Denúncia publicada na edição da revista Veja que chega às bancas neste fim de semana informa que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), campeão de citações nas delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht, recebeu propina em uma conta em Nova York, nos Estados Unidos. A declaração consta no depoimento do ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Junior, um dos 78 executivos da empreiteira a firmar acordo de delação com a Justiça.
Em seu depoimento, BJ, como é conhecido, afirmou que a
construtora baiana fez depósitos para Aécio em conta sediada em Nova York
operada por sua irmã e braço-direito, a jornalista Andrea Neves. Os valores, de
acordo com BJ, foram pagos como “contrapartida” ao atendimento de interesses da
construtora em empreendimentos como a obra da Cidade Administrativa do governo
mineiro, realizada entre 2007 e 2010, e a construção da usina hidrelétrica de
Santo Antônio, no Estado de Rondônia, de cujo consórcio participa a Cemig, a
estatal mineira de energia elétrica.
Nas delações de executivos da Odebrecht, Aécio Neves é o
político que recebeu uma das mais altas somas da construtora, R$ 70 milhões.
Este valor não aparece nas contas de campanha do senador tucano declaradas ao
Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com informações do TSE, Aécio
recebeu oficialmente da Odebrecht R$ 15,9 milhões, uma diferença de mais de R$
50 milhões em relação ao que foi relatado nas delações da empreiteira. Destes
R$ 70 milhões, cerca de R$ 50 milhões foram repassados ao senador depois que a
Odebrecht venceu o leilão para a construção da hidrelétrica de Santo Antônio,
em dezembro de 2007, de acordo com outra delação, a de Marcelo Odebrecht.
Aécio Neves é campeão de pedidos de investigação na lista de
Janot
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) lidera a lista de pedidos de
abertura de investigação entregues pelo procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF). A relação de nomes que são alvo de
inquérito com base nas delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht foi
entregue ao Supremo na semana passada.
De acordo com a coluna Expresso, da revista Época, o
depoimento de Henrique Valladares, ex-executivo da Odebrecht, é devastador para o tucano. Valladares
revelou que Aécio recebeu propina numa conta secreta em Cingapura em nome de um
amigo. O ex-executivo afirma que Aécio tinha esquema com Dimas Toledo,
ex-dirigente de Furnas. O pagamento em Cingapura foi vinculado a benefícios
obtidos pela empreiteira em Furnas, diretamente a investimentos no Rio Madeira.
De acordo com as delações, o senador do PSDB também é
acusado de receber propina nas obras da Cidade Administrativa, sede do governo
de Minas Gerais. Uma das parcelas da propina foi entregue numa concessionária
da capital mineira que pertence a Oswaldo Borges, uma espécie de tesoureiro
informal do tucano, segundo a revista. Quem relatou o acerto do pagamento da
propina foi Sérgio Neves, ex-executivo da Odebrecht.
Na lista dos pedidos de inquérito que Rodrigo Janot enviou
ao Supremo na terça-feira (14) há pelo menos cinco ministros do governo de
Michel Temer. Há 83 pedidos de abertura de inquérito, a partir dos acordos de
colaboração premiada firmados com 77 executivos e ex-executivos das empresas
Odebrecht e Braskem. Também foram solicitados 211 declínios de competência para
outras instâncias da Justiça, nos casos que envolvem pessoas sem prerrogativa
de foro, além de sete arquivamentos e 19 outras providências.
Delator diz que Aécio Neves era "o mais chato"
para cobrar propina
O delator Carlos Alexandre de Souza Rocha, conhecido como
Ceará, responsável pela entrega de valores, afirmou em depoimento gravado ter
ouvido que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) era "o mais chato" na
cobrança de propina junto à empreiteira UTC.
De acordo com a reportagem, em dezembro, "Ceará"
afirmara em sua delação ter levado R$ 300 mil a um diretor da UTC no Rio, de
sobrenome Miranda, que seriam destinados a Aécio. Rocha era um dos
transportadores de valores contratados pelo doleiro Alberto Youssef.
Ainda segundo a Folha, no vídeo ao qual a reportagem teve
acesso, Rocha disse que o episódio lhe "marcou muito". Contou que
Miranda estava ansioso pela "encomenda" e teria lhe falado:
"Esse dinheiro tá me sendo muito cobrado". Questionado por
"Ceará", o diretor da UTC teria respondido que se tratava de Aécio o
destinatário do dinheiro. "[Miranda] ainda falou que era o mais chato que
tinha para cobrar", contou Rocha.
De acordo com a gravação, quando perguntado se o dinheiro
tinha sido encaminhado para Aécio, Rocha disse: "Sim, senhor. Ele
[Miranda] falou bem claro pra mim em alto e bom som". Segundo o delator, o
diretor teria feito um "desabafo": "Eu sei que ele fez esse
comentário, que era quem cobrava, enchia o saco, ele tava de saco cheio de
tanta cobrança desse dinheiro".
Via - Jornal do Brasil
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