Por Altamiro Borges
Este 1º de abril marca os 51 anos do fatídico golpe
civil-militar de 1964. Na época, o imperialismo estadunidense, os
latifundiários e parte da burguesia nativa derrubaram o governo
democraticamente eleito de João Goulart. Naquela época, a imprensa teve papel
destacado nos preparativos do golpe. Na sequência, muitos jornalões continuaram
apoiando a ditadura, as suas torturas e assassinatos. Outros engoliram o seu
próprio veneno, sofrendo censura e perseguições.
Nesta triste data da história brasileira, vale à pena
recordar os editoriais dos jornais burgueses – que clamaram pelo golpe,
aplaudiram a instalação da ditadura militar e elogiaram a sua violência contra
os democratas. No passado, os militares foram acionados para defender os
saqueadores da nação. Hoje, esse papel é desempenhado pela mídia privada, que
continua orquestrando golpes contra a democracia. Daí a importância de
relembrar sempre os seus editorais da época:
O golpismo do jornal O Globo
“Salvos da comunização que celeremente se preparava, os
brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus
inimigos. Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os
setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o
significado das manobras presidenciais”. O Globo, 2 de abril de 1964.
“Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada...,
atendendo aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade e progresso... As Forças
Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a nação na integridade de seus direitos,
livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam
envolvido o Executivo Federal. O Globo, 2 de abril de 1964.
“Ressurge a democracia! Vive a nação dias gloriosos...
Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus
chefes, demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e
a disciplina, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em
arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições. Como dizíamos, no
editorial de anteontem, a legalidade não poderia ter a garantia da subversão, a
ancora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade não seria
legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante
da Nação horrorizada”. O Globo, 4 de abril de 1964.
“A revolução democrática antecedeu em um mês a revolução
comunista”. O Globo, 5 de abril de 1964.
Conluio dos jornais golpistas
“Minas desta vez está conosco... Dentro de poucas horas,
essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de
brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação
jamais se vergará às suas imposições”. O Estado de S.Paulo, 1º de abril de
1964.
“Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo
de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder
dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas. Um dos maiores gatunos que a
história brasileira já registrou, o Sr João Goulart passa outra vez à história,
agora também como um dos grandes covardes que ela já conheceu”. Tribuna da
Imprensa, 2 de abril de 1964.
“Desde ontem se instalou no país a verdadeira legalidade...
Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais
fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está
conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas”. Jornal do Brasil, 1º de
abril de 1964.
“Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do
Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o
Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida,
desordem social e corrupção generalizada”. Jornal do Brasil, 1º de abril de
1964.
“Pontes de Miranda diz que Forças Armadas violaram a
Constituição para poder salvá-la”. Jornal do Brasil, 6 de abril de 1964.
“Multidões em júbilo na Praça da Liberdade. Ovacionados o
governador do estado e chefes militares. O ponto culminante das comemorações
que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela
democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da
Liberdade”. O Estado de Minas, 2 de abril de 1964.
“A população de Copacabana saiu às ruas, em verdadeiro
carnaval, saudando as tropas do Exército. Chuvas de papéis picados caíam das
janelas dos edifícios enquanto o povo dava vazão, nas ruas, ao seu
contentamento”. O Dia, 2 de abril de 1964.
“A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o País
a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais.
Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os
ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o
povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil”. O Povo, 3 de abril de
1964.
“Milhares de pessoas compareceram, ontem, às solenidades que
marcaram a posse do marechal Humberto Castelo Branco na Presidência da
República... O ato de posse do presidente Castelo Branco revestiu-se do mais
alto sentido democrático, tal o apoio que obteve”. Correio Braziliense, 16 de
abril de 1964.
Apoio à ditadura sanguinária
“Um governo sério, responsável, respeitável e com
indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do
desenvolvimento com justiça social – realidade que nenhum brasileiro lúcido
pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama”. Folha de S.Paulo, 22 de
setembro de 1971.
“Vive o País, há nove anos, um desses períodos férteis em
programas e inspirações, graças à transposição do desejo para a vontade de
crescer e afirmar-se. Negue-se tudo a essa revolução brasileira, menos que ela
não moveu o país, com o apoio de todas as classes representativas, numa direção
que já a destaca entre as nações com parcela maior de responsabilidades”.
Jornal do Brasil, 31 de março de 1973.
“Participamos da Revolução de 1964 identificados com os
anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela
radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”.
Editorial de Roberto Marinho, O Globo, 7 de outubro de 1984.
Via - Blog do Miro
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