Ruth Pinto de Souza (Rio de Janeiro RJ, 12 de maio de 1921).
Atriz. Funda e integra o Teatro Experimental do Negro e participa dos elencos
de Os Comediantes.
A atriz Ruth de Souza | FOTO: Kadão Costa/Estúdio Líquido |
Ainda adolescente, entra para o Teatro Experimental do Negro - TEN, companhia de Abdias do Nascimento, onde atua no espetáculo de estreia, O Imperador Jones, de Eugene O'Neill, 1945. No ano seguinte, se apresenta em Todos os Filhos de Deus Têm Asas, novamente de O'Neill, e do Festival do Segundo Aniversário do TEN, que apresenta, entre outras peças, O Moleque Sonhador, de O'Neill. Em 1947, Ruth de Souza é convidada a participar de Terras do Sem Fim, de Jorge Amado, realizada por Os Comediantes, com direção de Zigmunt Turkov. A atriz interpreta a personagem Joana, a quem ela retorna anos depois na versão cinematográfica do romance. Permanece no TEN enquanto duram suas atividades, sempre interpretando as principais personagens femininas. Em 1947, recebe o prêmio revelação pelo desempenho em O Filho Pródigo, de Lucio Cardoso, direção de Abdias do Nascimento.
Na década de 1960, atua, entre outros, em Quarto de Despejo,
adaptação de Edi Lima para o livro de Carolina de Jesus, com direção de Amir
Haddad, 1961; em Vereda da Salvação, de Jorge Andrade, com direção de Antunes
Filho, 1964; na montagem de Sergio Cardoso para Vestido de Noiva, de Nelson
Rodrigues, no Teatro Brasileiro de Comédia - TBC, 1965. Com bolsa da Fundação
Rockfeller, estuda cinema em Cleveland, nos Estados Unidos, onde trabalha como
atriz e faz assistência de direção de filmes.
De volta ao Brasil, começa a fazer seguidas participações na
televisão. No cinema, atua em cerca de 40 filmes e recebe prêmios da crítica.
Entre seus principais trabalhos destacam-se Terra Violenta, direção de Alberto
Cavalcanti, baseado no roteiro de Graça Mello para Terras do Sem Fim, de Jorge
Amado, 1948; Sinhá Moça, direção de Tom Payne, filme em que concorreu ao prêmio
de melhor atriz no Festival de Veneza em 1951; Assalto ao Trem Pagador, direção
de Roberto Farias; Jubiabá, direção de Nelson Pereira dos Santos.
Em 1983, sob a direção de Luiz Carlos Maciel, protagoniza,
mais uma vez, Réquiem para uma Negra, de William Faulkner.
O cronista Artur da Távola descreve sua personalidade e seu
estilo: "Consegue condensar no tipo físico, maneira de ser em cena, falar,
olhar, postar-se, as densidades e dores dos oprimidos. Se na órbita pessoal é
tímida, discreta, ser de nenhuma bulha, em cena alardeia megatons de
eletricidade, magnetismo e comoção inexplicáveis [...]. O rosto é
expressionista e doloroso; consegue, porém, as iluminações da comédia, embora
vocacionada para o sofrimento. A voz de Ruth contrasta com o rosto intenso. É
de melopéias; é suave, possui timbre de pessoa equilibrada e doçuras de
carícia. Voz para palavras de consolação, traz calmas ancestrais, de quem
sofreu antes; traduz não o conformismo, porém a compreensão".
( TÁVOLA, Artur da. Ruth de Souza sacerdotisa da dramaturgia,
O Globo, Rio de Janeiro, 28 de janeiro de 1986.)
UMA DIVA DA ARTE BRASILEIRA
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