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terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Comissão no Pará coleta relatos de sobreviventes da Guerrilha do Araguaia

As investigações sobre os desaparecidos na Guerrilha do Araguaia se intensificaram nas últimas semanas. Na sexta-feira (02), a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos de Marabá (CEMDP) coletou depoimentos de camponeses e soldados sobreviventes do movimento guerrilheiro contra a ditadura, que teve mais de sessenta mortos executados entre 1973 e 1974.


A Câmara Municipal da cidade ao sudeste do Pará busca mapear os acontecimentos, para encontrar novas informações sobre os desaparecidos pela ditadura do regime militar no Brasil.

“Primeiro nós estamos recolhendo toda a documentação, porque já foram feitas muitas buscas, então não queremos continuar a fazer buscas sem ouvir as pessoas”, afirmou a presidente da Comissão, procuradora Eugênia Gonzaga.


Por Lilian Campelo

Audiência pública na Câmara Municipal de Marabá colheu depoimentos de pessoas que sobreviveram a Guerrilha

Do Brasil de Fato

Na última sexta-feira (2), a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) de Marabá, cidade a sudeste do Pará, realizou a primeira audiência pública para coletar depoimentos de camponeses e soldados sobreviventes da Guerrilha do Araguaia.

O objetivo da reunião, que aconteceu na Câmara Municipal, é fazer um mapeamento dos acontecimentos para que novas buscas pelos desaparecidos políticos sejam feitas.

A guerrilha rural ocorreu na região amazônica ao longo do rio Araguaia, que banha os estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará. Eugênia Gonzaga, presidenta da comissão destaca que “a comissão está se inteirando, coletando depoimentos das pessoas”.

“Primeiro nós estamos recolhendo toda a documentação, porque já foram feitas muitas buscas, então não queremos continuar a fazer buscas sem ouvir as pessoas”, explica Gonzaga. Ao longo das décadas de 80 e 90, diversas buscas foram realizadas para encontrar possíveis ossadas.

Depoimentos

O primeiro a relatar e indicar possíveis locais para as novas buscas foi o senhor Pedro Matos, 77 anos. Ele é morador do município de São Domingos do Araguaia, que fica a 55km de Marabá e 4km da rodovia Transamazônica. A região foi um dos palcos da luta armada entre os militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) contra o regime militar, sufocada entre 1972 e 1974 pelo Exército.

“Na época que estávamos lá na Bacaba, foi que aconteceu esse caso lá do poço, eu nem me aproximei lá, mas um companheiro que estava preso foi lá. Contou que havia mal cheiro e depois viu alguém quebrando garrafas de cervejas para tirar o mau cheiro. Então tudo faz crer que o Exército, na época, não tinha interesse que os curiosos se aproximassem daquilo lá” relembra Matos.

A Fazenda Bacaba fica localizada às margens da rodovia Transamazônica em São Domingos do Araguaia. Ele relembra que era lá a base militar do Exército e disse, inclusive, que o escritório Mendes Junior, de propriedade da empresa responsável pela construção da rodovia Transamazônica, chegou a ser utilizado pelos militares.

Matos conta que sofreu violências psicológicas e passeia pelas lembranças como se ainda estivesse fazendo o mesmo percurso de quando foi detido pelos militares. Antes de ser levado para a Fazenda Bacaba ficou preso por três dias na Casa Azul em Marabá, também conhecido como Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), destino de muitos guerrilheiros e camponeses que sofriam sessões de tortura. Atualmente o local abriga a sede do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

“Nós saímos daqui de Marabá quando a gente esteve preso no DNER [aponta para local que é próximo da Câmara Municipal], lá do outro lado, na delegacia velha que está abandonada, quando nos levaram daqui para a Bacaba (…). Ali naquela casa, está do mesmo jeitinho, eu estive lá, agora pouco, até o portão está com a mesma pintura, depois de toda a pancadaria que aconteceu, tortura. Eles me ouviram e depois me mandaram para o meu quarto, eu e mais um companheiro. Me largaram lá, fiquei três dias, mas toda noite eles torturavam gente”, conta.

Outro personagem que narra a história da guerrilha do Araguaia é Raimundo Melo, 52 anos, na época soldado no quartel 52 Bis, em Marabá. Ele conta que fez a guarda da guerrilheira Lia, cujo nome é Telma Regina Correia.

“Dia 7 de setembro 1974 eu tirei serviço vigiando a Lia, ela chegou na base mais ou menos de 15h para 16h, encapuzada com o saco de estopa na cabeça. Foi interrogada até 22h horas pelos oficiais do Major Curió [Sebastião Rodrigues de Moura, responsável pela repressão da guerrilha] e depois desse horário nós ficamos tirando guarda dela até de manhã. No dia 8 de setembro quando ela foi novamente interrogada, uma questão de 20 minutos, nós escoltamos ela até o aeroporto, ali nós encontramos o capitão Cabral, que era o piloto do helicóptero. Ele fez um voo com ela que ia para Brasília, esse voo demorou mais ou menos 20 minutos e após esses 20 minutos eles retornaram a base de Xambioá. Só que nesse voo que eles falavam que ia a Brasília ela foi jogada lá de cima no pedral do rio Araguaia, lá em Xambioá”, relembra o ex-soldado.

