Presidente boliviano intima Chefes de Estado europeus a
quitarem a dívida estratosférica que a Europa possui com a América Latina.
Vi no face do Paulo Andrade
Com linguagem simples, que era transmitida em tradução
simultânea a mais de uma centena de Chefes de Estado e dignitários da
Comunidade Européia, o Presidente Evo Morales conseguiu inquietar sua audiência
quando disse:
"Aqui eu, Evo Morales, vim encontrar aqueles que
participam da reunião.
Aqui eu, descendente dos que povoaram a América há quarenta
mil anos, vim encontrar os que a encontraram há somente quinhentos anos.
Aqui pois, nos encontramos todos. Sabemos o que somos, e é o
bastante. Nunca pretendemos outra coisa.
O irmão aduaneiro europeu me pede papel escrito com visto
para poder descobrir aos que me descobriram. O irmão usurário europeu me pede o
pagamento de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei a
vender-me.
O irmão rábula europeu me explica que toda dívida se paga
com bens ainda que seja vendendo seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes
consentimento. Eu os vou descobrindo. Também posso reclamar pagamentos e também
posso reclamar juros. Consta no Archivo de Indias, papel sobre papel, recibo
sobre recibo e assinatura sobre assinatura, que somente entre os anos 1503 e
1660 chegaram a San Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de
quilos de prata provenientes da América.
Saque? Não acredito! Porque seria pensar que os irmãos
cristãos pecaram em seu Sétimo Mandamento.
Expoliação? Guarde-me Tanatzin de que os europeus, como
Caim, matam e negam o sangue de seu irmão!
Genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como
Bartolomé de las Casas, que qualificam o encontro como de destruição das
Indias, ou a radicais como Arturo Uslar Pietri, que afirma que o avanço do
capitalismo e da atual civilização europeia se deve à inundação de metais
preciosos!
Não! Esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de
prata devem ser considerados como o primeiro de muitos outros empréstimos
amigáveis da América, destinado ao desenvolvimento da Europa. O contrário seria
presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito não só de exigir
a devolução imediata, mas também a indenização pelas destruições e prejuízos.
Não
Eu, Evo Morales, prefiro pensar na menos ofensiva destas
hipóteses.
Tão fabulosa exportação de capitais não foram mais que o
início de um plano ‘MARSHALLTESUMA’, para garantir a reconstrução da bárbara
Europa, arruinada por suas deploráveis guerras contra os cultos muçulmanos,
criadores da álgebra, da poligamia, do banho cotidiano e outras conquistas da
civilização.
Por isso, ao celebrar o Quinto Centenário do Empréstimo,
poderemos perguntar-nos: Os irmãos europeus fizeram uso racional, responsável
ou pelo menos produtivo dos fundos tão generosamente adiantados pelo Fundo Indoamericano
Internacional?Lastimamos dizer que não. Estrategicamente, o dilapidaram nas
batalhas de Lepanto, em armadas invencíveis, em terceiros reichs e outras
formas de extermínio mútuo, sem outro destino que terminar ocupados pelas
tropas gringas da OTAN, como no Panamá, mas sem canal. Financeiramente, têm
sido incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de cancelar o
capital e seus fundos, quanto de tornarem-se independentes das rendas líquidas,
das matérias primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o
Terceiro Mundo. Este deplorável quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman
segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a
reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e os juros que, tão
generosamente temos demorado todos estes séculos em cobrar. Ao dizer isto,
esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus as vis
e sanguinárias taxas de 20 e até 30 por cento de juros, que os irmãos europeus
cobram dos povos do Terceiro Mundo. Nos limitaremos a exigir a devolução dos
metais preciosos adiantados, mais o módico juros fixo de 10 por cento,
acumulado somente durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça.
Sobre esta base, e aplicando a fórmula européia de juros
compostos, informamos aos descobridores que nos devem, como primeiro pagamento
de sua dívida, uma massa de 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de
prata, ambos valores elevados à potência de 300. Isto é, um número para cuja
expressão total, seriam necessários mais de 300 algarismos, e que supera
amplamente o peso total do planeta Terra.
Muito pesados são esses blocos de ouro e prata. Quanto
pesariam, calculados em sangue?
Alegar que a Europa, em meio milênio, não pode gerar
riquezas suficientes para cancelar esse módico juro, seria tanto como admitir
seu absoluto fracasso financeiro e/ou a demencial irracionalidade das bases do
capitalismo.
Tais questões metafísicas, desde logo, não inquietam os
indoamericanos. Mas exigimos sim a assinatura de uma Carta de Intenção que
discipline os povos devedores do Velho Continente, e que os obrigue a cumprir
seus compromissos mediante uma privatização ou reconversão da Europa, que
permita que a nos entregue inteira, como primeiro pagamento da dívida histórica."
Adorei. Mais um Latino Americano de coragem.
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