Organizações da sociedade civil criticaram atuação da PM
durante protesto da terça-feira (12).
Após a repressão policial ocorrida na concentração do
segundo protesto contra o aumento das passagens em São Paulo, organizações da
sociedade civil repudiaram a atuação da PM durante a manifestação ocorrida na
terça-feira (12). O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em
nota, pediu "investigações e punição aos responsáveis".
No documento, o movimento lembra que protestos de rua são
direito constitucional: “manifestações públicas são um direito da população e
todos os espancamentos, intimidações, tiros e bombas de "efeito
moral", xingamentos, prisões arbitrárias e apropriações indevidas de
equipamentos de comunicação e/ou filmagem são injustificáveis e inadmissíveis”.
Nas redes sociais, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
(MTST) considerou a repressão policial como “brutal”, chamando o ocorrido de
“massacre”. Em sua página de Facebook, a Anistia Internacional se posicionou
afirmando que “protesto não é crime”. “É muito grave que a Polícia Militar de
São Paulo continue reprimindo protestos pacíficos com uso excessivo e
desnecessário da força e detenções arbitrárias”, afirmou a organização de
direitos humanos.
Políticos
O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), também se
posicionou sobre a violência ocorrida na Avenida Paulista. "Defendemos o
livre direito de manifestação e repudiamos mais este ato de violência da
polícia militar e do governo Alckmin . A luta contra o aumento da tarifa,
também reajustada pela prefeitura de São Paulo, é legítima, necessária e
garantida pela Constituição Federal", afirmou o parlamentar em sua página
de Facebook.
Os secretários municipais de Cultura e Direitos Humanos se
somaram aos que criticam a atuação da Polícia Militar. Eduardo Suplicy,
responsável pela segunda pasta, afirmou que a atuação da PM foi “violenta” e
que buscará o Ministério Público para mediar as tensões, linha já proposta pelo
prefeito.
“Terei hoje novo diálogo com o Promotor de Justiça Eduardo
Valério sobre a forma tão violenta com que a PM ontem reprimiu as manifestações
em São Paulo. Quando o comando da PM dialogava com os representantes do
Movimento Passe Livre sobre o roteiro da manifestação começaram as explosões de
bombas que generalizaram os conflitos. É necessário um esforço do MP para
mediar um entendimento para que não se repitam os tristes episódios de
violência e se garanta o direito à livre manifestação”.
Nabil Bonduki, titular da Cultura, apontou para o fato de
que a repressão desproporcional à reivindicação em torno da mobilidade urbana
atinge a própria sociedade democrática.
“Como em 2013, a ação violenta e injustificada da Polícia
Militar nas manifestações de rua em São Paulo está transformando o movimento
contra o reajuste inflacionário da tarifa de transporte coletivo, que é um
debate sobre políticas públicas, em um processo de restrição à liberdade de
expressão e conflito armado. As conseqüências são imprevisíveis sobretudo em
uma conjuntura em que os ataques a democracia e o apoio a praticas autoritárias
crescem no país”.
O prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou
"preocupação". "As cenas são muito incompatíveis com a cidade de
São Paulo e o que a gente deseja. São Paulo é palco de manifestações, ano
passado tivemos várias com 40 mil pessoas, 30 mil pessoas, sem incidentes. Nós
queremos que a nossa cidade continue sendo um palco de democracia onde as
pessoas possam se manifestar livremente", afirmou.
Confira a nota do MST na íntegra:
O Movimento vê como desastrosa a ação da polícia do Estado
de São Paulo contra manifestantes e a população em geral que, de forma
pacífica, estava nas ruas lutando por seu livre direito de mobilização e
organização na noite dessa terça-feira (12) no '2º Grande Ato Contra O Aumento
das Tarifas do Transporte Público', organizado pelo Movimento Passe Livre
(MPL).
Os episódios de violência que tomaram as ruas da cidade e
que deixaram centenas de feridos, muitos com gravidade, demonstra o despreparo
dos agentes.
Partimos do pressuposto constitucional de que manifestações
públicas são um direito da população e todos os espancamentos, intimidações,
tiros e bombas de "efeito moral", xingamentos, prisões arbitrárias e
apropriações indevidas de equipamentos de comunicação e/ou filmagem são
injustificáveis e inadmissíveis.
Os fatos remetem aos episódios fatídicos ocorridos em junho
de 2013 e denunciados por organizações de direitos humanos em órgãos
internacionais de todo o mundo.
Esperamos que os responsáveis pelos ataques sejam
identificados e punidos para que episódios desta natureza não voltem a ocorrer.
Via – Brasil de Fato
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