O ano era 1961 e o Brasil passava por um momento de grande
instabilidade política. Com a renúncia de Jânio Quadros, militares impediam o
seu vice, João Goulart, de assumir a Presidência da República. Neste contexto
dos anos dourados, artistas, através da música, expressavam o seu engajamento
na luta em defesa da legalidade. E foi com esse espírito que surgiu o Samba da
Legalidade.
De autoria de Zé Kéti e Carlos Lyra, a canção soa atual em
um contexto de golpe em curso que o país vive em 2016, onde a presidenta da
República Dilma Rousseff, reeleita democraticamente com mais de 54 milhões de
votos, é impedida de governar desde o primeiro dia do seu mandato, reflexo das
manobras da direita que não aceita o recado das urnas.
O ápice das movimentações para impor a agenda de caos no
país foi a abertura do processo de impeachment, que será votado no Congresso
Nacional nesta semana.
Movimentos sociais, lideranças políticas e a sociedade civil
organizada denunciam que, assim como em 1961, a derrubada de um presidente sem
comprovação de crime se configura um golpe de Estado.
Confira abaixo o trecho e o áudio da música, interpretado
por Nara Leão:
“Dentro da legalidade
Dentro da honestidade
Ninguém tira o meu direito
Quando querem anarquia
Ele mima teimosia
Mostrando todo defeito
Se o samba está errado
Eu não vou ficar calado
Consertando a melodia
Sou poeta popular
Dentro da honestidade
Ninguém pode me calar
Eu não sou politiqueiro
Meu negócio é um pandeiro
Dentro da legalidade
Sou poeta popular
Dentro da legalidade
Ninguém pode me calar”
Via Portal Vermelho
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