“Ressurge a Democracia”Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem.
Ontem de noite, após participar como observador do protesto na Conde da Boa Vista, fui buscar minha noiva no trabalho. Contornei pela Agamenon Magalhães, que a princípio estaria sem interdição. Ao parar no sinal do Parque Amorim, uns 300 jovens chegaram e fecharam a Avenida.
Desci calmamente do carro para esperar o protesto passar, sem problemas, até por entender que o país todo estava assim.
Passou um hora. Duas horas, e nada.
Quando vi, os 300 jovens viraram apenas uns 30, que resolveram fechar com pedras a avenida. Um deles, irresponsável ao limite, vendo um carro que ameaçava avançar, colocou seu filho de uns 12 anos na frente dele para evitar.
Senti aquele clima de saída de jogo, de enfrentamento de torcida organizada, prevendo que aquilo não iria acabar bem. Pequenos assaltos começaram a acontecer pelas ruas, em um clima de vale-tudo.
Já passava das 22 horas (já passara 3 horas), quando a mulher do carro ao lado do meu, que estava grávida, começou a passar mal e vi que ia fazer o trabalho de parto lá mesmo. Como não tinha como fazer, algumas pessoas tiraram ela do carro e atravessaram a Agamenon com ela nos braços para o HR, e aí perdi o que teria acontecido.
Chegou um policial e disse para eu tirar o carro de ré, que estariam manobrando pela Dom Bosco, porque a Polícia ia chegar e abrir à força.
Após três horas saí de lá prevendo o pior.
Vendo aqueles poucos jovens que sobraram, escutando o noticiário da CBN com o que acontecia em Brasília e São Paulo, metade deles com a cara coberta, deu tempo para refletir e ver que coisa ruim vem por aí.
Ao chegar em casa acabei escrevendo para o Acerto de Contas um pouco do que tinha visto, em um artigo chamado “Estamos brincando de revolução“.
Observando o noticiário de hoje, conversando com amigos que possuem blogs em SP e a repercussão nas redes sociais, não é difícil entender que o quebra-cabeça pode começar a se fechar aleatoriamente.
Como não gosto desta Teoria de Vitimização de parte da esquerda, me sinto completamente à vontade para dar esta opinião.
Estamos com um Governo fraco institucionalmente. O PT perdeu completamente as ruas, e ao tentar engrossar as passeatas junto com o PCdoB e entidades, acabaram rechaçados. Até uma bandeira do MST foi queimada.
Além disso, a população, essencialmente a de origem urbana e de classe média, percebeu que, quando quer, o Estado faz, já que levantaram estádios europeus com uma eficiência japonesa. Mas os hospitais e escolas continuam com a qualidade da Zâmbia.
E para piorar, desde ontem um boato de que a Fifa poderia cancelar a Copa das Confederações está pairando no ar. O jornalista Juca Kfoury, que possui excelentes fontes, deu a senha: Blatter já não estaria no Brasil, o que foi confirmado pelo Governo, que se disse surpreso. A Fifa diz que ele está na Turquia, em outro evento.
Se isso acontecer, será uma tragédia irreparável. O prejuízo financeiro para o país, que se verá contratualmente obrigado a indenizar centenas de patrocinadores, será imenso. Isto sem falar na imagem institucional e nos estádios, que definitivamente virarão elefantes brancos. Apesar da negativa da Seleção da Itália, algo esquisito está no ar, e basta uma pedra voar em um ônibus de uma seleção para que o milho vire pipoca.
Como a Rede Globo e outras emissoras estão tratando de insuflar harmoniosamente as manifestações pacíficas, as “minorias” das passeatas estão se sentindo cada vez mais maiorias, ao final da cerimônia que ontem pareceu um belo desfile cívico.
E em um cenário de patriotismo exacerbado, com centenas de milhares de jovens nas ruas com apoio popular imenso, e manifestações mais ousadas (para dizer o mínimo), sem ninguém para negociar, e mesmo sem ter o que negociar, resta pouco para um Fora Dilma começar a ganhar o país.
O que estão pedindo? Ônibus mais baratos? Melhores? Educação melhor? Hospital melhor?
Tudo ótimo, porém o Governo vai negociar com quem? Como fechar compromissos de longo prazo com uma multidão enfurecida por justiça? Impossível.
E neste cenário, onde Governadores estão achando melhor deixarem suas polícias de lado, está faltando pouco, muito pouco, para Dilma convocar o exército para garantir a segurança. A não ser que queira ver o Congresso e o Palácio do Planalto incendiados em duas semanas.
Claro. Isso depois dos manifestantes pacíficos deixarem as passeatas em direção às suas casas e assistirem à confusão e depredação ao vivo pela Globo News, repudiando os “vândalos”, que nada mais são do que extremistas de esquerda e direita, unidos na tarefa de deixar o país em chamas.
E se o Fora Dilma ganhar as ruas, qual a saída?
Os grupos de extremistas decidirão quem assume? Como não tem liderança alguma, os de esquerda irão desejar um Kim Il-Sung à brasileira, já os de direita um Mussolini Tupiniquim, quem sabe um integrante dos Carecas do Subúrbio, do ABC.
Irão resolver como, na bala? Muitos gostariam, mas não ganhariam uma disputa duelar com os bandidos de qualquer favela carioca.
E a saída institucional?
Temer? Obviamente que não.
Renan Calheiros ou Henrique Eduardo Alves, ambos do PMDB? Claro que não.
Resta a saída honrada, dura e honesta, fora da política, que agradará a gregos e troianos da massa: uma espécie de Sassá Mutema.
Não falta mais: o salvador da pátria pode ser facilmente encarnado na toga de Joaquim Barbosa.
Se for isso que o povo deseja, está ok, mas parem o avião que eu vou subir.
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