A première de “The Birth of a Nation”, filme escrito,
dirigido e estrelado por Nate Parker (“Sem Escalas”), causou comoção no
Festival de Sundance.
Aplaudido de pé pelo público, o drama sobre escravidão
também arrancou os elogios mais entusiasmados da crítica durante a cobertura da
atual edição do festival do cinema independente americano.
O título mostra uma rebelião de escravos no século 19 e toma
emprestado o título de um marco cinematográfico, o clássico do cinema mudo
“Nascimento de uma Nação”, dirigido em 1915 por D.W. Griffith. Naquela época, o
filme descrevia os negros de forma estereotipada e apresentava os integrantes
da organização racista Ku Klux Klan como heróis.
“Fiz esse filme por um motivo: criar agentes de
transformação”, disse Parker, na entrevista coletiva após a exibição do filme.
“Sempre lidamos com nossa história, especialmente a escravidão, de forma muita
higienizada. Há uma resistência em lidar com esse material”, ele proclamou.
O filme surge num momento em que a discussão racial ocupa
espaço na cobertura de Hollywood, em meio aos protestos pela falta de atores
negros entre os indicados ao Oscar pelo segundo ano consecutivo.
Parker disse que vem trabalhando no roteiro há sete anos,
mas encontrou muitas dificuldades para levar o projeto adiante. Ele revelou que
alguns investidores que procurou chegaram a dizer que “não havia público para
essa história” e que “as pessoas fora do país não querem ver gente de cor”. Por
isso, precisou investir de seu próprio bolso e sacrificar algumas prioridades
de sua vida.
A situação mudou drasticamente após a repercussão do filme
em Sundance. Agora, os estúdios tiveram que brigar pelo direito de distribuí-lo
nos cinemas, pois a obra já é tida como um potencial favorito ao Oscar 2017.
A Fox Searchlight acabou ficando com a produção por US$ 17,5
milhões, uma oferta menor que a do Netflix, que chegou a oferecer US$ 20
milhões, segundo apurou a revista Variety. Mesmo assim, o valor é o mais
elevado já pago pela distribuição de um filme do festival. Na gora de se
decidir, o diretor optou pela Fox, baseando-se na distribuição do vencedor do
Oscar 2014, “12 Anos de Escravidão”.
Via – Pipoca Moderna
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