Torturas

Melo aponta, durante a audiência, locais onde possivelmente estariam sepultados os corpos dos militantes do PCdoB. Ele diz ter informações sobre dois corpos concretados no terreno onde hoje funciona o Incra em Marabá, uma sepultura na aldeia indígena Suruí do Pará. Os indígenas também foram vítimas da Ditadura Militar na Amazônia.

Sob coação, muitos deles foram obrigados a trabalhar como guias para os militares para encontrar os militantes políticos e por fim, cavar sepulturas clandestinas na Casa Azul e no quartel 52 Bis. Após falar todos os locais, Melo mergulha em si e com um olhar vago narra as torturas que sofreu.

“Me referindo também as torturas, eu mesmo fui colocado no pau do capitão, que é o pau de arara, e nesse pau do capitão eu perdi meus testículos. A própria AGU (Advocacia-Geral da União), que fala no meu processo, diz que eu não comprovei, nem os militares comprovam as sequelas. Como eles vão comprovar uma sequela se eles não fizeram nada de perícia em mim? E eu estou agora aqui sofrendo, já fiz operação na minha vista, em cada olho eu tenho três lentes de gel porque eu não estava enxergando mais nada, sofro de esquecimento geralmente. Tenho problemas no ouvido que dói, tem dia que dói demais o meu ouvido, parece que está escorrendo uma água, e sem contar os pesadelos que eu tenho, das cabeças cortadas que eu carreguei dentro de saco do aeroporto para dentro da base para ser sepultado. Eu sinto que aquele sangue está correndo pela minhas costas. Então são coisas assim que não tem como tirar isso de mim mais. Esses pesadelos, os gritos que eu dou de noite, até vizinho já acordou comigo gritando a noite. Naquela época era só tortura, tortura e tortura, tanto para o camponês quanto para os próprios militares [soldados]”.

Avanços

A região do confronto da Guerrilha do Araguaia marcou a população local e a audiência pública reforçou a importância da continuidade do trabalho para expor a verdade sobre o que foi a Guerrilha, como explica Paulo Fonteles Filho, membro da Comissão Estadual da Verdade no Pará.

“Eu penso que a audiência de mortos e desaparecidos políticos levanta questões muito importantes que foram discutidas aqui. Primeiro a retomada dos trabalhos de localização dos heróis do povo brasileiro. Acho que isso é uma tarefa fundamental e que é preciso ser dado continuidade. Nos últimos anos, a partir de 2009, houve uma elevação desse trabalho, do ponto de vista do país, e não é à toa que 21 ossadas foram localizadas, faltando apenas o processo de identificação desse material humano”.

Fonteles é filho de Hecilda Veiga e Paulo Fonteles, ambos militantes da Ação Popular Marxista-Leninista (APML), que foram perseguidos e presos políticos durante o regime militar. Outros pontos importantes levantados por Fonteles Filho durante a audiência são as novas informações reveladas pelos ex-soldados que atuaram na ocasião da Guerrilha do Araguaia e cita como exemplo o cemitério Jardim da Saudade de Marabá, apontado como outro possível local de sepultamento das ossadas de presos e mortos políticos

Outro local suspeito de abrigar os desaparecidos é a Casa Azul, mencionada por Pedro Matos. É o “maior centro clandestino de aniquilação e assassinato de camponeses do regime militar sediado aqui em Marabá. Quem diz isso é o próprio relatório da Comissão Nacional da Verdade”.

Ele ainda destaca que a ação da Ditadura Militar no enfrentamento da Guerrilha contribuiu com a pistolagem na região. Fonteles reconhece que a prática sempre existiu, mesmo antes da guerrilha, mas foi a presença dos militares que “transformou o crime de pistolagem em prática de estado” e aponta o Major Curió como responsável.

“Grande parte dos ex-soldados, nós ouvimos esses relatos aqui, diz respeito a isso, uma parte desses ex-soldados foram viver como pistoleiros, então a Ditadura Militar na Amazônia incentivou, digamos que foi, a sementeira desse processo mais contemporâneo de pistolagem na Amazônia paraense, disso eu não tenho dúvidas e que as relações são muito profundas”, analisa Fonteles Filho.

Busca pela verdade

Diante da história ainda sem um ponto final, a Guerrilha do Araguaia vai sendo narrada por aqueles que ainda estão vivos e foram protagonistas desse enredo. Se terá um final, ainda não se sabe, pois dos aproximadamente 70 desaparecidos políticos, apenas dois foram encontrados e identificados: Maria Lúcia Petit e Bergson Gurjão Farias. Enquanto isso, famílias buscam por respostas às suas perguntas: O que aconteceu com eles e elas? Como foram mortos? Onde foram enterrados? Questionamentos que Diva Santana, 71 anos, irmã de Dinaelza Santana Coqueiro e cunhada de Vandick Coqueiro, ambos guerrilheiros, costuma se fazer.

“A minha luta se deve, enquanto cidadã, ao reconhecimento, resgate e a verdade de todos que tombaram por liberdade e por democracia nesse país. (…) meu pais já morreram e morreram muito desgostosos porque não sabiam, não tinham conhecimento de como a sua filha foi morta e o local que foi sepultada, mas eu espero saber ainda. Eu acho que é um dever da cidadania, um dever do brasileiro de dizer o que fizeram com eles. Mataram? Executaram? Enterraram onde? Nós temos o direito de ter as ossadas, isso tem uma ligação cultural de você saber onde chorar seus mortos, onde reverenciar seus mortos”, conta Diva.

Via - Jornal GGN

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