Os uruguaios elegeram nesse domingo (30) o sucessor do
presidente José Pepe Mujica. O médico socialista Tabaré Vasquez venceu as
eleições e em 1º de março de 2015 tomará posse. Tabaré governou de 2005 a 2010.
Este vai ser o terceiro governo consecutivo da coligação de partidos de
esquerda, a Frente Ampla.
No discurso em que festejou a vitória, Tabaré convocou a
oposição a um diálogo. “Convoco todos os uruguaios, não para que me sigam, mas
para que me guiem e me acompanhem”, disse. Ao mesmo tempo prometeu que seu
retorno ao poder não representará “mais do mesmo” porque o país que vai
presidir nos próximos cinco anos “não é o mesmo de 2005 nem de 2010”.
Tabaré Vasquez disputou o segundo turno das eleições
presidenciais com o candidato do tradicional Partido Nacional (ou Blanco), Luis
Lacalle Pou. Ele obteve 53,6% dos votos, enquanto seu adversário ficou com
41,1%. A Frente Ampla ainda assegurou a maioria no Congresso, no primeiro turno
das eleições, em outubro passado.
No Uruguai, o Congresso é totalmente renovado a cada troca
de governo. E os eleitores são obrigados a escolher candidatos a presidente, à
Câmara dos Deputados e ao Senado do mesmo partido. Todos têm mandatos de cinco
anos e o presidente não pode ter dois mandatos consecutivos.
A legislação, no entanto, não impede que uma pessoa dispute
o cargo de presidente e uma vaga no Congresso, em uma mesma eleição, ou que o
presidente em exercício se candidate ao Senado. Por isso, no dia 1º de março,
Lacalle Pou (que foi derrotado na eleição presidencial, mas obteve votos
suficientes na eleição legislativa) assumirá como senador pelo Partido
Nacional. José Pepe Mujica vai liderar a bancada da Frente Ampla no Senado.
Em entrevista à Agência Brasil, Mujica disse que quer
impulsionar uma reforma constitucional e criar mecanismos para evitar a
corrupção politica. A primeira-dama, a senadora Lucia Topolanski, foi reeleita
em outubro e vai integrar a bancada governista junto com o marido.
Segundo Victor Rossi, que foi ministro de Transporte e Obras
Públicas na primeira gestão de Tabaré Vasquez, o novo governo vai manter a
política de redistribuição da riqueza dos últimos dez anos, que deu bons
resultados: a redução da pobreza de 39% a 11% e a queda do desemprego. “Mas
existem novos desafios porque os uruguaios hoje estão mais exigentes do que em
2005 e em 2010”, disse Rossi.
Responsável por conduzir a Frente Ampla ao poder, rompendo
com a hegemonia dos partidos Nacional e Colorado (ambos com mais de 170 anos de
existência), Tabaré Vasquez obteve votação histórica. Ele ganhou as eleições
com a maior margem de diferença em relação ao segundo colocado desde 1996.
Com Agência Brasil
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