As sociedades da antiguidade não interpretavam ou
organizavam as relações entre homens e mulheres de forma igual. Da mesma forma
que havia sociedades poligâmicas onde o homem tem muitas esposas, haviam as
sociedades poliândricas onde a mulher tinha vários esposos. A Ásia é um exemplo
dessas duas sociedades.
Por Fátima Teles*
As diferenças sexuais entre homens e mulheres serviram de
base para muitas sociedades organizarem a divisão sexual do trabalho, dividindo
as atribuições em trabalho masculino e trabalho feminino. Aos homens cabiam as
atividades produtivas da esfera pública e as mulheres ficavam reservadas as
atividades da esfera privada, o cuidado com a família, a reprodução ou
procriação e o trabalho doméstico. Posição considerada subalterna e desigual.
Essas práticas e representações criadas pela sociedade
terminaram por desencadear uma relação de poder entre homens e mulheres,
trazendo como consequência a opressão masculina e a submissão feminina,
servindo como modelo padrão dominante da relação entre os dois gêneros, o
patriarcalismo, onde o homem era o chefe e detentor do poder familiar.
Segundo Silveira, Outras associações vinculadas ao sexo
foram sendo e laboradas: atribuiu-se aos homens a racionalidade, o pensamento
lógico, o cálculo; às mulheres, a afetividade, as emoções, a intuição. As
representações/interpretações dos atributos femininos estavam diretamente
articuladas com a procriação e a maternidade. As formas de viver e pensar o
masculino e o feminino tiveram consequências concretas: reforçavam a estrutura
familiar patriarcal e serviram de justificativa para ações no sentido de
acentuar os papéis sociais atribuídos a homens e mulheres. Assim, deram margem,
por exemplo, a uma educação diferenciada para meninos e meninas, no sentido de
reprodução daqueles papéis sociais distintos, a exemplo de brincadeiras caracterizadas
como masculinas e brincadeiras caracterizadas como femininas. Menina não podia
jogar bola, tinha que brincar de boneca.
Incentivou-se a prática de esportes diferenciados entre os
dois gêneros: imagine pensar em mulher jogando futebol, há algumas décadas
atrás! Nas escolas de 1º e 2º graus, como eram chamadas até a LDB de 1996, era
ministrada para as meninas uma disciplina chamada Educação Doméstica, ou
Trabalhos Manuais (bordados por exemplo), preparando-as, assim, para o
casamento, a maternidade, o cuidado com a família. No mercado de trabalho,
determinadas profissões eram consideradas masculinas; outras, femininas, a
exemplo do magistério, que, aos poucos, foi se feminilizando, isto é,
considerado próprio às mulheres.
A luta pela emancipação da mulher remonta do 18 e19. Em 1791
foi elaborada a declaração dos Direitos das mulheres e das cidadãs por Olympe
de Gouges como forma de chamar atenção diante da promulgação da declaração dos
Direitos do homem de do cidadão de 1789 que embora trouxesse ideais de
liberdade não abordava a igualdade entre homens e mulheres.
Outra mulher se destacou nesse período junto a francesa
Olympe Gouges, a escritora inglesa Mary Wollstonecraft escreveu um livro
reivindicando uma educação igual para os dois gêneros.
Com a Revolução industrial no final do século XVIII a mulher
iniciou a sua inserção no mundo do trabalho e da produção, mas ainda submetida
a exploração de toda ordem e assedio moral e sexual por parte de seus patrões.
Nos Estados Unidos, em Nova York, no dia 08 de Março de
1857, houve uma greve numa fábrica de tecidos realizada pelas operárias que
reivindicavam igualdade de salários, uma vez que as mulheres ganhavam menos do
que os homens. Elas reivindicavam também a diminuição da jornada de trabalho já
que trabalhavam 16 horas diárias e tratamento com dignidade no espaço de
trabalho. Seus patrões reagiram trancafiando-as na fábrica e tocando fogo na
mesma com as operárias dentro, vindo a morrer incendiadas 130 tecelãs. Foram
assassinadas.
O fato teve repercussão e a organização das Nações Unidas
,ONU, no ano de 1975 estabeleceu o dia 8 de março como o dia internacional da
mulher.
Bertha Lutz , feminista brasileira, contribuiu para a
implantação do feminismo no Brasil através da fundação da Federação Brasileira
pelo Progresso Feminino, em 1922, que buscava lutar pelos Direitos da mulher.
Entramos no Século 21 e a luta continua em busca de uma
sociedade que reconheça a igualdade de gêneros. A educação pela igualdade será
efetivada a partir da educação de casa quando os pais exercerem também a
cidadania com seus filhos orientando-os para quem compreendam que homens e
mulheres são seres humanos e por isso tem direitos, deveres e oportunidades
iguais.
A igualdade de gêneros é considerada uma das bases para
construir uma sociedade com menos preconceito e discriminação. "A
igualdade de gêneros é fundamental para as sociedades democráticas e
igualitárias. Muita coisa mudou desde a década de 1970, quando as mulheres
entraram massivamente para o mercado de trabalho, mas ainda existem muitas
disparidades. Por exemplo, as estatísticas nos mostram que as mulheres ainda
têm salários menores que os dos homens e ganham 70% do que eles ganham, em
média", afirma Eleonora Menicucci, ministra-chefe da Secretaria de
Políticas para as Mulheres da Presidência da República.
A luta continua! Vamos lá fazer o que será!
*Fátima Teles é assistente social
Referências:
Via Portal Vermelho
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