
impeachment de Dilma, conforme mostra o vídeo [aqui].
Após o voto de Jean, o fascistoide tratou de provocá-lo com
insultos homofóbicos. No vídeo a seguir é possível ver claramente a provocação;
Bolsonaro faz gestos para chamar a atenção de Jean e insultá-lo. Foi aí que o
deputado pelo PSOL fluminense marcou um golaço em nome dos oprimidos, dos
torturados, dos vilipendiados por aqueles que o The New York Times chamou de
criminosos por estarem destruindo a nossa jovem democracia.
Vale rever essa cena quantas vezes for possível [aqui]:
Jean Wyllys cuspiu em tudo que é mais nefasto neste país.
Cuspiu no golpe que está sendo desfechado contra a democracia; cuspiu no
preconceito contra homossexuais, negros, nordestinos e contra todos aqueles que
são vítimas da intolerância com a diferença; cuspiu na corrupção que
caracteriza aqueles que votaram contra a democracia no domingo (ainda segundo o
diário NYT); e, para coroar toda essa obra, Jean cuspiu na ditadura militar, da
qual Bolsonaro é hoje o símbolo vivo.
Desse modo, os democratas, os que lutam contra o
preconceito, os que desprezam a corrupção, os que execram a ditadura militar
que se abateu sobre este país temos obrigação de dizer a uma só voz: somos
todos Jean Wyllys. Conte com nosso apoio, companheiro!
***
PS: Se você quiser saber mais sobre Bolsonaro, assista vídeo
de 1999 em que ele prega fechamento do Congresso, torturas e genocídio,
“começando por FHC” [aqui].
Via - Blog do Miro
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