Ex-presidente diz em Lima que integração latino-americana deve ser uma profissão de fé e recorda que era criticado por apostar em um modelo que não passava apenas por Estados Unidos e Europa
Por Redação RBA
São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
afirmou hoje (5), em Lima, no Peru, que a integração latino-americana evoluiu
muito na última década, mas está longe de atingir seu potencial. “No lugar onde
eu estiver, na hora que for, a integração da América Latina para mim será uma profissão
de fé. Porque não posso conceber que nascemos para ser pobres”, disse, ao lado
do presidente peruano, Ollanta Humala, frente a uma plateia de empresários e
políticos.
A cerimônia marcou o aniversário de 10 anos da assinatura da
Aliança Estratégica Brasil-Peru, firmada por Lula e pelo então presidente do
país vizinho, Alejandro Toledo. O brasileiro recordou que foi muito criticado
por firmar o acordo de integração econômica e viária, pois vários setores no
Brasil consideravam que o desenvolvimento seria alcançado apenas por meio de
relações com a União Europeia e os Estados Unidos. "A América do Sul não
existia, nem a América Latina, não existia África nem os países árabes... Eu
achava que a geografia comercial e política do mundo poderia ser modificada se
acreditássemos em nós mesmos, mas não era um discurso fácil", declarou
Lula.
Em 2003, as relações comerciais do Brasil com a América do
Sul eram de US$ 15 bilhões, contra US$ 70 bilhões atualmente. O fluxo comercial
entre Brasil e Mercosul cresceu de US$ 9 bilhões a US$ 42 bilhões em uma
década, segundo os dados citados por Lula. "Com um pouco de vontade
podemos concretizar as coisas, a relação com o Peru ainda não alcançou 10% de
todo seu potencial", disse o ex-presidente, durante o fórum realizado para
celebrar os dez anos da aliança bilateral.
Entre 2002 e 2012, a corrente de comércio entre Brasil e
Peru passou de US$ 650 milhões para US$ 3,7 bilhões, um aumento de 464%. De
acordo com Lula, as duas nações "vivem momentos extraordinários, com uma combinação
que revolucionará a América Latina porque nunca se fez tanta política social na
América do Sul como hoje".
O presidente peruano concordou com Lula no sentido de que
ainda é possível explorar mais o potencial de comércio bilateral. Humala, chamando
o brasileiro de “compatriota”, afirmou que o modelo de combate à pobreza de seu
governo foi inspirado na política social da gestão petista. “Sozinhos podemos
ser mais rápidos, mas juntos podemos avançar mais longe”, resumiu o peruano.
Humala disse que, embora o Peru tenha grande potencial na
agroexportação, o projeto não é se transformar em um mero vendedor de
commodities. Por isso, argumentou, é preciso garantir transferência de
tecnologia e superar desafios de infraestrutura. “Precisamos fazer a integração
caminhar ainda mais rápido.”
Em Lima, Lula recebe o título de doutor honoris causa da
Universidade Nacional Maior de São Marcos, a mais antiga universidade das
Américas, fundada em 1551. Amanhã (6), em Quito, no Equador, Lula se encontra
com o presidente Rafael Correa e recebe a Condecoração da Ordem Nacional de San
Lorenzo, e na sexta-feira, faz uma palestra e recebe mais três títulos de
doutor honoris causa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário