A empresária Mônica Regina Cunha Moura, esposa e sócia do
publicitário João Santana, responsável por campanhas eleitorais petistas,
desmentiu as duas teses dos investigadores da Operação Lava Jato que poderiam
relacionar o casal ao esquema de corrupção da Petrobras para beneficiar a
campanha da presidente Dilma Rousseff, em 2014.
O elo entre Santana, a existência de uma offshore com dados
não declarados à Receita e o lobista investigado na Lava Jato foi uma carta da
esposa do marqueteiro a Zwi Skornicki – lobista ligado ao estaleiro Keppel
Fels, anteriormente investigado na Lava Jato – e seu filho Bruno, com dados da
conta da offshore do casal Shellbill para depósito e um modelo de contrato com
outra empresa, controlada pela Odebrecht.
Mônica afirmou que a quantia recebida de Zwi Skornicki de
US$ 4,5 milhões, valores sugeridos pela PF como resultante de propina, foi, na
realidade, o pagamento da campanha eleitoral de José Eduardo Santos, para a
presidência de Angola. "[Zwi] foi indicado por uma mulher responsável pela
área financeira da campanha presidencial de Angola", disse Mônica Moura,
em depoimento nesta quarta-feira (24), ao delegado Márcio Anselmo e ao
procurador da República, Digo Castor de Mattos.
De acordo com a publicitária, o valor era uma parte do custo
total de US$ 50 milhões para a campanha do angolano, que incluía uma
pré-campanha, a campanha e uma pós campanha que era uma consultoria para
pronunciamentos". A declaração de Mônica coincidiu com a de João Santana,
prestada no dia seguinte, quinta-feira (25).
A empresária ainda descreveu que, deste total, US$ 30 milhões
foram recebidos por meio da Polis Brasil, a empresa do casal e os outros US$ 20
milhões "foram pagos por meio de um contrato de gaveta, não
contabilizado", disse, confessando a não declaração à Receita. Em uma das
transferências, o casal afirmou que foi, inclusive, ao escritório de Zwi
Skornicki, por indicação da área financeira do presidenciável, para acertar a
transferência de US$ 4,5 milhões na conta da Shellbill, offshore do casal.
Mônica comprometeu-se a apresentar o contrato para a eleição de Angola para a
Polícia Federal.
O outro suposto elo do marqueteiro da presidente Dilma e a
Lava Jato seria o recebimento de quantias de uma offshore da Odebrecht,
empreiteira também investigada na Lava Jato. A empresária Mônica Moura
esclareceu que, em 2011, também foi orientada a procurar Fernando Migliaccio -
executivo da Odebrecht e suposto pagador de propinas no esquema de corrupção da
Petrobras - para receber parte dos valores da campanha realizada pelo casal
para a reeleição de Hugo Chávez, na Venezuela.
A esposa de João Santana explicou que a campanha chavista
teve "um alto custo" de US$ 35 milhões e que, por isso, "grande
parte desse valor foi recebida de maneira não contabilizada", ou seja, não
declarada à Receita. Também admitiu que, "diante das dificuldades de
pagamento", vários doadores efetuavam repasses. Ainda assim, negou que as
quantias eram ilícitas e também se prontificou a apresentar documentos que
comprovam os trabalhos prestados em campanhas eleitorais pelo casal.
Ao contrário da correlação apontada, tanto pelos
procuradores da equipe da Operação Lava Jato, quanto pelos desdobramentos em
reportagens de noticiários, das quantias recebidas com as campanhas da
presidente Dilma Rousseff e do vice Michel Temer, em 2010 e 2014, Mônica lembrou
que as transferências identificadas pela PF, que registram valores a partir de
2011, foram no período de três grandes campanhas presidenciais em que o casal
trabalhou: Hugo Chávez (Venezuela), José Eduardo Santos (Angola) e Danilo
Medina (República Dominicana).
A publicitária ressaltou, ainda, que no Brasil os dois
"só atuam no marketing eleitoral e que os principais clientes, no Brasil,
são o PT, o PDT e o PMDB".
Via Jornal GGN
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