Em sessão de julgamento nesta terça-feira (10), a Comissão
de Anistia do Ministério da Justiça anistiou politicamente seis mulheres
vítimas de perseguição e violência durante a ditadura militar (1964-1985).
Quando é anistiada, a pessoa recebe desculpas formais do
estado brasileiro, que reconhece que não deveria ter agido daquela forma no
passado. O anistiado também recebe uma reparação financeira, que vai depender
de cada caso.
Uma das anistiadas, Sandra Carnio, disse que quer
"enterrar" essa história. “Eu tinha 20 anos quando fui sequestrada
pela repressão, pela ditadura militar, e levada para o DOI-Codi [Destacamento
de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna], e lá
sofri todos os maus-tratos que se pode imaginar na vida”, relembrou Sandra,
emocionada.
Sandra, que tem hoje 62 anos, contou que foi presa como
testemunha, por ter um primo próximo que abrigava pessoas que se opunham ao
governo.”Eu também ajudei algumas pessoas vistas como subversivas, e isso tudo
aconteceu.”
12 dias de tortura
Depois de 12 dias presa, sem dormir, sem tomar banho,
sofrendo torturas psicológicas e físicas, Sandra voltou à vinícola onde
trabalhava e foi demitida sumariamente. “Eu fui execrada porque passei a ser
vista como subversiva”.
Todos os julgamentos desta terça (10) foram de pedidos de
anistia para mulheres, como uma homenagem pelo Dia Internacional da Mulher,
comemorado no último domingo (8).
Além de Sandra, foram anistiadas Selma Benjamin, Maria
Fernanda Vieira, Raira Pena Cardoso, Jocely Regina Sardão e Selma Bandeira
Vale, já falecida.
As indenizações, concedidas retroativamene, variaram entre R$
100 mil e R$ 200 mil. Com exceção do pedido concedido post mortem, todas as
anistiadas receberão remuneração vitalícia calculada individualmente, com base
na profissão que exerciam quando foram vítimas da ditadura militar.
Antes do julgamento, a Comissão de Anistia fez uma sessão
especial em homenagem a oito mulheres que se destacaram na defesa dos direitos
das mulheres e na reconstrução da memória histórica e esclarecimento da verdade
de fatos ocorridos durante o período ditatorial no Brasil.
Fonte: Agência Brasil
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