No seu ódio de classe ao ex-presidente Lula e no seu desejo
incontido de "sangrar" o governo Dilma, a mídia privada e a oposição
demotucana encobrem a violência, protegem alguns fanáticos golpistas e apostam
no caos político. Diante do gravíssimo atentado à sede do Instituto Lula, na
semana passada, o PSDB não divulgou sequer uma nota de repúdio. Já os
jornalões, revistonas e emissoras privadas de rádio e televisão - que exploram
concessões públicas - tentaram minimizar o impacto do explosivo. Como já alertou
o blogueiro Rodrigo Vianna, o ódio da bomba foi precedido pelo ódio das
palavras, pela cruzada implacável da direita nativa contra a democracia - que
choca o ovo da serpente fascista.
Alguns dejetos midiáticos, como o "humorista"
Danilo Gentili e o "calunista" Felipe Moura Brasil, chegaram a
insinuar que o atentado foi forjado pelo próprio ex-presidente. "A melhor
defesa para o PT é se atacar", postou o jornalista do esgoto da Veja. Como
resultado deste ato cotidiano de defecar, seus seguidores nas redes sociais até
lamentaram que Lula não estivesse no local na hora da explosão. Já outros
jornalistas doentes no seu oposicionismo, como Merval Pereira, escreveu em O
Globo que a bomba produziu apenas um "buraquinho na porta de metal da
garagem do prédio". Em 2010, quando uma bolinha de papel atingiu a careca
do tucano José Serra, o "imortal" da famiglia Marinho quase apelou
para uma intervenção militar das tropas ianques no Brasil.
Esta postura criminosa da oposição demotucana e da mídia
privada, que estimula o ódio fascista no Brasil, já gerou várias críticas nos
meios alternativos de comunicação na internet. Vale registrar os excelentes
textos de Tereza Cruvinel, Breno Altman, Paulo Nogueira e Rodrigo Vianna, entre
tantos outros. Mas até na mídia privada vozes corajosas se levantaram para
protestar e mostrar a gravidade da atual situação política no Brasil - e também
para criticar a tímida reação do governo Dilma. Aqui cabe reproduzir o artigo
de Ricardo Mello, publicado nesta segunda-feira (3) na Folha tucana - o mesmo
jornal que minimizou o impacto da "bomba caseira" e já deletou o
assunto das suas páginas.
*****
Bombas na pauta
Por Ricardo Mello
Ato terrorista, atentado ao Instituto Lula merece condenação
bem maior do que declarações protocolares
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, promete barulho na
volta do recesso. Seria a pauta-bomba. O objetivo de Cunha, nem ele esconde, é
reforçar o emparedamento do Planalto. O lema: se hay Dilma, soy contra. Para
azar do deputado, neste meio tempo ele passou definitivamente de pedra a
vidraça. Mas o jogo ainda está para ser jogado.
Bem mais real do que especulações parlamentares foi o
atentado contra o Instituto Lula, ocorrido na noite da última quinta-feira
(30). Em qualquer país mais ou menos sério, o ataque ao escritório de um
ex-presidente da República num ambiente envenenado como o atual seria
classificado de ato terrorista. Uma bomba jogada na sede onde trabalha um dos
principais líderes políticos brasileiros merece outro nome?
Aliás, tampouco se trata do primeiro atentado a instalações
do PT. Foi o terceiro num curto espaço de tempo. Acidentes? Nada disso. Eles
representam uma escalada previsível. Nos últimos meses, já tivemos fotógrafos
agredidos, cidadãos atacados durante passeatas, leitores de revistas humilhados
em aviões e jornalistas perseguidos porque são parecidos com Lula. Isso para
não falar das agressões em lugares públicos –hospitais, restaurantes– contra
quem não reza a cartilha do impeachment da presidente.
"Ah, mas foi uma bomba caseira e não deixou
feridos", simplificaram as notícias sobre o atentado. Como se o fato de
ser "feita em casa" anulasse a agressão cometida. Comediantes de
ocasião e locatários das redes sociais aproveitaram o momento para exercitar
sua discutível criatividade. Pena que Lula não estava lá, disseram uns. Foi
coisa armada pelo próprio PT, acusaram outros.
As reações do mundo político, então, impressionaram pelo
silêncio. Nem com uma lupa é possível encontrar manifestações veementes de
repúdio. Queira-se ou não, tal complacência equivale a endossar esta forma de
ataque. Já vimos este filme outras vezes.
Que a oposição se cale do alto do muro, no Brasil ou na
Sardenha, até se compreende. Mas soa injustificável autoridades tergiversarem
sobre a gravidade do ocorrido. "Jogar uma bomba caseira na sede do
Instituto Lula é uma atitude que não condiz com a cultura de tolerância e de
respeito à diversidade do povo brasileiro", reagiu a presidente Dilma
pelo... Twitter! O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, conseguiu ser
mais patético: "Tudo é considerado quando temos um fato sob investigação.
A polícia agirá para apurar o que ocorreu, pois é uma situação que merece uma
investigação e, quando se pegar o autor, será necessário punir". Não diga.
Inexplicavelmente, o assunto foi entregue à Polícia Civil de
São Paulo, conhecida pelos índices raquíticos de solução de casos. Nos
bastidores, diz-se que a hipótese mais forte aponta para
"baderneiros". Por que meros baderneiros resolveram atacar o
escritório de um ex-presidente da República em vez do Museu do Ipiranga, que
fica ao lado, parece um mistério fácil de decifrar –menos para o ministro da
Justiça. Cadê a Polícia Federal, considerando que se trata de um caso
envolvendo um ex-presidente?
O Brasil vive uma luta política. A saída mais trágica é
minimizar fatos relevantes invocando tolerância, diversidade ou obviedades do
tipo "tudo será investigado". Se os próprios agredidos temem se
defender e chamar as coisas pelo nome, o que está ruim só pode ficar pior.
Via - Blog do Miro
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