Milo Yiannopoulos provoca um incêndio a cada passo que dá.
Católico, homossexual, poeta fracassado e ultradireitista impenitente, esse
provocador nato é uma das estrelas do Breitbart News, um portal de
"notícias" que era dirigido por Steve Bannon antes de ocupar o cargo
de estrategista-chefe de Donald Trump.
Milo Yiannopoulos, em seu comício anti-islâmico em Orlando (Flórida). |
A partir desse bastião extremista, que apoiou as propostas
mais explosivas do republicano, Yiannopoulos alcançou uma notoriedade que agora
se virou contra ele. Dono de um humor ferino, aos 33 anos cruzou um limite que
dificilmente poderá superar: durante entrevistas gravadas em vídeo defendeu a
pedofilia e chegou a fazer piada sobre o tema.
O resultado foi fulminante. A Conferência de Ação Política
Conservadora, o sanctum sanctorum da direita americana, retirou o convite para
participar de seu grande ato na quarta-feira. A editora Simon & Schuster
cancelou a publicação de sua autobiografia (Dangerous), pela qual tinha pago um
adiantamento de US$ 250 mil (R$ 750 mil). E seus próprios colegas do Breitbart,
possivelmente assombrados com a magnitude do incêndio, anunciaram que pedirão
demissão se o amador Yiannopoulos não renunciar ao cargo de editor.
Ele deu finalmente esse passo e divulgou uma nota:
"Breitbart me apoiou quando outros não o faziam. Permitiram que eu levasse
minhas ideias libertárias e conservadoras a comunidades que, de outro modo, não
iriam conhecê-las. São um fator significativo do meu êxito. Cometeria um erro
se minhas palavras distraíssem vocês do importante trabalho de meus colegas.
Por isso hoje peço demissão de Breitbart. A decisão é apenas minha".
Escândalos não são novidade para Yiannopoulos. Defensor de
que os homossexuais “voltem para o armário” e islamófobo raivoso, suas
palestras frequentemente foram suspensas porque os convidados se recusavam a
aparecer ao lado de semelhante carga de nitroglicerina.
O Twitter, depois de lhe enviar uma advertência pelos
comentários racistas sobre a matança de Orlando, cancelou sua conta de forma
permanente devido aos ataques racistas à atriz Leslie Jones. No início do mês,
um grupo de estudantes da Universidade da Califórnia em Berkeley (São
Francisco) impediu com violência uma palestra dele.
O protesto alcançou tamanha repercussão que o próprio Trump,
já presidente, tuitou ameaças em favor de Yiannopoulos. “Se a Universidade de
Berkeley não permite a livre expressão e pratica a violência com pessoas
inocentes que têm um ponto de vista diferente - Corte de recursos federais?”.
Fonte: El País
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