Ex-ministro da Educação durante os governos Lula e Dilma, o
prefeito eleito de São Paulo tinha 3% no Ibope em maio. Acabou saindo do 6º
lugar para superar, nas urnas, um candidato bem mais rodado, porém desgastado
Por: Raimundo Oliveira, da Rede Brasil Atual
O ex-ministro da Educação Fernando Haddad, que ocupou a
pasta entre julho de 2005 e janeiro de 2012, nos governos de Luiz Inácio Lula
da Silva e Dilma Rousseff, é filiado ao PT desde 1983 e esta é a primeira
eleição de sua vida pública. Antes desta campanha, as únicas experiências em
urnas foram na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, na capital, quando
cursava o terceiro ano e foi eleito vice-presidente do Centro Acadêmico 11 de
Agosto em uma chapa encabeçada pelo jornalista Eugenio Bucci. No ano seguinte
foi o presidente. Indicado por Lula para disputar a prefeitura paulistana,
Haddad apareceu com apenas 3% das intenções de voto na primeira pesquisa,
divulgada em maio pelo Ibope.
Para comparação, o adversário a ser batido então despontava
com quase 40% das sondagens. Aos 70 anos, José Serra (PSDB) já havia disputado
nove eleições, tendo vencido duas para deputado, uma para senador, uma para
governador e uma para prefeito; e perdido duas à Presidência da República e
outras duas à prefeitura – agora três, sendo que na reta final comportou-se
mais como franco-atirador, interessado em preservar, para os que vierem depois
dele, o que há de rejeição ao PT. Haddad estava ainda atrás de Paulinho da
Força (PDT), Gabriel Chalita (PMDB), Soninha Francine (PPS), Netinho de Paula
(PCdoB) e Celso Russomano (PRB).
Nestes cinco meses o intelectual com sólida carreira
acadêmica, e tido como gestor eficiente à frente do Ministério da Educação, foi
perdendo o acanhamento e a falta de traquejo em campanha eleitoral e no corpo a
corpo com os eleitores, ganhando pontos nas pesquisas, pedidos de autógrafo e
também de fotografias junto a moradores durante comícios e caminhadas. O Haddad
que teve seu nome exposto nas urnas eletrônicas do maior colégio eleitoral do
país, neste domingo é, pelo menos um pouco, diferente daquele dos 3% que mal
tinha companhia de militantes nas andanças pela cidade e era bastante
desconhecido dos eleitores, principalmente da periferia.
Paulistano, nasceu no dia do aniversário da cidade, 25 de
janeiro, em 1963, e cresceu no bairro Planalto Paulista. Aos 18 anos entrou
para a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São
Paulo (USP). Também na USP, fez mestrado em Economia e doutorado em Filosofia.
Filho de Khalil Haddad, libanês que deixou seu país com 22 anos de idade e
imigrou para São Paulo em 1947, e de Norma Thereza Goussain Haddad, filha de
libaneses, Fernando é o único homem entre as irmãs Priscila e Lúcia, uma mais
velha e outra mais nova do que ele.
O pai era camponês no Líbano e estudou até os oito anos.
Quando veio para São Paulo foi trabalhar como atacadista de tecidos na rua 25
de Março e depois de 11 anos no Brasil casou-se com Thereza. A mãe formou-se no
curso de Magistério no Liceu Pasteur, onde aprendeu francês. Ela se casou com
20 anos e foi ser dona de casa. Encheu as estantes com as principais
enciclopédias do mercado na época e fez de tudo para garantir boa educação aos
filhos.
Haddad fez o ensino básico no Ateneu Ricardo Nunes e o
secundário no Colégio Bandeirantes e sonhava em ser engenheiro. Mas acabou
trocando os cálculos pelos códigos de leis quando seu pai perdeu a casa ao se
ver envolvido por um golpe de um estelionatário. A difícil situação da família
fez Haddad prometer a si mesmo que não
queria passar por uma situação similar. “O caminho para isso dava no Largo de
São Francisco, onde se encontra a velha Academia de Direito. E para lá eu fui.”
Em 1988, depois de formado e aos 25 anos casou-se com a dentista Ana Estela
Haddad. Quatro anos depois o casal teve o primeiro filho, Frederico. Em 2000
nasceu Ana Carolina.
Atuou em incorporação e construção civil, foi analista de
investimento, professor no Departamento de Ciência Política na USP, consultor
na Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Nesse ínterim, em 1997, a
família se desfez do negócio mantido na Rua 25 de Março, por conta de problemas
de saúde do pai.
Em 2001, convidado por João Sayad, então secretário de
Finanças na Prefeitura de São Paulo na administração de Marta Suplicy, Haddad,
assume a chefia de gabinete da Secretaria. Trabalhou na estratégia de
escalonamento dos débitos junto aos credores e ajudou a organizar as finanças
municipais, o que permitiria a retomada da capacidade de investimento depois de
dois anos de mandato. Em 2003, deixou a prefeitura para se tornar assessor
especial no Ministério do Planejamento, sob o comando do então ministro Guido
Mantega, atual ministro da Fazenda.
Em 2004 assumiu o posto de secretário-executivo no
Ministério da Educação – função logo abaixo da do ministro na hierarquia do
órgão, então comandado por Tarso Genro, atual governador do Rio Grande do Sul.
Na verdade, ministro responde pelo comando político na estrutura de um
ministério; e secretário-executivo responde pela gestão operacional. Haddad
estava para Genro como Dilma, chefe da Casa Civil, estava para o então
presidente Lula.
Com a ida de Tarso Genro para o Ministério da Justiça, em
2005, Haddad assumiu o comando da Educação.
Ali criou o Programa Universidade Para Todos (Prouni), que
atendeu a mais de 1 milhão de estudantes desde que foi implementado, em 2005,
até o segundo semestre de 2012, e a maioria (67%) com bolsa de estudo integral.
No período em que Haddad esteve no ministério, as vagas no ensino superior
público federal passaram de 139,9 mil em para 218,2 mil, foram criados 126
campus universitários federais, 214 escolas técnicas e 587 polos de educação à
distância. O número de formandos cresceu 195% nos últimos dez anos. Haddad foi
um dos poucos ministros da era Lula mantido pela presidenta Dilma, eleita em
2010. Só deixou o posto no início deste ano para participar da disputa pela
sucessão paulistana.
Via BLOG DO SARAIVA
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