Na opinião de sindicalistas e lideranças do movimento social, os atos desta quarta-feira (15) contra o projeto de reforma da Previdência Social de Michel Temer serão expressivos e podem ganhar a adesão do cidadão comum. Para dirigentes, parcelas da sociedade que não fazem parte de movimentos organizados começam a se preocupar com a aposentadoria – o que deve fortalecer os protestos do dia 15.
Por Railídia Carvalho
Portal Vermelho
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Os atos são iniciativa conjunta das centrais de
trabalhadores e das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Estão programados
para acontecer em todas as capitais brasileiras e em diversas outras cidades.
O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
(MTST), Guilherme Boulos, afirmou, em entrevista ao Portal Vermelho, que o MTST
deve comparecer ao ato da Avenida Paulista, em São Paulo, nesta quarta com
cerca de 25 mil militantes.
Mobilização expressiva
“Vai ter bastante gente não só em São Paulo mas em todo o
Brasil. Toda a mobilização está bem expressiva. Muitas categorias vão fazer
paralisação. Da parte do movimento (MTST) existe uma clareza de que é preciso
fazer encaminhamento mais amplo, que é a defesa da Previdência Social”,
explicou Boulos.
O projeto de reforma da Previdência Social apresentado por
Michel Temer tramita em comissão especial da Câmara dos Deputados através da
Proposta de Emenda Constitucional 287/2016. Na opinião de sindicalistas,
economistas, parlamentares e trabalhadores, a iniciativa de Temer acaba com a
possibilidade do brasileiro se aposentar.
O governo Temer defende a adoção da idade mínima de 65 anos
para homens, mulheres, trabalhadores rurais e urbanos. Em 19 cidades
brasileiras, a expectativa de vida é de 65 anos, ou seja, muitos trabalhadores
sequer estarão vivos quando chegar a idade de se aposentar. Os mais penalizados
serão os mais pobres que entram mais cedo no mercado de trabalho.
Adesão da população
No caso dos trabalhadores rurais, que trabalham mais de 41
anos para ter acesso à aposentadoria de um salário mínimo, a reforma de Temer é
perversa. Carlos Gabiatto, secretário de Assalariados(as) Rurais e de Políticas
Sociais na área da Previdência Social da Federação dos Trabalhadores na
Agricultura no Estado do Paraná (Fetaep), observou que à medida que a população
tem contato com o projeto tende a aderir aos protestos.
“Vi com alegria quando estivemos, na semana passada, em
Maringá, Curitiba e Cascavel e vi a participação da população no comércio,
carros buzinando em apoio à manifestação contra a reforma da Previdência.
Estamos ganhando adesão”, disse Gabiatto. Ele lembrou que a expectativa de vida
do trabalhador do campo é menor do que a do trabalhador da cidade.
O alegado deficit da Previdência que é o argumento do
governo para a reforma é contestado pelas entidades de trabalhadores rurais.
Documento da Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (Contag)
afirma que a Previdência Rural “produz melhoria na qualidade de vida de várias
famílias do campo”. Também fortalece o comércio de mais de 70% dos municípios
brasileiros.
Contraponto
Rogério Nunes (foto), secretário de políticas sociais da
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), tem boa expectativa
em relação aos atos de quarta-feira. “Trabalhadores da educação pública e
privada, condutores, metroviários, trabalhadores da água e esgoto devem
paralisar unidades da Sabesp, entre outras categorias. Há um forte movimento
aqui em São Paulo que tem a expectativa de levar cem mil pessoas para a
Paulista”, contou.
Na opinião de Rogério, os movimentos sociais e sindicatos
estão conseguindo furar um pouco da propaganda do governo Temer, que faz
terrorismo com o fim da Previdência, e dos grandes meios de comunicação que
apoiam a reforma.
“Apesar da nossa divulgação ser insuficiente comparada com
os grandes meios, estamos fazendo esse contraponto. A população está sendo
bombardeada e mesmo assim começa a ficar preocupada. Acho que pode ser um
prenúncio de uma futura convocação de uma greve geral”, avaliou Rogério.
