Por Geraldo Elísio, repórter
Na Capital das Minas Gerais, tempos passados existiu um juiz
de futebol aficionado pelo Clube Atlético Mineiro. De tão apaixonado pelo Galo,
certa vez ao definir de quem era a cobrança de um lateral durante um clássico
Cruzeiro e Atlético pré-Mineirão, referindo-se a um jogador que segurava a bola
ele disse:
- Me dá aqui... A bola é nossa – E passou a redonda às mãos
de um jogador atleticano.
A Cidinho, o apelido do juiz foi acrescentado o “Bola
Nossa”, Cidinho Bola Nossa virou lenda na história do futebol mineiro. Saiba
Vossa Excelência que o Meritíssimo, quando se trata de delitos tucanos está
sendo chamado de “Moro Bola Nossa”.
Cidinho Bola Nossa, ao centro, sorteia a moeda
|
Em futebol a partidarização de um arbitro não é correta,
porém quando se trata de um Juiz de Primeira Instância Federal de Vara Civil o
foro é outro, bem como as consequências. A atitude do Senhor Juiz que mais
pareceu a de um “bandeirinha” em alto estilo no Maracanã contra o blogueiro
Eduardo Guimarães, fundador do site Blog da Cidadania, ordenando a prisão
coercitiva dele para tentar saber quais são as fontes do colega militante nas
redes sociais é um tapa no rosto da democracia, da liberdade de imprensa e de
expressão.
Um juiz que desconhece um princípio tão elementar do sigilo
da fonte, garantido pela Constituição, deveria imediatamente ser rebaixado à
condição de gandula. Por isso o jornalista e publicitário Marco Aurélio Carone,
Geraldo Elísio Machado Lopes e eu, estamos aqui a protestar de público e nos
solidarizando com o Eduardo Guimarães.
Foi ridículo e pífio o argumento de que ele não é
jornalista, portanto não sendo protegido pela Constituição. E a liberdade de
expressão onde fica? Em sua filosofia empírica o povo diz: “Diz-me com quem
andas que direi quem tu és!” Além do mais nesta república de bananas onde
vivemos o diploma de jornalismo foi jogado no lixo pelo Judiciário e inexistem
Leis claras regulamentando a matéria.
O jornalista e publicitário Marcos Aurelio Carone foi preso
sem nenhuma culpa formada e assim passou nove meses na prisão, os três últimos
meses em cela de isolamento total, somente sendo libertado depois das eleições
vencidas pela presidente legitima Dilma Rousseff. Tudo a mando deste pivete de
rosto tarjado que anda dando sopa aí pelas redes sociais, o seu amigo Aécio
Neves e a irmã dele, Andrea Neves. Dize-me com quem andas...
Da mesma forma como com uma ordem judicial eu tive a minha
residência invadida, meus equipamentos eletrônicos apreendidos e até hoje não
devolvidos, tudo porque o “Mineirinho” e “Dedéia Mãos de Tesoura” queriam saber
quais eram as nossas fontes, que nunca dissemos quais.
Para nossa alegria vimos todas as verdades que dizíamos
estampadas em jornais do mundo inteiro e tramitando em processos na PGR, no
Supremo Tribunal Federal – STF – e aí na Vara de Guantánamo, em Curitiba. Sei
que é bem provável que Vossa Excelência não vá gostar do meu texto, mas do alto
dos meus 75 anos tenho 56 da prática de jornalismo investigativo, nunca fui
acusado de favorecer o Banestado e nem trabalhar com e em função de interesses
estrangeiros, além de ter um Prêmio Esso Regional de Jornalismo denunciando
torturas praticadas contra um operário em 1977, quando ainda vigia o temível
AI-5.
Mas ditadura é ditadura e todos os argumentos, por mais
sérios e lógicos que possam ser podem cair por terra. Pouco antes de redigir
ouvi a musa da Jovem Guarda, Wanderleia, cantar uma música em que em
determinado momento ela diz: (...) Senhor juiz / pare agora (...). Acredito ser
um boa sugestão de quem como eu, não tendo partido político por ser um
anarquista filosófico (contraditório é verdade por ser um nacionalista), não
querer ver o Senhor togado ao julgar casos similares escorregar na grama e
dizer para os petistas: “Por favor, a bola é nossa..."
Via - Carcará
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