Ataque ao Prouni
Para a presidenta da União Nacional dos Estudantes, Carina
Vitral, começa a ficar claro para a maioria da população os prejuízos que a
reforma trará para a população brasileira em geral e a juventude em particular.
“A juventude será a mais prejudicada com a reforma da
Previdência porque o jovem nunca mais vai poder se aposentar a menos que comece
a trabalhar aos 16 anos e nunca deixe de ter o emprego com carteira assinada e
de contribuir”, enfatizou.
De acordo com ela, a reforma de Temer vai extinguir 600 mil
vagas do Prouni (Programa Universidade para Todos). “Uma das coisas que nos une
na rejeição à PEC é o tema do fim da filantropia nas universidades como PUC e
Mackenzie. Essas instituições trocam seus impostos por bolsas e o relator
incluiu o fim da filantropia na reforma da Previdência, ou seja, menos 600 mil
bolsas do Prouni no Brasil inteiro, o que pra gente é um tema muito caro”,
esclareceu Carina.
Boulos acredita que haverá adesão nos protestos de quarta de
parcelas que não fazem parte do movimento social. “Mas não será apenas neste
dia, o processo continua na Câmara quanto no Senado. No meu entendimento está
numa crescente. A mobilização popular contra a reforma começa a se tornar mais
crítica.”
De acordo com Gabiatto, uma estratégia que precisa ser
intensificada pelo movimento social é a pressão aos deputados nas bases
eleitorais. “É diferente um sindicalista dizer pra um deputado que a reforma é
prejudicial do que aquele eleitor que o parlamentar vai procurar o ano que vem
pra pedir voto e ouvir que ele não concorda com a reforma. Conversar com o
deputado no gabinete é importante mas não é tão forte do que alguém com uma
faixa na frente da casa do deputado”, defendeu o dirigente.
Confira a Agenda:
Acre
Rio Branco
Alagoas
- Maceió
10h
Praça dos Martírios
- Arapiraca
9h
Praça Luiz Pereira Lima
Amazonas
Manaus
16h
Praça do Congresso
Amapá
Paralisações descentralizadas
Bahia
Salvador
15h
Campo Grande
Ceará
Fortaleza
8h
Praça da Bandeira
Distrito Federal
Brasília
8h
Catedral
Espírito Santo
Vitória
7h
Pracinha das Goiabeiras
Goiás
Goiânia
9h
Centro da Cidade
Maranhão
Sao Luís
Mato Grosso
Cuiabá
16h
Praça do Ipiranga
Mato Grosso do Sul
Paralisações descentralizadas
Minas Gerais
-Belo Horizonte
10h
Praça da Estação
-Uberlândia
16h
Praça Ismene Mendes ( antiga Tubal Vilela)
-Governador Valadares
16h
Praça dos Pioneiros
-Teofilo Otoni
9h
Câmara Municipal
Pará
Belém
9h
Praça da República
Paraíba
João Pessoa
14h
Ministério da Previdência, próximo à Lagoa
Paraná
Curitiba
10h
Praça Tiradentes
Pernambuco
Recife
9h
Praça Oswaldo Cruz
Piauí
Paralisações descentralizadas
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
16h
Candelária
Rio Grande do Norte
Natal
14h
Praça Gentil Ferreira
Rio Grande do Sul
Porto Alegre
18h
Esquina Democrática
Rondônia
Porto Velho
9h
Praça Estrada de Ferro Madeira Mamoré
Roraima
Boa Vista
8h
Assembleia Legislativa
Santa Catarina
Florianópolis
16h
Praça Miramar
São Paulo
-São Paulo
16h
MASP
-Piracicaba
9h
Poupatempo
-São José do Rio Preto
15h
Terminal Central
-Ribeirão Preto
17h
Terminal Dom Pedro II
-Sorocaba
7h
Praça Coronel Fernando Prestes
-Americana
16h
Praça Comendador Muller
Sergipe
Aracaju
14h
Praça General Valadão
Tocantins
Palmas
8h30
Colégio São Francisco
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